Felipe Selister
Bruno Pereira
Daniel Gomes
Capitão André Braga
Mauro Zefrer
João Marcos Silva
Isabela Ferrão "Alyssa"
Andre Diógenes
Márcia Ferrão
Alberto Ferrão
Marcos Silva
Van Der Wender
John Wayne
Cristian Del Pierro
Naoshiko Takashi
Jean Paulo Rutan
Júlio Alexsandro
Rodrigo
Júlia
Mateus de Moraes
Robson de Lima
Mattias Mellberg
Rafael Rodrigues
Jorge Caneira
Greg Lewis
Harry Sammerfield
Diretora Dom Feliciano
Agente da Umbrella
Mario Bittencourt
Jack Vandal
Endo Oono

Resident Evil Brasil 3

Posted by CaBeÇa On 20:07:00 0 comentários

Resident Evil
Brasil #3


Era dia 29 de janeiro de 2011, e todos comemoravam com Bruno seu aniversário em sua casa nova em Porto Alegre. Lá estavam Felipe, Daniel, a família e os membros da equipe que sobreviveu junto a eles a armadilha que a Umbrella tramou para cima deles algum tempo antes.
A Umbrella havia se passado por uma empresa chamada Dados, que se dizia uma empresa anti-Umbrella. A boa jogada da empresa lhes colocou em duas equipes de combate formada somente por jovens, e que deveriam levar amostras do T-Vírus e da T-Vacina para a sede da empresa em Manaus, mas o combustível dos helicópteros acabou quando passavam por um vilarejo chamado São Miguel, próximo a Goiânia, mas era uma emboscada da empresa, que na verdade era a Umbrella, e já planejaram que acabasse o combustível dos helicópteros lá, para que as equipes fossem neutralizadas pelos animais zumbis nas fazendas, matas e campos abertos da vila onde eles pousaram. A empresa já havia soltado o vírus naquele local antes mesmo de recrutar eles pra equipe. Nem todos sobreviveram, mas descobriram tudo e encontraram a equipe do Capitão André, que lhes salvou de uma grande quantidade de zumbis.
Mas todos os integrantes que sobreviveram das duas equipes estavam no níver de Bruno. Todos conversavam comendo doces e salgados após os parabéns. Era até meio difícil de crer: todos ali, comendo doces e guloseimas após mais uma vez terem sobrevivido ao T-Vírus. Essa era a primeira vez que eles se viam desde que saíram daquele vilarejo, resgatados por parte da equipe do Capitão André. A única coisa que sabiam falar era sobre a missão que tiveram naquele vilarejo, e Felipe e Daniel falavam sobre o que passaram em Gravataí.
- Pra onde vocês foram depois que tudo acabou ano passado? Depois da equipe do Capitão André aparecer? – perguntou Felipe se dirigindo aos novos amigos.
- Eu fui direto para o meu apartamento no Rio de Janeiro. – disse Isabela, que era mais conhecida como Alyssa, porque era idêntica a personagem Alyssa Ashcroft do game Resident Evil Outbreak. Ela era loira, com uma franjinha num lado da testa. Ela tinha olhos azuis, de altura média, tinha uma voz linda e era muito bondosa, séria e concentrada.
- Rio de Janeiro!? – exclamou Daniel pegando um branquinho e o botando inteiro na boca. – Tá bem, hein!
- É! Meus pais são separados, minha mãe mora lá e meu pai lá em Gravataí. Mas acho que vocês não o conhecem.
- Quando nós saímos de lá eu fui pra casa do Mauro em Florianópolis. – disse João Marcos.
Ele era um negrinho careca muito esperto. João Marcos gostava de ser chamado apenas por João, e estava sempre se gabando de sua inteligência. Mauro e ele eram melhores amigos.
- Eu voltei pra minha casa antiga. – disse Bruno.
- Todo mundo voltou pra casa! – disse Mauro servindo um copo de refrigerante. Ele tinha o cabelo preto meio cumprido até os ombros, até parecia o personagem Lúis Sera do game Resident Evil #4, e era bem extrovertido e engraçado, mas não gostava quando lhe chamavam de Lúis Sera, pois ele dizia que o personagem era muito feio.
- E tu Andre? – perguntou Felipe.
Andre era o mais sério de todos, tinha um cabelo arrepiadinho e preto. Ele teve o nome escrito errado pelos pais quando lhe registraram, e então ele ficou sem o acento no E. É Andre e não André. Ele era um pouco revoltado, irritado, e não gostava muito de conversar, porém adorava fazer piadinhas de mau gosto com qualquer pessoa, adorava debochar das pessoas, mas estava sempre pronto para a ação. Ele era o “malandro” da equipe.
- Eu fui contar para os pais da Karla que ela morreu. – disse ele sério, tirando as palavras da boca dos outros.
Karla era a namorada dele que também estava na equipe que eles formaram para a falsa missão da empresa Dados, mas ela morreu atacada por uma vaca zumbi. Cada vez que o nome de Karla era mencionado, todos se lembravam nitidamente o momento quando a vaca invadiu o local onde eles estavam e atropelou a namorada de Andre, e ele sempre ficava bravo e ainda mais sério sempre que falavam nela, e por isso todos estavam tentando evitar falar na garota. Sem contar, que não era nada agradável ficar se lembrando dos amigos que morreram ao lado deles.
- Bá! Mais isso aqui tá bom hein! – disse Felipe para quebrar o clima pesado enquanto pegava uma quinta fatia de bolo.
- Contem pra nóis como foi à epidemia em Gravataí. – falou João.
- Foi uma coisa muito louca! – disse Daniel sempre com seu jeito engraçado.
- Eu e o Dani saímos pela cidade atrás da mãe dele, e o Bruno só dava informações pra nós pela internet.
- Pois, pois... – disse Bruno servindo mais refri aos amigos.
- Mas como vocês matavam os zumbis? – perguntou Alyssa curiosa olhando diretamente para Bruno.
- Rí, ríiiii... – disse Daniel, antes que Felipe respondesse.
- Primeiro a gente usou uma pá e uma foice. Pode parecer engraçado mas a gente teve que improvisar. Depois fomos a uma delegacia e conseguimos armas.
- E vocês viram agentes da Umbrella? – perguntou Andre sério.
- Sim. – disse Daniel. – Nós fomos capturados por eles, mas fugimos.
- Essa foi a pior parte. – falou Felipe.
- Por quê? – perguntou Alyssa.
- A gente enfrentou um Lycker, e não era qualquer Lycker, era um Réjis Lycker, um Lycker evoluído.
- Mas como vocês mataram ele? – perguntou Mauro com a boca cheia de croquetes e um fiapo de cabelo entrando junto na boca dele.
- Eu o metralhei – disse Daniel – e o Felipe explodiu um carro de um amigo, e daí o bicho morreu.
- Bruno, telefonema pra ti! – gritou sua mãe da outra peça da casa.
Bruno foi atender rapidamente e os outros continuaram conversando.
- E o que aconteceu depois? – perguntou João enquanto limpava o refri que havia derrubado na mesa.
- Depois os agentes da Umbrella apareceram e nós os enfrentamos.
- Como? – perguntaram todos juntos.
- Eu tava com o pé quebrado, e fiquei caído no chão com um facão impedindo que eles se aproximassem, e o Felipe tava batendo neles com golpes de Taekwondo.
- Ô Dani, sabe aquela ferragem onde tu pegou aquele facão? – falou Felipe se virando para Daniel – demoliram e construíram um Mc Donalds.
- Mas aí a equipe do capitão André apareceu e salvou a gente. A mesma equipe que salvou a gente daquela fazenda. – Daniel concluiu a história.
- Nem me lembra daquela fazenda! – exclamou Mauro pegando a última bolacha no pote de bolachas mais próximo na mesa.
Bruno voltou, baixou o volume do rádio, que estava tocando Korn, e disse:
- Sabe quem era?
- Quem? – perguntou Felipe curioso.
- O Capitão André ligou pra me dar feliz aniversário... E disse que nos quer todos na equipe. – completou Bruno triunfante.
Todos se olharam confusos, sem saber o que diziam ou o que pensavam, pois foi tudo muito repentino.
- Isso mesmo! Nós fomos convidados diretamente pelo Capitão André.
- Ele ainda tá na linha? – perguntou Daniel.
- Não. Ele me deu os parabéns, e disse exatamente isso: “vocês todos estão na equipe. Nós entraremos em contato mais tarde.” Foi isso que ele disse. Depois desligou.
- Se ele disse que vai entrar em contato, então vamos esperar, né. – disse Felipe aumentando novamente o volume do rádio.
- Vocês vão querer que eu leve vocês no cinema ou não? – perguntou Gilberto, o pai de Bruno chegando interrompendo a conversa, e baixando o volume do rádio novamente.
Eles haviam combinado ir ao cinema ver o filme Resident Evil Afterlife. Era a melhor escolha para eles, e tiveram a sorte de o filme estar nos cinemas na semana do aniversário de Bruno.
O pai de Bruno lhes levou ao cinema do shopping Praia de Belas em Porto Alegre.
- Daqui duas horas eu busco vocês. Cuidem-se... E não façam nada de errado. Tchau. – disse o pai de Bruno ao largar todos no shopping.
Eles compraram os ingressos para o filme, e entraram para pegar lugar, pois estava lotado, mas ainda faltavam uns vinte minutos para o inicio do filme. Já passavam das oito da noite.
- Tô louco pra ver como vai ser. – exclamou Felipe.
- Eu também! Quero ver os clones da Alice. – disse Daniel.
- Tô louco pra ver os personagens novos. – concluiu Bruno.
Andre permanecia quieto, Alyssa havia ido buscar as pipocas, Mauro e João conversavam sobre alguma coisa engraçada, pois eles não paravam de rir. Não paravam de entrar pessoas naquele cinema, e por último entrou Alyssa com as pipocas.
Mas enquanto ela descia as escadas até onde eles estavam uma pessoa se levantou de um banco e esbarrou violentamente nela, e caiu no chão passando mal. As pipocas caíram todas. Muitas pessoas foram acudir aquela pessoa. Era um homem bem vestido, que estava realmente mal. Alyssa olhou para os amigos com olhos de medo. Todos se levantaram e correram até Alyssa e o monte de pessoas olhando o homem. Somente pelo olhar de Alyssa eles já perceberam o que ela estava querendo dizer: T-Vírus.
- De novo não! – exclamou Mauro puxando seus próprios cabelos cumpridos.
Todos tinham esperanças de que não fosse nenhum zumbi. Bom, talvez eles estivessem ficando lunáticos com isso. Agora qualquer pessoa que passa mal eles pensam que é um infectado...
Outro homem se aproximou dizendo que era médico, deu uma olhada no homem que já não se mexia mais. Vários curiosos já se aproximavam se empurrando uns por cima dos outros, se espremendo para ver o que estava acontecendo, e vários já comentavam muitas coisas.
- Tarde demais. Ele faleceu. Esta sem batimentos. – disse o médico após botar a mão no pescoço suado do homem.
Nisso os seguranças do shopping entraram para ver o que estava acontecendo, e então às esperanças acabaram quando o homem morto mexeu a cabeça para o lado e mordeu a perna do doutor como se fosse uma saborosa fruta recém caída da árvore.
- Eu não acredito! – disse Daniel, e Bruno concordou.
A confusão se iniciou, e todos começaram a correr além dos que tentavam ajudar o médico, que gritava de dor e medo. Muitos gritavam:
- “Assassino canibal!” – enquanto corriam.
- O que a gente faz agora? – perguntou Andre.
- Vamos correr e sair desse lugar! – respondeu Bruno.
A correria fora do cinema também estava bem grande. Mais um monte de pessoas já haviam sido infectadas, mas nenhuma daquelas pessoas havia visto o que realmente era o T-Vírus, nenhuma daquelas pessoas sabia como agir num momento daqueles.
Era até meio difícil de dizer, mas com certeza os sete eram os mais experientes naquele tipo de situação. Como todas as outras pessoas, eles saíram para os corredores do shopping procurando alguma saída. Era muita confusão! De novo com eles! E num shopping!
- Que coincidência! – disse Mauro – Aparecer zumbis logo no cinema que a gente vem olhar Resident!
- A Umbrella deve ter largado aquele homem infectado aqui! Aqueles desgraçados filhos da put...
- Calma Dani! – disse Felipe – A gente tem que se acalmar e achar a saída. Devem ter mais zumbis por aí.
- As saídas tão trancadas! – Gritou João Marcos que até então estava quieto só ouvindo os amigos falarem.
- Ali! – gritou Alyssa apontando para uma loja de ferragem do shopping, onde ela entrou e saiu com armas primitivas para os amigos. – Foi bom terem falado daquela ferragem onde vocês acharam o facão em Gravataí! Me deu essa idéia! – disse ela sorrindo.
Ela entregou a João um facão e outro a Mauro. Ela ficou com uma faca de pescaria bem grande, entregou a Andre um cano de ferro, e a Bruno deu outra faca. Felipe e Daniel receberam espetos de churrasco.
- Hum! Gostei!
As pessoas corriam desesperadas se batendo umas nas outras, e o número de zumbis era cada vez maior. Eles podiam ver zumbis mordendo as pessoas a poucos metros deles. Era apavorante, principalmente pela falta de espaço que se tornaram os corredores do shopping com tantas pessoas tentando correr para todos os lados.
Eles começaram a correr todos juntos, procurando uma saída. Era impressionante como a quantidade de zumbis aumentava a cada segundo.
- E o filme? Droga! – brincou Daniel.
- Têm vários ali! – gritou Alyssa.
Todos olharam para onde ela estava apontando, que eram os elevadores. Havia muitos zumbis juntos. Era uma sensação horrível ver mais uma vez as pessoas que um dia foram normais transformadas em mortos-vivos, com mordidas pelo corpo sangrando, fedendo como comida podre, gemendo como retardados e andando lentamente contra eles como se eles fossem um suculento churrasco.
- Vamos descer pelas escadas. – disse Daniel.
Todos se viraram e correram até as escadas, mas quando se aproximaram delas, viram que a escada estava lotada de zumbis, e os corredores já estavam cheios deles. O grande shopping já fedia como carniça por causa dos zumbis e do sangue, e eles não conseguiam mais distinguir na multidão quem era zumbi e quem não era.
- Merda! Vocês vão morrer seus desgraçados! – gritou Andre apontando o cano aos zumbis com raiva, como se fosse uma arma.
- A gente já passou por isso antes! – disse Felipe olhando para Daniel.
- Tu tá querendo dizer àquela armadilha que a Umbrella fez pra nós pra nos capturarem lá no Centro Cultural antes do Lycker em Gravataí?
- Isso!
- Talvez pode ser, mas de repente não é!
- Acho que não é uma boa hora pra conversa! – exclamou Mauro.
Eram muitos zumbis!
Eles começaram a partir para cima dos zumbis sem pensar duas vezes, já que não poderiam correr sem serem agarrados por grandes dezenas de zumbis. Alyssa e Bruno começaram cravando suas facas nos zumbis, Andre batia fortemente com o cano na cabeça deles, Mauro e João batiam com os facões nos zumbis, e respingava muito sangue, e os zumbis caiam mortos de vez. Felipe e Daniel cravavam os espetos na barriga dos zumbis como se fossem espadas muito afiadas, mas até que adiantava.
Eles já estavam com as mãos cheias de sangue, de tanto bater nos zumbis, quando se depararam com mais uns cinqüenta zumbis saindo de dentro de uma loja de roupas.
- De onde saíram tantos ao mesmo tempo? – Gritou Bruno.
- Tá ficando difícil! – exclamou Felipe.
Dezenas de zumbis já estavam caídos em volta dos sete, e cada vez mais zumbis se aproximavam. Mulheres, homens, trabalhadores, mas então aquele médico que tentou ajudar o homem no cinema se aproximou por trás de Andre, e então mordeu o braço de Andre, que gemeu de dor como o zumbi, e todos se voltaram para ele.
Felipe deu uma voadeira no zumbi e assim ele soltou o braço de Andre. Andre, com o braço rasgado da mordida do zumbi, gritou com raiva e deu uma batida com o cano na cabeça do zumbi, que caiu um metro e meio adiante, morto.
- Tá bem? – perguntou Daniel.
- Tô! – respondeu ele rapidamente se voltando novamente aos zumbis, com raiva.
- A gente tá cercado! – gritou Bruno.
Todos os grandes corredores do shopping estavam fechados de zumbis, e não havia espaço para eles correrem. Mauro e João eram os que mais matavam rapidamente os zumbis, pois estavam com facões, mas os zumbis se multiplicavam a cada minuto.
- São muitos! – gritou Alyssa.
Eles já estavam cansados, e já sem saber o que fazer com tantos mortos-vivos se aproximando lentamente, outros um pouco mais rápido. Eram muitos! Eles não conseguiriam correr, e a única coisa que podiam fazer era tentar impedir que se aproximassem.
E pra piorar, Andre havia sido mordido. O que poderia acontecer? Aonde eles conseguiriam amostras do antivírus para Andre? Tudo estava perdido...
- Uma hora tem que acabar! – gritou Felipe confiante após furar outro zumbi com seu espeto. Ele era muito otimista.
- Eu acho que não vai acabar nunca! – exclamou Daniel contradizendo seu amigo Felipe.
Bruno e Alyssa estavam um ao lado do outro esfaqueando os zumbis, e um defendendo o outro. Algumas vezes Bruno se arriscou a dar algum soco nos zumbis e Alyssa sutilmente torcia o pescoço deles. Mauro e João continuavam cortando seriamente os zumbis com seus facões. A cada pancada que eles acertavam nos zumbis respingava muito sangue pelo chão e nas roupas deles. Andre estava batendo na cara dos zumbis tão rápido com aquele cano que até os dentes os zumbis deviam ter perdido. Ele gritava de raiva e batia nos zumbis sem dó, principalmente quando eles não morriam apenas com uma pancada. Felipe atravessava o espeto de churrasco nos zumbis, ou batia nas pernas deles com o espeto para que caíssem de joelhos e depois lhes golpeava na cara com seus chutes de Taekwondo, e depois Daniel fazia o resto enquanto estavam no chão.
Mas mesmo com toda a habilidade deles, eram muitos zumbis, e pareciam ter mais a cada segundo. Eram muitos!
- Merda! – exclamou Bruno, pois já eram tantos zumbis que eles tinham pouco espaço para se movimentar, e em pouco tempo eles também seriam mordidos.
Parecia que a cada zumbi que era eliminado pelos sete, apareciam mais dois. O som dos zumbis gemendo em volta deles já era mais alto que a gritaria na rua, e isso era, talvez, o que mais dava tensão aquele momento, fora a fedentina que estava aquele lugar. Talvez eles nunca tivessem percebido que os zumbis fediam tanto porque tudo sempre aconteceu em locais abertos, mas o shopping já estava totalmente tomado por eles. Andre continuava agüentando a dor no braço, que sangrava demais.
De repente uma parede de uma loja perto deles explodiu matando muitos zumbis, e eles caíram todos no chão, com arranhões e machucados pela explosão.
- Quê isso? – perguntou Bruno procurando sua faca com os óculos quebrados.
E do meio das chamas da explosão saiu à resposta a pergunta de Bruno. Vários homens vestidos de preto com máscaras de gás, equipamento de guerra, e todos armados. Não eram agentes da Umbrella, nem policiais – eram agentes da equipe do Capitão André, novamente salvando eles!
Mas ele não estava ali. Antes que os sete pudessem se levantar, vários agentes fizeram um círculo em volta deles, e começaram a jogar longe os zumbis que restaram da explosão com disparos de Shotgun. Vários zumbis eram mortos de uma vez. Todos estavam equipados com Shotguns.
- Heavy Metal!
Fazia tempo que eles não ouviam tiros, ainda mais em zumbis. Um dos homens fez sinal para que todos se levantassem, e então eles começaram a seguir pelas escadas, abrindo o caminho com as Shotgun. Os sete seguiam sendo escoltados pelos homens de preto, que em vez de descer as escadas, subiram até o terraço do shopping matando muitos zumbis, onde eles se depararam com um helicóptero, que já estava pronto para decolar. Durante todo o trajeto os sete somente observaram e não falaram nada. Tudo acontecia muito rápido.
- Entrem logo! – disse o Capitão André surgindo de trás do helicóptero.
Todos entraram rapidamente e se sentaram no helicóptero junto ao Capitão André e Marcos, que era o piloto – o mesmo que dirigia o caminhão da equipe em Gravataí quando Daniel e Felipe conheceram a equipe. Os sete estavam completamente sujos e machucados pela explosão e sangue dos zumbis, além de Andre estar infectado, e de Bruno estar com os óculos quebrados, mas eles estavam muito felizes por terem sido salvos da morte novamente.
Os combatentes da equipe entraram em um segundo helicóptero que também decolou. Finalmente aquela tensão acabou.
- Vamos sair daqui antes que a polícia chegue. – disse o Capitão André com a maior calma do mundo.
Ele estava com a mesma aparência de dois anos antes quando conheceu Felipe e Daniel. A cara bem grande, careca, fortes sobrancelhas e uma barbicha preta em volta da boca e no queixo.
Nenhum deles disse uma palavra se quer, e todos observavam o Capitão André com curiosidade. Ali apenas Daniel, Felipe e Bruno conheciam o capitão. Os outros não chegaram a conhecê-lo em Goiás.
Ele olhou para Andre, que estava com a mão sobre o ferimento no braço.
- Vejo que você está infectado, soldado. – disse o Capitão André pegando uma maleta de onde tirou uma amostra do antivírus para usar em Andre. Era até estranho, pois tudo estava parecendo cair do céu para eles: primeiro Alyssa encontra “armas” para eles; depois os agentes da equipe aparecem e lhes salvam; depois a cura...
- É! Pensei que desta vez eu viraria um daqueles monstros chupadores de sangue!
O capitão injetou o antivírus em Andre e disse:
- Quando chegarmos à base Marcos fará curativos em seu braço, ok?
- Onde é a base? – perguntou Bruno curioso.
- Há, há... Nós nos hospedamos por hoje na sua rua, portanto, a base é na frente da sua casa soldado Bruno.
- Como assim? – perguntou Bruno espantado.
- Me deixem explicar, não façam tantas perguntas de uma vez só. É o seguinte: a Umbrella decidiu dissipar o T-Vírus em todas as capitais brasileiras. Após o agente deles que trabalhava na Capcom ter sido pego, eles parecem ter ficado irritados e querem se vingar, apesar de terem recuperado ele, e além disso, acho que eles querem se vingar de vocês por tudo que vocês fizeram desde que nos conhecemos.
- Mas de onde saíram tantos zumbis de uma hora para outra naquele shopping? – perguntou Alyssa.
- Eu já disse que a Umbrella dissipou o T-Vírus em todas capitais brasileiras. Mas desta vez não foi com amostras falsas de vacinas para gripe nem com aviões de lavouras, desta vez eles largaram pessoas já infectadas nas cidades há poucas horas atrás.
- Então quer dizer que toda cidade já tá como o shopping? – perguntou Felipe esperando uma boa resposta.
- Positivo. Mas não se preocupem com a família de vocês que estavam na casa do soldado Bruno, pois todos estão a salvo. Há um batalhão da minha equipe que interditou a Rua de Bruno, e todos que estão naquela rua estão completamente seguros. Bom, acho que devemos nos apresentar direito. Eu sou o Capitão desta equipe, e me chamo André Braga, e lidero esta equipe que se chama FEAU. Finalmente encontrei um nome bom para a equipe. Apresentem-se soldados.
Bruno, Felipe e Daniel não falaram nada, pois o Capitão André já os conhecia muito bem, e ele parecia, apesar de manter a aparência de durão, estar bem contente em rever os três. Então Mauro começou:
- Meu nome é Mauro, e fui um dos sobreviventes do ataque aquela fazenda ano passado em Goiás. Posso dizer uma coisa? Eu achei que esse capitão fosse maior.
Ao ouvir isso, o capitão olhou para o garoto com um olhar diferente, e Mauro logo percebeu que sua piada não caiu muito bem para a ocasião e desviou o olhar para a noite escura e ventosa.
- Eu sou a Isabela, mas pode me chamar de Alyssa, e agradeço por ter mandado sua equipe nos salvar lá naquela fazenda em Goiás. Se não fosse você André, não sei o que teria nos acontecido.
- André não. Prefiro que me chamem de Capitão André, se não for pedir demais. Prossigam.
- Me chamo João Marcos, mas prefiro que me chamem só de João. Eu tô louco pra tomar banho, vamos demorar pra chegar?
- Eu sou Andre. – interrompeu o garoto do nome errado.
- Você quer dizer André? Hum... Um xará... – falou o capitão.
- Não! É Andre mesmo. – respondeu ele sério com a mão sobre a mordida. – minha mãe esqueceu o acento no E quando me registrou.
- Então você tem o nome errado? Há, há... Mas prossigamos. Este aqui é o Marcos. – disse o capitão apontando para o piloto, que fez um sinal de cumprimento com a mão. – Acho que chegamos.
Marcos tinha uma barba cerrada, não era muito forte, tinha uma cara séria, com sobrancelhas compridas, e cabelo preto e baixo. Seu cabelo era parecido com o de Felipe quando não estava bagunçado, ou amassado por usar boné.
- Mas e sobre nos querer na equipe? – perguntou Daniel ansioso.
- Disso nós falamos depois, vocês precisam descansar, e Bruno, feliz aniversário.
- Esse tá sendo o melhor níver da minha vida. – brincou Bruno enquanto desciam do helicóptero em frente a sua casa. Eles não viam à hora de descer do helicóptero, pois da última vez que entraram num helicóptero acabaram caindo numa floresta cheia de zumbis.
A rua estava fechada por agentes da equipe do Capitão André, e havia muitas pessoas fora de suas casas fazendo perguntas aos agentes, além de várias barracas montadas no meio da rua, que estava com caminhões da equipe em todas as esquinas.
Todos eles entraram junto do Capitão André na casa de Bruno, exceto Andre que ficou fazendo curativos com Marcos em uma das barracas.
Após algumas horas de paparicas da família de Daniel, Bruno e Felipe, e depois de um bom banho para cada um, todos foram se preparar para dormir. Foi um dia perigoso e tenso.
- Amanhã conversaremos melhor soldados. – disse o Capitão André, sempre mantendo a postura e se referindo a eles como “soldados”.
Apenas Daniel e Felipe dormiram no quarto de Bruno, e os outros espalhados pelo resto da casa. Mauro roncava como um porco. João se tapou completamente até a cabeça, apesar de todo o calor que estava. Alyssa dormia leve como um bebê. Andre passou a maior parte da noite se remexendo de um lado para o outro, não conseguindo dormir com dor no ferimento.
Felipe não conseguia dormir direito, pois desta vez eles tinham eliminado muitos zumbis, e aqueles zumbis lhes cercando não lhe saia da cabeça. Lembrar dos golpes e ferimentos que eles causavam nos zumbis era horrível. Bruno parecia estar muito ansioso para que chegasse o outro dia, e Daniel cantarolava seus rocks.
- Vocês tão acreditando? – perguntou Felipe baixinho.
- Acreditando no quê?
- Como no quê Bruno? Em ele querer a gente na equipe!
- É uma coisa de louco! – disse Daniel com voz alta, e Felipe e Bruno fizeram sinal para ele falar mais baixo, pois os outros estavam dormindo.
- O que será que vai acontecer? Com a cidade?
- Sei lá! Mas espero que a gente não tenha que passar de novo pelo que nós passamos em Gravataí.
Pela manhã, todos já de pé, apenas Daniel dormia como uma pedra, imóvel, e todos estavam lhe esperando para falar com o capitão. A casa estava sendo rigorosamente vigiada por agentes da equipe anti-Umbrella. Após Daniel se levantar, todos foram até uma das barracas na rua para conversar com o Capitão André. De vez em quando se ouvia algum tiro sendo disparado a algum zumbi que aparecia.
- Bom ver vocês, soldados, e senhorita.
Todos se sentaram em cadeiras bem na frente do capitão, que andava de um lado para o outro enquanto falava:
- Eu sei muito bem sobre tudo que aconteceu com vocês em Goiás, pela emboscada que a Dados tramou para vocês. A Umbrella está querendo pegar vocês, principalmente Daniel, Felipe e Bruno por terem mostrado ao mundo que a Umbrella realmente existe.
- Aonde você tava capitão, quando fomos salvos pela sua equipe lá naquele lugar horrível em Goiás? – perguntou Bruno.
- Eu estava com o batalhão que capturou o agente da Umbrella que trabalhava na Capcom, e o largamos para a policia, e então fugimos. Acho que vocês já devem saber que a Capcom foi inocentada. Mas infelizmente a Umbrella recuperou o desgraçado. O FBI está atrás daquele homem. E logo depois de fugirmos do local onde capturamos o desgraçado, fomos a Ásia, pois um lugar havia sido tomado pelo T-Vírus. Foi uma tragédia o que aconteceu lá.
- Capitão, por que você sempre foge com a equipe antes da policia e a mídia chegar? – perguntou Daniel após bocejar de sono e finalmente perguntar alguma coisa séria e interessante.
- Eu não gosto muito de aparecer em público, porque a mídia muda muito a história, e isso também pode servir para a Umbrella saber mais sobre nós. E nós não seguimos a lei, podemos arranjar problemas com o governo por andarmos carregando armas que não são registradas, e eles podem se perguntar sobre de onde tiramos helicópteros, e essas coisas.
- E quem lhes fornece todas essas coisas? – perguntou Alyssa.
- Depois vocês vão saber tudo isso. Eu já falei com as famílias de vocês, e digo vocês todos, inclusive os que são de longe. Antes de vir aqui, fui à casa de todos vocês, e os convenci a deixarem vocês participarem da equipe, agora falta vocês aceitarem.
- Claro que sim! – disse Mauro. – Tópo, porque não?
- É nóis! – Daniel continuou.
- Sim. – disse Alyssa sorridente.
- Vamos cair pra dentro! – disse João coçando a careca.
- Positivo. – falou Bruno imitando o capitão e dando uma risada de felicidade.
- Claro senhor! – disse Andre, pronto pro serviço.
- Entón tá! – terminou Felipe.
- Então, bem vindos a FEAU... Soldados. – completou o Capitão André.
- Este é o nome da equipe?
- Positivo. Finalmente consegui um nome que não parece com coisa de filme. Significa “Forças Especiais anti-Umbrella”.
- E o que faremos?
- Bem, todas as capitais estão sendo atacadas de acordo com as nossas informações, portanto, vocês serão levados a uma de nossas bases, para um treinamento básico. Eu sei que todos aqui têm certa experiência com tudo isso, mas vocês não podem entrar na equipe assim, sem passar por tudo que todos os outros agentes já admitidos passaram. Eu preciso saber como está à situação nas outras capitais. Batalhões serão espalhados por todas as capitais. Metade eu já passei, e já tem batalhões em algumas capitais, como Florianópolis, por exemplo, mas preciso ver o resto. Pretendo voltar em poucos dias. Enquanto isso, vocês treinarão. Como Marcos é o subchefe do meu batalhão, ele irá comigo, mas Wender cuidará de vocês e lhes levará a base de Gramado, que é a mais próxima.
Ao ouvir isso, todos se lembraram do capitão Van Der Wender, aquele holandês que salvou eles de todo caos em Goiás, após descobrirem que foram enganados pela Dados. Todos se despediram dos familiares ali presentes, e em um helicóptero partiram para a base em Gramado. Porto Alegre estava tomada pela epidemia como Gravataí esteve em 2009. Tudo destruído, e o T-Vírus tomando conta de tudo.
Ao chegar a Gramado, foram diretamente a base, que se localizava em um morro da cidade, numa zona aonde não ia ninguém. Chegando a base, eles foram conhecer o lugar. Van Der Wender veio vê-los e guiá-los. Ele estava com seus cabelos ruivos e holandeses arrepiados, como um gato quando está com medo.
Após cumprimentar todos, ele os levou a todos os lugares da base. Era um prédio de dois andares bem discreto, cheio de salas fechadas. Ele mostrou onde eram as salas de reuniões, os quartos, refeitórios, salas de tiro, e outras que estavam fechadas e guardavam outras coisas.
Já era quase noite, quando eles foram para uma sala de reuniões com Van Der Wender e alguns outros agentes. Logo depois de pegar uma garrafa d’água ele começou a falar com seu forte sotaque:
- A equipe é dividida em vários batalhões, para que cada um possa estar em lugares diferentes. O capitão da FEAU, que são todos os batalhões juntos, é o Capitão André Braga, que é também o capitão do batalhão #1, e o subchefe é Marcos Silva. Todos os batalhões tem um capitão e um subchefe. Eu sou o capitão do batalhão #2. Os subchefes são responsáveis pela comunicação da equipe, é o subchefe que carrega munições e antivírus nas missões, ou seja, quase todas as tarefas para o bem do batalhão são feitas pelo chefe ou capitão do batalhão. Ao todo, a equipe tem vinte e quatro batalhões. Cada batalhão tem cerca de agentes, pra mais. As sedes da FEAU são espalhadas por todo Brasil e América do Sul. Pretendemos espalhar nossas bases pelo mundo todo e recrutar mais pessoas para a equipe, e criar mais batalhões. Quanto mais gente nos ajudando contra a Umbrella, melhor será. Além dos batalhões, há os agentes neutros, que são os que ficam nas bases controlando tudo pelo lado de fora das missões. Eles são responsáveis pela comunicação entre os batalhões e agentes. E também temos agentes secretos que agem para obter informações sobre a Umbrella, e qualquer tipo de informação. Estes estão espalhados pelo mundo inteiro. Todos os agentes têm algum parente que esteve em alguma cidade infectada, alguns poucos foram sobreviventes como vocês, outros são amigos de alguns da equipe, e acreditam que a Umbrella existe e querem ferrar com a Umbrella, já que o governo não faz nada. Perguntas?
- Quem fornece tudo isso? – perguntou Felipe.
- Como conseguem armas, munição, veículos? – perguntou Andre continuando a pergunta de Felipe.
- E quem faz com que essas bases não sejam descobertas pelo governo? – Bruno fez a última pergunta.
- As bases são na verdade registradas apenas como residências, apenas casas. Quem fornece dinheiro para construir as bases, comprar os veículos e essas coisas, sou eu e a maioria dos agentes. Eu tenho bastante dinheiro que recebi de meus ancestrais em um banco na Holanda, minha terra, e com a ajuda de todas as pessoas que trabalham pra FEAU, fica fácil. Quanto às armas e munições, são os nossos correspondentes nos Estados Unidos que fornecem. Outra coisa que me esqueci de falar, são sobre os membros da equipe. Há aqui gente de todo o mundo, Europa, América, alguns da Austrália, da Ásia e da África, Estados Unidos, praticamente todo o mundo. A maioria sabe falar português, como eu, mas alguns ainda estão aprendendo. Há uns dois mil agentes se contarmos todos agentes de todos os batalhões e os secretos, e os que estão em outro lugar no mundo fornecendo os equipamentos. Uns vinte devem ser daqui do Brasil. E todos, absolutamente todos, guardam sigilo sobre isto tudo, FEAU é apenas um sonho para eles. Vocês devem prometer não comentar com ninguém sobre esta equipe.
Pelo resto daquele dia, eles passaram ouvindo essas coisas, aprendendo sobre a equipe, recebendo as táticas usadas nas missões, etc. Todos estavam muito ansiosos para saber como seria depois que estivessem oficialmente em algum batalhão e depois que o Capitão André chegasse de volta. E como estaria o país? Como estariam as cidades atacadas pela Umbrella? Por qual razão a Umbrella causava epidemias nas cidades? E por que no Brasil?
Quando acordaram no segundo dia de treinamento, foram levados direto para outra sala com mesas e cadeiras, aonde Van Der Wender lhes apresentou um agente neutro, um agente que não entra em ação nas missões, mas dá ajuda a equipe direto das bases.
- Este é Cristian Del Pierro, especialista em virologia e biólogo.
- Como estão? – disse ele, com sua voz fina olhando na cara de cada um dos sete.
Ele era baixinho, tinha os cabelos um pouco cumpridos como os de Mauro, e estava vestindo a camisa do time de futebol Mílan, da Itália.
- Eu sou Cristian, ou Cris, como preferirem. – disse ele entrelaçando os dedos – Sou italiano, como podem ver, mas vou falar em Português já que vocês são todos brasileiros. Por onde devo começar?
- Pelo começo, baixinho! – murmurou Andre, sempre debochado, mas o italiano pareceu não ouvir nada.
- Devo lhes dizer que sou surdo do ouvido esquerdo, então quando quiserem falar comigo, falem do meu lado direito.
Ao ouvir isso, Andre e Daniel deram umas risadinhas, mas Alyssa lhes fez parar. Mauro estava quase dormindo, e os outros estavam muito atentos ao que o italiano tinha a dizer.
- O T-Vírus revive as células mortas e causa uma mutação, transformando a pessoa em um morto-vivo. O T ou Tyrant Vírus afeta um dos nervos da coluna da pessoa, e esse é o motivo de os zumbis serem tão desajeitados e lentos. Nos animais isso não acontece, pois o vírus se espalha tão rápido pelo corpo dos animais, que eles acabam continuando do mesmo jeito. Os animais geralmente ficam em carne viva, pois o T-Vírus afeta mais a células da pele dos animais do que a coluna, como os seres humanos. Depois de infectada, a pessoa perde todas as memórias e inteligências a cada segundo. O cérebro morre, mas o corpo continua tentando se alimentar. A única necessidade que os zumbis tem é a mais básica, a necessidade de se alimentar, mas não de qualquer coisa, apenas de carne. Logo após a infecção, o corpo da pessoa entra imediatamente em deterioração química, traduzindo, a pessoa começa a apodrecer e isso causa o mau cheiro que os zumbis têm como fruta podre. Ele pode ser transmitido pelo ar, que até não é tão perigoso, afetando apenas as plantas, a não ser que seja uma grande quantidade de T-Vírus no ar sem muito oxigênio, então a pessoa poderá se infectar apenas por estar em local fechado junto a algum infectado. Se infectada pelo ar, a pessoa poderá sentir muita coceira em todo o corpo, aumentando a cada momento, enquanto o T se espalha pelo corpo da pessoa. Isso também é por causa da deterioração das células de todo o corpo da pessoa. E também se transmite através da saliva ou ferimentos. Se a pessoa for mordida, a saliva transmitirá o Tyrant Vírus para todo o corpo da pessoa rapidamente. Se a pessoa apenas for arranhada pelos infectados, é possível que a pessoa fique infectada, mas se ficar infectada, o vírus levará mais tempo para se espalhar pelo corpo da pessoa. Quando infectada, a pessoa leva em média duas a três horas para se tornar um zumbi, porém, se a pessoa for mordida por vários infectados ao mesmo tempo, levar uma mordida muito forte na região perto da cabeça como por exemplo o pescoço, e dependendo também do organismo da pessoa, podem levar poucos minutos para a pessoa se tornar um zumbi, ou dependendo também do organismo de cada um, pode levar minutos, horas, talvez dias, depende de cada um. Outro modo de se infectar é pelo contato direto ao vírus. Se a pessoa tocar em algo onde o vírus está localizado, e coçar o olho, ou levar as mãos a boca ou o nariz, isso poderá ser útil para infectar. Logo que infectada, a pessoa começa a sentir dores internas, pois os órgãos estão parando de funcionar. A única coisa que sentem é fome! Há, há! – ele riu, achando engraçadas as coisas que ele mesmo dizia. – Continuando, os zumbis não sentem mais o corpo, pois todos os órgãos estão mortos, então o único ponto vulnerável é o cérebro, que é onde menos fica T-Vírus concentrado. E o único ponto da coluna que continua sem efeitos totais do vírus, é do pescoço até o crânio, portanto, o modo mais fácil de matar um zumbi é quebrando o seu pescoço, ou afetando o cérebro, ou seja, com uma grande pancada ou atirando na cabeça deles! – ao dizer isso, o engraçado Cristian fez como se estivesse destravando uma Shotgun e olhou para todos com uma cara de “O Matador”.
Por falta de ar no corpo dos zumbis, já que os pulmões param de funcionar, - ele continuou – eles ficam com a pele esbranquiçada de tão seca, e pode rasgar facilmente, deixando os zumbis ensangüentados todo o tempo. Por não controlar totalmente os seus sentidos, os zumbis podem se babar o tempo todo e mexer os dedos e os lábios de forma estranha. Como não sentem nada em todo o corpo, mesmo que fraturem alguma parte do corpo, peguem fogo ou até mesmo levem disparos de armas de fogo, eles continuam de pé em busca de comida. Caso algo afiado lhes atravesse a barriga, há chances de eles morrerem, pois perdem tanto sangue, que acabam perdendo também o vírus, e o corpo morre novamente. Mesmo que eles não se alimentem nunca, o T-Vírus pode lhes deixar andando por aí sem alma durante décadas, infelizmente. Deixem-me respirar... – e ficou quieto durante uns dez segundos. – Eu falei que os zumbis perdem a sensação de qualquer tipo de dor no corpo, mas mesmo assim, eles são capazes de caminhar, e fazer algum movimento com os braços. Agora vamos falar dos animais. Qualquer animal pode se infectar com o T-Vírus, e os animais se infectam mais facilmente pelo ar. Qualquer animal infectado pelo T-Vírus, continua com todos seus sentidos, e se torna agressivo e sem medo de predadores. Os insetos como moscas, abelhas e mosquitos crescem de tamanho incrivelmente, e podem ser muito perigosos, já que não é tão fácil acertar um tiro em uma mosca. – nisso Mauro começou a cochilar. – Acho que vocês sabem o que são BOWs. Significa “Bio-Orghanic Weapons”, ou seja, Armas Biológicas ou Bio-orgânicas. Relacionados aos animais, há os Hunters, que são monstros criados pela Umbrella. Eles injetaram muitas amostras de T-Vírus em um sapo ou lagarto vivo e DNA humano, e isso causou uma mutação incrível, deixando um sapo com o tamanho de um ser humano, com movimentos de sapo, porém anda em pé como pessoa, e com toda a força do T-Vírus, e até seu cérebro agüenta uns tiros. A única forma de eliminá-los é mandando muita bala. Eles podem dar pulos de até oito metros. Hunters significa “caçadores”, porque eles encontram sua presa pelo olfato. Eles podem sentir o cheiro de comida viva a uma distância muito grande. Em todas as missões que já tivemos, ainda não enfrentamos nenhum, mas achamos que existem sim, por que, de onde será que eles tirariam a idéia dos Hunters para os games Resident Evil? Além dos Hunters lagartos ou sapos, também há espécies de Hunters camaleões, ou outros animais de espécies semelhantes. Há também os Chimeras, que são mosquitos com uma grande quantidade de amostras do vírus injetado neles, e crescem para o tamanho de uma vaca, e são até mais fortes do que Hunters. Apenas o nosso querido Capitão André já viu estes monstros, quando foi sobrevivente da epidemia em Ostia, lá minha querida Itália, e depois disso ele criou esta organização anti-Umbrella. Em relação aos zumbis, há os Crisonheads, que são zumbis evoluídos e podem ser considerados BOWs. Após muito tempo infectados, ou se alimentando demais de seres humanos, ou levando muitos tiros no corpo, após um tempo eles sofrem esta mutação. Eles começam a produzir T-Vírus dentro do corpo, e liberam cuspindo um jato de vírus, que pode ser muito perigoso, pois pode infectar alguém facilmente e causar ferimentos no corpo da pessoa. Depois disso, a pele começa a desmanchar, e eles ficam apenas um esqueleto e músculos, porém o nervo da coluna que foi afetado pelo vírus anteriormente é restabelecido parcialmente, e eles ficam um pouco mais rápidos e fortes. Além disso, seus dentes crescem, prometendo uma mordida muito mais forte e crescem garras afiadas no lugar das unhas, podendo infectar só com uma pancada. Se após mais um tempo esses Crisonheads alimentarem-se demais, ou agüentarem muito tempo sem serem mortos, eles sofrem mais uma mutação, e se transformam em outra BOW: os Lyckers. Os Lyckers também podem ser criados pela Umbrella para chegarem a esse nível da infecção mais rapidamente. Eles criam músculos como um leão, e passam a andar deitados como um leão mesmo, e ganham habilidades parecidas com os Hunters. Como eles não tem pele, eles são todo cor-de-rosa, que na verdade são seus músculos em carne-viva, sangrando o tempo todo. Eu costumo os chamar de “homens do avesso”.  – e riu-se do que ele mesmo estava falando. – Seu cérebro cresce tanto que sai e fica exposto na cabeça e tapa os olhos. Por causa disso os Lyckers são cegos, ou alguns tem um pouco de visão ainda, mas uma visão avermelhada muito fraca. Os Lyckers podem caminhar nas paredes ou no teto, e tem uma língua cumprida que pode agarrar alguém ou infectar com uma batida. Mas os Lyckers tem a desvantagem de que se não se alimentarem nunca ou quase nada, podem morrer, e em compensação, se eles se alimentarem muito, os Lyckers evoluem para outra forma mais forte e poderosa. Ele se tornará um Réjis Lycker se ele se alimentar muito. Um Réjis Lycker, já conhecido apenas por dois de vocês – disse olhando para Felipe e Daniel – é mais magro, porém tem uma língua mais cumprida e ele é mais rápido e pode agüentar muito mais que alguns tiros.
- Nem me lembra disso! – disse Daniel acariciando o próprio pé, lembrando de quando o quebrou na batalha contra o Réjis Lycker.
O homem continuou:
- Quase me esqueço dos Glimers! Glimers são sapos infectados pelo T-Vírus em uma quantidade menor que os Hunters, e sem DNA humano, então eles até crescem, e ficam do tamanho de um cachorro, mas não andam em pé como os Hunters. Eles continuam com todos os seus sentidos e movimentos de sapos. Uma grande quantidade de T-Vírus fica concentrada em sua cabeça, por isso ela brilha como uma lâmpada florescente vermelha, e ele pode cuspir T-Vírus como Crisonheads. E eles mordem a pessoa com muita vontade. A sua mordida pode ser fatal, ou arrancar um bom pedaço da pessoa. A mordida deles é realmente muito forte. O batalhão #17 enfrentou uma infestação deles em uma cidadezinha na Bolívia que foi atacada ao mesmo tempo em que Gravataí foi atacada há dois anos. E a pior de todas as BOWs são os Tyrants, que dão nome ao vírus. Se forem injetadas muitas amostras do T-Vírus em uma pessoa, ou essa pessoa for mordida por muitos zumbis até morrer, ela pode se tornar um Tyrant. Sendo assim, essa pessoa poderá criar um ou dois braços-tentáculos, e não terá nenhuma lembrança humana, e só viverá para se alimentar. Se a pessoa se tornar um Tyrant por injetar muito vírus, ela poderá criar um braço tentáculo, ou nenhum, mas terá lembranças humanas, ou não. Sendo assim, a pessoa crescerá bastante e ficará forte como um elefante. Qualquer tipo de Tyrant tem um grito muito forte, capaz de jogar uma pessoa longe, eles agüentam mais do que qualquer outro monstro da Umbrella, são rápidos, podem dar pulos enormes. Seus golpes são muito fortes, e seu braço tentáculo pode furar qualquer coisa. Os Tyrants podem se regenerar, e isso que lhes torna tão fortes. Se ele sofrer algum corte sério, se regenerará em segundos. Mas o único jeito de matá-los é acertando a parte mais vulnerável do corpo deles, que geralmente é o coração que fica exposto. Mas pode ser qualquer órgão, mas na maioria das vezes é o coração, aí fica fácil de acertar, pois fica na frente.
- Moleza! – debochou Andre. – já matamos um desses uma vez.
- Obrigado por me ouvirem, agora irei para a minha massagem. – disse o engraçado italiano e saiu.
Pela tarde, após aquela interessante e demorada aula básica sobre o T-Vírus, eles tiveram treinamento de combate corpo a corpo. Foram levados a salas com tatãmes, sacos de pancadas, e várias maquinas para malhação. Felipe foi o que se deu melhor, pois lutava Taekwondo. Agentes do batalhão de Van Der Wender lutavam com eles, e ensinavam táticas a eles. Todos aprenderam a torcer pescoços com rapidez e agilidade. Alyssa era a que tinha mais facilidade para fazer aquilo. Depois todos receberam umas roupas esfarrapadas e foram levados para um lugar com vários obstáculos. Eles precisavam aprender a passar pelas barreiras com facilidade. Tiveram que passar por cercas de arames farpadas, onde João cortou bastante as costas e os braços, passaram por barricadas, pularam objetos, andaram no barro, etc. Felipe só se recusou a nadar, pois ele não sabia e não tinha nenhuma vontade de aprender. Bruno também não sabia, mas se esforçou a aprender. Depois passaram por ruínas em chamas, barro, e eles já estavam se sentindo como se estivessem servindo o exército.
- Vocês devem estar preparados para tudo! – dizia Van Der Wender durante o treinamento.
João era o que se cansava mais rápido, Andre estava sempre pronto pro que desse e viesse, fazia tudo rapidamente e parecia se cansar muito pouco. Bruno e Alyssa faziam as coisas quase que ao mesmo tempo, sincronizadamente. Mauro era um pouco atrapalhado, mas mesmo nas horas de ação ele continuava fazendo piadinhas engraçadas. Felipe tentava fazer tudo tão rápido quanto Andre, mas Andre era incansável, e Felipe tinha a desvantagem de não nadar. E Daniel estava sempre ao lado de Felipe, sempre fazendo algum comentário e ajudando o amigo no que precisasse, mas todos eles sabiam se virar sozinhos.
- Felipe – disse Daniel – será que o Capitão André vai levar nós com ele pra alguma cidade atacada?
- Acho que não. Se não ele já teria levado a gente junto com ele.
Esse treinamento durou o dia inteiro, até já passar da meia-noite. Ao acordarem no terceiro dia, todos se levantaram e rapidamente foram fazer uma refeição, pois logo recomeçaria o treinamento. Após se alimentarem, Van Der Wender se aproximou e conduziu-os até uma sala cheia de armas. Eles ficaram abismados com a quantidade de armas que tinham naquela sala. Desde pistolas e facas, até fortes metralhadoras e equipamentos explosivos.
- Este que vos apresento é John Wayne, dos Estados Unidos. Ex-Fuzileiro Naval e especialista em armas, uniformes e equipamentos. – disse Wender com seu forte sotaque holandês tomando um copo de água em quanto falava.
O homem não era nem muito magro, nem muito forte, mas era alto como uma porta, com cabelo bem curto e com um topete preto bem arrumado.
- Hello, guys! – disse ele mostrando sua voz super grossa, que parecia de narrador de filme de terror.
- They are Brazilians! – replicou Wender mostrando sua habilidade com o inglês.
- Ok. Então vou falar em português. – começou ele mostrando um sotaque ainda mais forte que Van Der Wender.
Ele tinha aquela baita voz, mas por falar inglês, tinha a língua enrolada com o português.
- Qual arma o André estipulou para eles, Wender?
- Qualquer uma. Garotos deixem-me explicar. Quando vocês foram salvos em Gravataí pelo batalhão do Capitão André, todos usavam as mesmas armas, porque eram armas novas, e o Capitão André queria testá-las. Mas vocês podem escolher a que acharem melhor.
- Entón tá então! – disse Felipe gostando cada vez mais do assunto. Ele gostava muito de armas.
- Quais vocês preferem? – perguntou o americano com cara de entediado.
- Eu devo dizer que vocês têm que pegar uma primária, uma secundária, e algo para combate corporal. – explicou Van Wender.
Todos estavam confusos, pois não sabiam o que pegar, ou o que olhar primeiro. Muitas daquelas armas eles só tinham visto na TV, e nunca imaginariam poder escolher entre qual eles usariam.
- Quem sabe vocês escolhem as secundárias antes?
- Eu quero essa aqui. – apontou Daniel para uma Bereta.
- Essa é uma M92F, mais conhecida como Bereta – explicou o especialista – Ela é muito boa, em questão de velocidade do tiro ou precisão é uma das melhores. Seu pente normal suporta quinze balas, e nela são usadas balas nove milímetros. Ela é leve, fácil de manusear, eu reconheço que é a minha preferida.
- Eu vou ficar com essa. – disse Daniel decidido.
- Eu poderia ficar com duas dessas? – perguntou Bruno apontando para uma Blacktail, a pistola usada pela personagem Ada Wong no jogo Resident Evil #4.
- Essa é uma Blacktail. Essa arma é na verdade uma pistola nove milímetros um pouco modificada. Essa é a pistola que tem os disparos mais rápidos de todas que tenho aqui. Ela é realmente muito veloz, e usa balas nove milímetros. Se você quiser duas, só tente poupar munição com seus disparos rápidos. A munição dela se vai muito rápido.
Todos os outros, logo escolheram a mesma. Glock.
- Essa é uma Glock calibre 17. É a pistola usada pelo exército no meu país hoje em dia. Ela não é tão potente, mas apesar de ser bem pequena, é melhor para recarregar, pois é só injetar o pente e ela destrava-se automaticamente, você não precisa destravá-la. E ela é bem leve, mesmo carregada.
Somente Felipe não pegou a Glock. Ele escolheu uma das mais bonitas que tinha na prateleira, uma cromada, com o cabo preto, quadrada nas laterais, maior que a Glock quase do mesmo tamanho da Bereta, um pouco mais comprida.
- Esta é bem potente. É uma Target calibre 45. Ela é bem barulhenta, mas além da beleza, pode fazer um estrago bem grande na vítima. Boa escolha. E qual será a primária?
Após uns minutos para tirar as duvidas apreciando cada primária, Felipe pegou da parede uma G36C.
- Uma G36C. É uma metralhadora alemã, com um barulho muito forte, com a potência similar a uma AK-47. Ela é capaz de perfurar metal, como um carro, por exemplo, com facilidade.
Bruno pegou uma Carabina M4 a3, o terceiro tipo de Carabina. Mauro escolheu uma FN2000, usada por eles na emboscada em que a Umbrella havia os mandado no ano anterior, e João o imitou. Daniel escolheu uma M16, a metralhadora usada pelo exército americano, bem parecida com a M4. Não tão precisa como a M4, mas é mais potente e mais leve, apesar de ser maior. Alyssa pegou uma Remington M870, uma forte espingarda, capaz de abrir quase todos os tipos de trinques, e capaz de derrubar portas de ferro. E Andre escolheu uma M2 Bar, uma forte metralhadora antiga usada pelos franceses na segunda guerra mundial, muito barulhenta, grande, pesada e potente.
Como arma corpo-a-corpo, quase todos escolheram levar bastões de choque, mas Felipe e Andre escolheram levar as facas de guerra, facas de combate. Elas eram super afiadas de um lado da lâmina, e do outro era uma serra, para cortar cordas ou coisas do tipo. Todos puderam escolher equipamentos para suas armas, como miras telescópicas, miras lasers, etc, mas quando eles foram levados a sala de treinamento de tiro, tiveram que tirar os equipamentos das armas para o treinamento. Pelo resto da manhã eles treinaram a pontaria, e todos receberam uma nota boa do especialista Wayne, pois todos já tinham uma boa experiência, mas quem tirou a melhor nota foi Andre, que parecia ter nascido para aquilo. Andre era realmente bom em tudo que envolvesse ação. João foi o que menos acertou, realmente ele era mais esperto do que bom em ação.
Após descansarem, eram duas da tarde em Gramado, quando Van Der Wender apareceu no quarto deles e com um sorriso na cara, disse:
- Agora teríamos treinamento de artes marciais, mas como o Capitão André nos deu poucos dias pro treinamento de vocês, então vamos pular essa parte. Ponham esses uniformes aqui – disse ele jogando em cima da cama de Daniel os uniformes de todos. – ponham logo, pois estamos esperando vocês lá fora. – e saiu.
- Nóóóóóóóóóóssa! – exclamou Daniel com uma voz fanha, fazendo todos rirem.
- Que uniformes legais! – disse Mauro já tirando a camisa para pôr o uniforme da equipe, e revelando costas cabeludas, e todos riram novamente.
- Me deixa botar lá no banheiro! – disse Alyssa, revoltada por ser a única garota do grupo.
O uniforme era preto, com calças e camisas cumpridas cheia de bolsos e feitas de um tecido bem grosso e forte. Luvas pretas sem dedos e coletes a prova de balas acompanhavam o uniforme. Vieram também os colders de cintura para as pistolas de todos, colders laterais e de peito para suprimentos ou outras coisas, um cinto com encaixes para as munições, facas, os bastões de choque, granadas ou qualquer outro tipo de equipamento. Havia um gancho na cintura para que pendurassem o capacete sempre que o tirassem. As botas eram na verdade coturnos pretos de couro, e os capacetes tinham máscaras de gás, e viseiras super fortes de um vidro bem preto. Na cintura havia uma lanterna instalada, e o símbolo da equipe aparecia no peito. Uma Shotgun e uma espada cruzadas na frente de um triângulo vermelho e branco escrito FEAU: Forças Especiais anti-Umbrella. Em um braço havia escrito o nome completo de cada um em letras vermelhas, e no outro braço também em letras vermelhas escrito: “Batalhão #1”.
Ao ver isso, todos comemoraram por estar no batalhão do Capitão André. Ansiosos e curiosos, todos correram para fora, mas lá estavam Wender e Wayne.
- Gostaram dos uniformes? Estes novos têm lanternas instaladas. Os antigos não tinham, e os agentes tinham que botar lanternas nas armas... – falou o americano.
Antes que pudessem responder, Van der Wender começou a falar:
- Vocês devem ter percebido que ingressaram de vez na FEAU, e no melhor batalhão, ao lado do Capitão André. Ele acabou de entrar em contato, disse que está a caminho, e quer vocês no batalhão dele. Espero que tenham gostado disso. Mas enquanto ele não chega, continuaremos o treinamento. Nós pretendíamos fazer a parte do treinamento que representaria combate com agentes da Umbrella, onde vocês se enfrentariam cada um por si em um campo de Paintball. – Daniel e Felipe se olharam alegres, pois adoravam jogar Paintball com seus amigos em Gravataí. – mas como não teremos muito tempo, faremos apenas o combate a zumbis.
Todos se olharam confusos.
- Quem serão os zumbis? – perguntou Bruno temeroso.
- Zumbis reais. O batalhão que estava em Porto Alegre conseguiu acabar com tudo sem a intervenção do exército. Haviam menos zumbis em Porto Alegre do que houve em Goiás, quando vocês foram pegos ano passado. A maioria estava mesmo naquele shopping onde vocês foram pegos de surpresa. E não havia BOWs nem agentes da Umbrella, por incrível que pareça. A Umbrella está tramando alguma coisa séria. Bom, resumindo, Porto Alegre está a salvo desde ontem, e poucas pessoas morreram depois do ataque ao shopping. E o batalhão já veio com alguns zumbis que foram capturados para o treino de vocês.
- Mas não usaremos armas de Paintball, não é? – perguntou Felipe rindo.
- Não. Vocês usarão as armas que escolheram, mas terão somente um pente incompleto para cada arma, seja primária ou secundária. Improvisem! Há, há... Não se preocupem, pois temos amostras do antivírus aqui. Mas tenham cautela, pois haverá cem zumbis para vocês sete. Eles estarão naquela mata fechada. Quando matá-los, nós pegaremos vocês de volta. Há agentes do meu batalhão nas proximidades para impedir que nenhum zumbi pegue o caminho contrário que não seja o de vocês. – nisso, John Wayne soltou uma risadinha de canto. – Nós assistiremos tudo por câmeras instaladas nas árvores, e se for preciso, iremos intervir na ação de vocês, para que ninguém morra.
Todos pegaram suas armas, botaram os capacetes, luvas e todo o equipamento, e se prepararam para entrar na área verde onde Wender disse que estavam os zumbis.
- A área onde estão prestes a entrar e onde enfrentarão os zumbis tem um quilômetro quadrados. Se vocês saírem dessa área, avisaremos vocês com isto. – e entregou a todos um comunicador, que todos colocaram dentro do ouvido. – para falarem, apertem-no e falem. Peçam ajuda se entrarem em apuros. Mas com certeza isso não será preciso. Outra coisa: haverá cem zumbis e nada mais. Qualquer outra coisa que virem, avise-nos. E estes coletes a prova de balas são feitos de Kevlar, um tecido revestido de aço muito forte, que só é perfurado por forte rifle ou fuzil, mas os dentes dos zumbis são bem fortes e podem perfurar esses coletes, portanto, não se sintam “por cima” só por causa disso. Nós sabemos que vocês já deram conta de mais zumbis do que esses, portanto não se assustem com a quantidade. Nós sabemos que vocês conseguirão. Agora vão! Boa sorte novos soldados!
Todos correram para dentro da floresta no morro, e Bruno andava com as duas pistolas em mãos em vês de entrar primeiro com sua Carabina. Ela estava pendurada nele pela bandoleira. Cada um foi para um lado, mas Felipe e Daniel foram um ao lado do outro, como sempre, mas logo Wender lhes falou no comunicador:
- Cada um para um lado! Agora!
- Merda! – resmungou Daniel e foi para o lado contrário de Felipe.
Logo Felipe ouviu três disparos rápidos de pistolas, que deviam ser de Bruno.
Bruno estava atirando em três zumbis velozmente com suas Blacktail. Ele eliminou os três com facilidade. Enquanto isso, Andre era o mais afobado, corria loucamente atrás de zumbis, mas aquela mata era tão fechada de árvores e galhos, que eles não achavam muitos. Alyssa era bem ao contrário de Andre, a mais cuidadosa do grupo, e logo um zumbi se aproximou dela rastejando. Ela nem gastou munição e torceu o pescoço dele. Eles tinham que fazer manobras entre as árvores, arbustos, e taquaras (bambus).
Mauro começou a metralhar um zumbi com sua FN2000, e quando o zumbi caiu, ele chegou a acertar uns tiros em outro zumbi que se aproximava atrás do anterior. Ele nem se preocupava com a munição. João levou um susto quando uma dúzia de zumbis apareceu na frente dele. Ele gastou toda a sua munição da FN2000 e não matou todos, então pegou a pistola e começou a recuar disparando nos zumbis que restaram. Mesmo mirando sempre na cabeça, eles eram muitos e demoravam a ser eliminados.
Bruno começou a ouvir bem alto os disparos de espingarda de Alyssa, e ele a percebeu a uns metros à direita atirando em outro grupo de zumbis. Finalmente eles podiam perceber que havia uma centena de zumbis ali.
Felipe andava de um lado para o outro procurando um zumbi, quando um apareceu do nada lhe surpreendendo e agarrou-o, tentando mordê-lo. Felipe segurou o zumbi com as mãos, e lhe chutou ferozmente. Depois ele atirou com sua G36C direto na cabeça do zumbi que caiu morto. Daniel estava parado num ponto com menos árvores mirando para os lados, tentando enxergar onde estava o tiroteio.
Então Daniel finalmente enxergou ao longe alguns zumbis, mas os tiros de sua M16 pegavam nas árvores pelo caminho, e só assim foi bastante munição sem matar nenhum zumbi. Mauro passou do lado de Felipe, e eles de repente ficaram cercados por muitos zumbis. Eles não viram os zumbis se aproximarem por causa da grande quantidade de mato, e não ouviram o gemido dos zumbis porque eles ouviam apenas os pássaros voando com medo dos tiros, o vento balançando as folhas das árvores e um barulho de água. Talvez houvesse alguma cascata ali perto. Os dois gastaram tudo que tinham de munição. Mauro já não tinha mais nem munição de sua pistola. Felipe pegou sua pistola #45 e começou a dar headshots nos zumbis mais próximos, enquanto Mauro dava choques neles e depois torcia os pescoços.
Bruno correu para junto de Alyssa e juntos ficaram atirando com o resto de sua munição nos zumbis. Era impressionante como a munição de todos eles se acabava tão rápido. E que sacanagem! Um pente só!
Cada vez mais zumbis se aproximavam de Bruno e Alyssa. João também estava junto, e Alyssa jogava longe os zumbis com sua Remington. Andre apareceu já sem munição cravando a sua faca nos zumbis com aquela raiva que lhe surgia sempre nessas horas. Felipe e Mauro, quando já estavam sem munição, viram os amigos um pouco à frente, e tentaram correr em direção a eles, mas nisso, Mauro foi puxado por dois zumbis no caminho, que começaram a morder seu ombro, os dois ao mesmo tempo. De longe Alyssa se virou, e ao ver aquilo deu o último tiro com sua espingarda, acertando um dos zumbis que mordia o cabeludo Mauro. Daniel apareceu gloriosamente de trás de um mato alto como ele e acertou o zumbi com seu bastão de choque.
- Cara! Não se preocupa! Tu não vai virar um zumbi! – disse Daniel tentando confortar o amigo, apesar de que dizer que “ele não viraria um zumbi” eram palavras muito fortes.
Felipe voltou para ajudar Mauro e saiu chutando o zumbi que Daniel deu o choque. Os zumbis continuavam de pé após os choques, que só abalavam-nos. Quando perceberam estavam todos juntos, cercados. Somente Daniel tinha munição na metralhadora, e Alyssa na pistola. Todos começaram a usar suas próprias táticas de luta. Daniel matava os mais próximos com sua M16, e Alyssa lhe dava cobertura.
- Tá acabando minha munição! – gritou Daniel.
- Continua! – gritou Alyssa.
- Atira na cabeça, gurizada! – gritou Felipe após quebrar o joelho de um zumbi com um chute.
Felipe começou a avançar pra cima dos zumbis como nunca havia feito e exatamente como Andre fazia sempre. Ele chutava os zumbis, e cortava seus pescoços com a sua faca. Já Andre, era mais agressivo, dava socos na cara dos zumbis, e cravava a faca neles, na barriga, na cara mesmo, ou dava talhadas neles com a faca e depois dava porrada. Andre até soltou todo seu equipamento no chão para poder se movimentar melhor. João tentou bater em um zumbi, mas o zumbi foi mais forte e agarrou-o e mordeu seu pescoço. Todos se voltaram para ele desesperados. Daniel deu um choque na cabeça do zumbi e ele caiu morto.
- Tá bem?
- Eu agüento!
- Desgraçados! – gritava Andre.
- Cuidado Mauro! – gritou Alyssa, pois um zumbi se aproximou de Mauro e derrubou-o no chão tentando lhe morder.
Mauro fez força e tocou o zumbi pro lado, e Daniel deu um chute na sua cabeça. Era impressionante como tudo acontecia tão rápido, mas não acabava nunca. Os zumbis só não se aproximavam mais rápido por que se batiam e tropeçavam as árvores e galhos. Alyssa batia neles bem rápido e torcia os pescoços. Aos poucos as coisas foram se acalmando. Mauro e João continuavam na ativa mesmo estando infectados. Andre viu um zumbi chegando atrás de Bruno quando Bruno batia em outro, então Andre correu e cravou sua faca na cabeça do zumbi. Era impressionante como Andre era frio ao matar os zumbis. Ele parecia odiar mesmo os zumbis, fazendo-os sofrer bastante.
- Valeu! – agradeceu Bruno se voltando novamente para os zumbis.
Bruno e Alyssa ficaram dando choques em um dos últimos zumbis até ele morrer. Mauro e João se distanciaram um pouco para bater nos zumbis que ainda estavam um pouco distantes procurando alimento. Andre já sem sua faca batia em dois zumbis a sua volta. Daniel deu um choque num zumbi, e depois Felipe passou a faca no pescoço dele. Depois disso, todos se voltaram para Andre, que dava socos e pontapés no último zumbi vivo daqueles cem, ou pelo menos dos que eles acharam. Bruno se aproximou por trás do zumbi e torceu seu pescoço.
- Acabou. – falou Alyssa calma.
Todos se olharam, e podiam ouvir através das máscaras de gás dos capacetes o som ofegante de todos, cansados, sem forças.
- Acabou. – disse Van Der Wender pelo comunicador.
- Podiam ter sido menos zumbis, né? – perguntou Mauro pelo comunicador.
- Vamos sair logo daqui! – disse Bruno dando o primeiro passo pra fora do mato.
Eles estavam tão perdidos, que nem sabiam para que lado andar, mas Wender lhes comunicou o caminho até onde ele e Wayne esperavam os garotos.
- O que acharam? – perguntou ele quando viu os sete chegando lentamente com as armas vazias e todos sujos, cansados, e dois deles mordidos.
- Um pouco difícil pra um treinamento, não acha, senhor? – perguntou Bruno tirando o capacete como todos os outros.
- Vocês puderam sentir um pouquinho do que poderão passar nas missões pela equipe.
- Pois, pois...
- Dá pra me fazer um curativo? E cadê a droga do antivírus? – João estava louco pra sair dali e usar logo o antivírus.
Mauro sentia a mesma coisa. Era apavorante saber que em algumas horas poderiam se tornar um daqueles que eles acabaram de matar.
Depois de um descanso, todos jantaram e foram para o quarto dormir e descansar para o quarto dia de treino. Será que seria mais difícil? Será que eles realmente estavam prontos para a FEAU? Pelo menos, eles já tinham certeza de que Porto Alegre estava a salvo, e estavam muito tensos para saber as notícias que o Capitão André traria. Fazia uma meia hora desde que todos haviam se deitado a dormir. Nenhum deu se quer um pio. Mas o silêncio foi quebrado pela porta se abrindo, e com a claridade do corredor todos puderam ver que era Marcos, o subchefe do batalhão do Capitão André.
Todos menos João e Mauro levantaram-se rapidamente para saber notícias e ver o que o Capitão André tinha a lhes dizer. Marcos nem precisou abrir a boca, pois todos já sabiam que o capitão estava ali e estava lhes esperando. Quando chegaram à sala de reuniões, viram o Capitão André de pé na ponta da comprida mesa, e aos lados vários agentes do seu batalhão, John Wayne, Marcos, Van Der Wender e outros agentes que os sete não sabiam quem eram eles.
- Bom vê-los novamente, soldados. Como foram no treinamento? Bom, espero que tenham ido bem, pois teremos que sair agora mesmo. – ele parecia apressado e preocupado. – Eu e o meu batalhão passamos por todas as capitais brasileiras, e todas estão sendo atacadas. Eu não sei o que a Umbrella está tramando, mas logo descobriremos. A última capital por onde passei foi Rio de Janeiro, e é a capital que está na pior situação. Não encontramos nenhum agente da Umbrella, mas há uma quantidade incompensável de zumbis, e a cidade está totalmente destruída por BOWs. Fiquei uma hora lá, e não achamos nenhum sobrevivente. Temo que não haja mais nenhum. Com certeza a cidade que eu irei será o Rio. Mas como está tudo muito sério lá, então eu quero o batalhão dois e três junto comigo. Acho que vocês sete já sabem que fazem parte do meu batalhão. Aprontem-se, pois em meia hora partiremos. Marcos, eu quero que você entre em contato com todos os batalhões que estão espalhados pelas sedes do Brasil inteiro, e divida-os entre as capitais brasileiras. E entre em contato com o batalhão #3, de Júlia, eu os quero junto conosco, eles já estão em uma sede perto do Rio. Soldado Wayne, eu quero que prontifique as armas de mais pesado escalão para o meu batalhão, e o batalhão dois e três. Nós enfrentaremos muitos monstros, e precisamos de armas fortes e muita munição. Atenção soldados: eu não quero que usem somente as Carabinas, como nas últimas missões, eu quero que se equipem do mais variado armamento, e muitas granadas e equipamentos explosivos. – durante a explicação do capitão todos os agentes estavam muito atentos a missão que lhes estava sendo dada – Vocês sete, quero que se aprontem logo, vistam seus uniformes rapidamente e peguem seu equipamento. Soldado Wender, chame seu batalhão. Desta vez a Umbrella não escapa! Perguntas?
Todos os agentes ficaram em silêncio, e os sete também, então o Capitão André disse:
- Ótimo! Então se aprontem!
- Sim, Senhor! – soou em alto e bom som a voz de todos os agentes que ali estavam presentes, e em seguida todos já saíram da sala para iniciar a missão.
Começou uma correria de um lado para o outro naquela base, e todos agentes pareciam já estar acostumados com aquela correria. Os sete ainda não tinham percebido que havia tantos agentes trabalhando pela equipe ali naquela base em Gramado. A base estava numa correria, todos se aprontando rapidamente, com pressa. Os sete, botando o uniforme no seu quarto comentavam:
- O que será que vai acontecer?
- Não sei. Mas ainda bem que Porto Alegre já está a salvo.
- Vamos arrebentar com aqueles monstros! – exclamou Andre.
Todos botaram os uniformes, e equiparam as armas com miras telescópicas de distâncias diferentes, só Daniel e Andre não botaram miras lasers nas armas, Felipe ficou com pentes duplos na G36C, Daniel botou um lança-granadas M203 em sua M16, Andre e Alyssa botaram suportes de apoio “anti-tremedeira” nas suas armas, Felipe e Bruno botaram cabo de mão nas suas metralhadoras, todos puseram miras lasers nas pistolas. Todos foram à sala de armas e Wayne entregou granadas a todos e muita munição. As granadas eram granadas de fragmentação (Frag). Quando elas estouravam após seis segundos depois do pino ser retirado, ela libera fragmentos de metal num raio de quinze metros, podendo cravá-los nos inimigos, levando a morte, ou os ferindo seriamente, além da insuportável dor.
Vários helicópteros estavam esperando, e vários já haviam saído, pois eram muitos agentes nos dois batalhões que estavam naquela base. O Batalhão #1, do capitão André e o Batalhão #2, de Wender estavam ali em Gramado. O Batalhão #3 estava em uma sede da FEAU bem perto da cidade do Rio de Janeiro.
Finalmente meia-hora depois, o último helicóptero a sair foi o que estavam os sete, o Capitão André e Marcos, que era o piloto.
Quando o helicóptero decolou, o capitão começou a falar:
- Acho que devo lhes contar como está a situação lá. Nós percebemos em uma hora que estive lá que há muitos zumbis, muitos mesmo. O Rio de Janeiro é uma cidade grande, com uma população muito grande, e temo que todos já tenham sido infectados. Teremos que subir a favela, pois lá podem haver os últimos sobreviventes. Como vocês usaram a internet quando Gravataí foi infectada – disse olhando para Felipe e Daniel – a Umbrella cortou apenas a internet desta vez. A energia da cidade, as estações de rádio, a televisão e os telefones continuam funcionando, ainda bem. A cidade está completamente destruída. E vocês sabem muito bem que zumbis não fazem isso, apenas as BOWs. Devem haver muitos monstros lá. Somente na uma hora que estive lá, enfrentei três Lyckers e até um Hunter. – todos se olharam assustados – essa foi a primeira vez que vimos um Hunter. Nunca foi visto nenhum em nenhuma das missões contra a Umbrella. Portanto, teremos uma difícil missão pela frente. Acho que vocês já sabem como lidar com isso, não é? Tentem acertar na cabeça todos os zumbis, pois precisaremos de muita munição. Eu não faço idéia de quanto tempo nós ficaremos lá, mas só finalizaremos a missão quando não haverem mais infectados pelo T-Vírus, sejam zumbis ou monstros.
- Mas e o exército? – perguntou Alyssa.
- Todo o exército brasileiro está agindo em São Paulo e outras capitais. Caso eles cheguem ao Rio, nós saímos de fininho e deixamos os sobreviventes que acharmos em algum lugar a salvo.
- Vai ser usado algum lugar como acampamento para os sobreviventes como em Gravataí? – perguntou Bruno.
- As ruas da cidade estão totalmente cheias de carros parados, portanto teríamos que usar algum lugar grande e aberto. Prédios são ruins porque podem esconder muitos monstros. Eu havia pensado nos estádios de futebol, como o grande Maracanã, mas no tempo que passei lá, fui verificar isso, e descobri que a Umbrella impediu isso.
- Como assim?
- Eles bombardearam os estádios com aviões. Aqueles filhos da mãe! Eles com certeza já haviam pensado nisso! Eles já devem ter percebido que entraríamos em ação, como em Gravataí.
- O que faremos entón?
- Se acharmos sobreviventes, que acho que serão poucos, teremos de levá-los conosco. A família de vocês está a salvo na casa do soldado Bruno, em Porto Alegre. Somente a sua mãe que não foi achada senhorita Isabela. – disse se referindo a Alyssa. – Ela mora no Rio de Janeiro, não é?
- Sim. Eu já estava preocupada com isso. Será que ela ainda está viva? – Alyssa falou enxugando as lágrimas que acabavam de sair dos seus olhos.
- Ela deve estar viva sim! – disse Bruno, que estava sentado ao lado dela.
- Quando chegarmos lá você nos guiará até a casa de sua mãe, soldada. Nós a salvaremos.
- Mas se não haverem sobreviventes capitão, porque devemos continuar a missão? – perguntou Daniel.
- Teremos de acabar com todos os zumbis e monstros, pois a infecção não pode se espalhar para as cidades vizinhas, ou em poucos dias o Brasil inteiro estará infectado pelo T-Vírus.
- Eu vou acabar com todos aqueles monstros! – disse Andre com sua típica cara de raiva, quando o assunto era Umbrella.
Ele parecia participar da equipe já antes mesmo de ela ser formada, pois para ele era tudo normalidade.
- E como a vocês já sabiam que Umbrella iria atacar todas as capitais brasileiras, Capitão André? – perguntou Felipe.
- A própria Umbrella nos contou. Eles de algum modo descobriram o telefone da casa de um dos agentes do meu batalhão, e lhe informaram que infectariam todas as capitais do Brasil e que queriam pegar vocês sete, principalmente o soldado Bruno, soldado Felipe e soldado Daniel, porque vocês revelaram a Umbrella para o mundo quando escaparam em Gravataí.
- E o que aconteceu com este tal agente do seu batalhão? – perguntou Mauro.
- Ele infelizmente foi assassinado pela Umbrella. Eles implantaram uma bomba na casa dele em Porto Alegre. E logo depois de ele me informar tudo, sua casa explodiu. A Umbrella está cada vez sabendo mais sobre nós, por isso eu não quero aparecer na mídia. Temo que tenham descoberto alguma de nossas bases fora do Brasil. Caso isso tenha acontecido, estamos correndo muito perigo, pois a qualquer momento eles podem nos atacar. Eles podem ter se infiltrado secretamente em alguma de nossas bases, e assim devem estar sabendo muito sobre nós.
- Mas por acaso já entrou em contato com todas as bases, capitão? – perguntou Alyssa.
- Positivo, mas em nenhuma base ocorreu nada fora do normal. As fitas de vídeo das câmeras não registraram nada dentro nem fora de todas as bases, mas a Umbrella tem bons agentes. Eles podem ter dado um jeito de nos descobrir, sem que os descobríssemos. Desde que o mundo inteiro começou a investigar a Capcom e que Endo Oono foi capturado, eles tem sido mais cautelosos nos ataques. Desgraçados... Bom, acho que ainda não falei: talvez a gente nem durma, portanto aproveitem agora, pois lá não teremos tempo para isso, ou teremos muito pouco, somente depois que finalizarmos a missão. Portanto durmam soldados.
Todos ouviram o conselho do Capitão André e recostaram a cabeça. Algumas horas depois, enquanto ainda faltavam alguns minutos para os helicópteros chegarem ao Rio de Janeiro, somente o Capitão estava acordado olhando para a rua com um olhar distante, e Marcos pilotando concentradamente. Felipe acordou ansioso que chegassem logo, e ao ver que todos estavam dormindo, aproveitou para fazer ao capitão a pergunta que não lhe saia da cabeça:
- Capitão, eu não consigo dormir por causa do nervosismo, mas eu posso fazer uma pergunta?
- Positivo soldado.
- Por que quis a gente na equipe? Por que acha que nós sete poderíamos fazer parte da sua equipe? Nenhum de nós é adulto, nós somos os únicos adolescentes na sua equipe. E por que ainda ficamos no seu batalhão, que é o melhor?
- Eu repito. A Umbrella deixou bem claro que quer pegar vocês, principalmente vocês três, pois vocês os revelaram ao mundo. Eu tinha que proteger vocês. Vocês foram muito úteis contra a Umbrella. Desde que eu sobrevivi o ataque do T-Vírus em Ostia na Itália e depois disso desde quando eu formei esta equipe, sempre soube que seria muito mais difícil para a Umbrella se o mundo soubesse que ela existe. Mas eu não sabia como divulgar a Umbrella para o mundo. Achariam que eu era louco, e eu ainda teria problemas com o governo por porte ilegal de armas, helicópteros, bases secretas e tudo que Wender já lhes explicou. Mas graças a vocês, agora o mundo já sabe sobre a Umbrella e sobre o que eles produzem: o T-Vírus. E vocês são meus amigos agora. – ele fez uma breve pausa, e continuou. – Até o FBI está investigando a Umbrella agora, e governos do mundo inteiro, e como nós, estão tentando descobrir onde ficam as bases da Umbrella no mundo todo. Se descobrirmos onde são as bases deles, essas bases serão destruídas, e todas as amostras do vírus também. E o outro motivo, além da segurança de vocês, é que se a Umbrella quer pegar vocês, terão de vir até nós. Logo tudo acabará. Eu prometo.
- E os outros? Por que quer eles? Alyssa, Andre, João e Mauro?
- A Umbrella apenas usou eles para pegar vocês ano passado com aquela falsa missão da Dados. Eles não sabiam de nada, como vocês. Todos vocês foram conduzidos pela promessa de dinheiro que eles lhes disseram que pagariam. Mas agora que eles sobreviveram com vocês naquela fazenda, eles também são pessoas que sabem alguma coisa sobre a Umbrella. Vocês sete estiveram em uma base da Dados, e isso vale muito pra eles.
- E por que vocês nunca foram àquela base. A gente sabe onde é. Podemos guiar vocês lá...
- Wender não lhes contou quando lhes salvou em Goiás? Logo depois que vocês foram largados lá, a Dados fechou as portas. Todos que trabalhavam lá sumiram do mapa, e minutos depois aquela base foi autodestruída.
- Como assim, autodestruída?
- Minutos depois de vocês partirem de São Paulo, todos fugiram e a base explodiu. Isso é apenas uma amostra do quê a Umbrella é capaz.
- Estamos quase chegando, senhor. – disse Marcos, que desde o começo da viagem esteve em silêncio total.
Nisso Felipe, que era o único acordado, percebeu que havia dormido várias horas, pois ele já podia enxergar o Cristo Redentor no alto do morro, e a horrível favela do Rio de Janeiro. O capitão acordou os outros seis, e todos puseram seus capacetes, e pegaram todo o equipamento, preparados para iniciar a missão. Todos os sete estavam um pouco tensos e nervosos. Desta vez eles não estavam sobrevivendo a ataques da Umbrella, eles estavam prontos para combater a Umbrella de frente, indo tentar impedir o mal que eles fazem...
Ao descerem do helicóptero, todos com as armas em mãos, olharam em volta e perceberam que não seria uma missão fácil. Eles pousaram em uma avenida bem grande na beira da praia de Copacabana. Poucos helicópteros já haviam chegado. Havia muitos carros parados na avenida, e muitos mesmo, tantos que se eles quisessem usar algum carro não poderiam, por falta de espaço.
- Deve ter infectado todos. Tem muitos carros aqui.
Com certeza houve uma grande confusão das pessoas tentando sair da cidade, mas pelo jeito, acabaram sendo infectados; isso era uma possível explicação para tantos carros ali, era como se todos tivessem tentado sair da cidade por aquela avenida, ou algo assim.
Em meio a veículos parados e batidos, lojas em chamas, muita sujeira e a grande tranqueira de carros, eles puderam enxergar vários zumbis já se aproximando por todos os lados da grande avenida. Eles mal tinham chegado e a ação já estava pra começar. Todos esperaram o sinal do Capitão André, que começou dando um tiro com sua Carabina 98K em um zumbi a uns cem metros. Depois disso todos começaram a disparar na cabeça dos zumbis de longe mesmo, usando suas miras telescópicas para longa distância.
Os agentes começaram a se espalhar por entre os carros e a se aproximar sem medo nem dó dos zumbis, lhes derrubando com o primeiro tiro. O combate durou uns dez minutos, pois haviam muitos zumbis mesmo, todos perdidos entre os carros. Os sete tentaram ser o mais normal possível, mas eles perceberam que os agentes da equipe eram muito mais competentes e matavam muitos zumbis que eles.
Aos poucos mais helicópteros da FEAU passavam sobrevoando a praia e podia-se ver o Capitão André usando o comunicador de ouvido dando ordens aos helicópteros. Mas nem todos pousavam ali, muitos seguiram voando para outras partes da cidade. O Capitão André era o único que estava sem o capacete, mostrando sua careca reluzente e sua barbicha negra o tempo todo. O sol nascia lentamente no horizonte do oceano, e aos poucos eles podiam ver cada vez melhor como a cidade era grande.
Muitos prédios grandes, a praia também era bem larga e interminável, com vários coqueiros, o morro era bem alto, a triste favela com muitas casas amontoadas umas sobre as outras, e lá no alto o Cristo Redentor, com os braços abertos, como se estivesse pedindo ajuda contra o vírus que infectou a cidade. Os grandes edifícios em toda cidade, e morro com o emaranhado que é a favela, contrastavam perfeitamente com a linda e interminável praia e com o horizonte do oceano. Simplesmente era um lugar muito bonito de se ver.
Depois de eliminarem todos os zumbis a vista, o capitão reuniu todos os agentes ali presentes na beira da praia e começou a falar:
- Soldados. Devem ter percebido que a cidade é muito grande e perigosa para nós. Não se esqueçam que poderemos encontrar muitas BOWs. Nós procuraremos sobreviventes no centro da cidade primeiramente, e pela noite nos reuniremos com os outros dois batalhões e vamos nos preparar para subir a favela, em busca de sobreviventes. Não se esqueçam de atirar na cabeça, e tentem poupar munição.
- Capitão! – exclamou Bruno apontando para um caminhão na avenida. – O quê é aquilo?
Havia alguma coisa caminhando em cima do caminhão, observando eles quase imóvel. Parecia ter a pele cor-de-rosa, tinha garras nas mãos, seu cérebro nojento estava exposto, e ele abria a boca mostrando dentes afiados e sujos de sangue, e do meio deles saía uma língua muito cumprida e nojenta.
- É um Lycker, senhor! – disse um dos agentes e antes mesmo que qualquer movimento do capitão todos começaram a se aproximar da avenida disparando com suas armas.
Os agentes da equipe acertaram muitos tiros no monstro, que logo caiu morto. Tão fácil quanto tirar doce de criança...
- Podia ter sido assim daquela vez, né Felipe? – comentou Daniel.
- Tem mais! – gritou Alyssa se virando para outro lado da rua.
Haviam uns quatro Lyckers horrorosos e apavorantes se aproximando por cima dos carros esticando suas enormes línguas tentando acertar os agentes.
- Lá também! – apontou Felipe para o outro lado.
Mais Lyckers se aproximavam. Era apavorante aquilo. Eles em meio ao Rio de Janeiro totalmente destruído cercados por monstros em carne viva com línguas gigantes. E os Lyckers eram monstros muito horríveis, com aquelas línguas e seu corpo em carne viva. Eles nunca imaginaram que se quer existissem monstros!
- Heavy Metal!
Todos começaram a recuar mais ainda para a beira da praia, alguns até chegando a molhar as pernas na água da praia, e os Lyckers eram jogados longe com os tiros de espingarda do Capitão André e de Alyssa, e com os disparos de Shotgun de alguns agentes da equipe.
Mas aquilo não terminava nunca. Os sete já estavam começando a se apavorar! Apareceram muitos Lyckers, e cada vez mais Lyckers surgiam entre os carros, pulando como grandes sapos e grudando em cima dos carros, tentando intimidar a equipe esticando sua língua e mostrando seus grandes dentes afiados e sujos com o sangue de suas pobres vítimas.
- Eles devem ter ouvido os tiros nos zumbis antes e terem vindo até nós! – disse Marcos.
Estava um completo tiroteio nos Lyckers, que estavam sendo eliminados quase como os zumbis. Andre matou um sozinho, que pulou pertinho dele, então ele o metralhou ferozmente com sua M2 Bar, e o Lycker levou a pior. Os sete permaneciam juntos, um cobrindo o outro, cada um com o tipo de arma que escolheu. Até que os Lyckers eram eliminados rapidamente com aquelas armas.
Daniel e Bruno mataram o último Lycker, que estava mais perto deles. Os dois o metralharam juntos e rapidamente o Lycker morreu. Era difícil de acreditar que tantos Lyckers foram mortos e ninguém morreu. A partir daquele momento eles puderam perceber que os Lyckers não eram tudo aquilo que eles pensavam que fosse. Eles podiam ser muito feios e assustadores, mas nem tão fortes contra várias metralhadoras, Shotguns, rifles e agentes cheios de raiva da Umbrella.
E uma perigosa dúvida cercava os pensamentos principalmente dos sete: se haviam tantos Lyckers só ali, quantos mais eles teriam de enfrentar por toda a cidade, e quais outros tipos de monstros da Umbrella? Quantas pessoas teriam morrido? Será que eles encontrariam sobreviventes? E a mãe de Alyssa?
Todos se reuniram novamente, agora aliviados, e enquanto recarregavam suas armas o capitão retornou a falar:
- Continuando, vou dividir vocês em pequenos grupos, e se espalhem pela cidade. Entrem em todas as residências, lojas, shoppings, tudo. Vocês sabem o que fazer. E vocês sete virão comigo. Nós iremos até a residência da mãe da soldada Alyssa.
Depois disso, o capitão dividiu todos que ali estavam nos pequenos grupos, e rapidamente todos se espalharam cada pequeno grupo seguindo a pé por uma rua diferente. Junto do capitão ficaram os sete, e mais dois agentes. Os dois permaneceram de capacete, e os sete não puderam ver como eles eram, mas puderam ver o nome de cada um em seu uniforme. Um chamava-se Naoshiko Takashi, que devia ser chinês ou japonês, e o outro se chamava Jean Paulo Rutan, e era um homem bem grande e aparentava ser bem forte. Ele devia ser de algum lugar da Ásia ou da África. Pelo menos foi isso que os sete acharam.
- Vamos seguir por esta rua aqui. – disse o capitão tomando a frente e seguindo por uma rua que cruzava com a avenida onde eles estavam.
Eles seguiam pelo meio dos carros, olhando para todos os lados, em meio ao silêncio mortal do local, e quando viam algum zumbi atiravam na cabeça deles. Depois de tantos Lyckers, os zumbis eram moleza. E com o silêncio do local, qualquer barulho podia ser ouvido de longe, e isso ajudava pra eles saberem quando algum zumbi estava se aproximando. Pelo resto da manhã eles passaram dando voltas no centro da cidade, entrando em todos os lugares, lojas, mercados, e viram que tudo estava tão destruído quanto Gravataí esteve.
- Devem ter muitos monstros aqui mesmo. – comentou Daniel com Felipe.
- “Ou ié!” – respondeu Felipe sendo engraçado.
Eles enfrentaram mais zumbis, mais zumbis e ainda mais zumbis. Realmente havia muitos zumbis pela cidade. Era incrível e triste, pois eram muitos zumbis mesmo, e cada vez que uma grande quantidade de zumbis se aproximava, todos se lembravam da vez que ficaram cercados por um monte de zumbis no vilarejo em Goiás. Era uma sensação diferente para eles andar assim, tão normalmente ao lado do Capitão André, ainda mais contra a Umbrella, e matando zumbis como se já fizessem aquilo a muito tempo. Quando Felipe e Daniel ficaram em Gravataí tomada pelo vírus, eles sobreviveram por acaso, e quando todos os sete e mais membros tiveram uma falsa missão pela empresa Dados naquele vilarejo, eles caíram em uma emboscada e tiverem que improvisar para sobreviver também, mas desta vez todos eles estavam indo contra o vírus, procurando provas contra a Umbrella, tentando salvar as pessoas daquilo que eles já passaram. Desta vez nada estava sendo por acaso, desta vez todos eles estavam decididamente indo contra a empresa que criou o vírus que infectou grande parte do Brasil.
Algum tempo depois, eles entraram em uma loja de roupas do centro do Rio e se depararam com muita destruição e muito sangue.
- O que é isso?
- Não sei. – respondeu o Capitão André, pegando seu revólver para entrar na loja. – Alguma coisa grande esteve aqui. Acho que são Lyckers. Zumbis não fazem tudo isso.
- Vamos nos espalhar. – disse Andre tomando a frente e agindo como o capitão da equipe.
Todos entraram atrás dele, mirando cuidadosamente para todos os lados. O chinês andava com sua calibre #12 em mãos, e o outro agente usava uma submetralhadora P-90.
- Espalhem-se.
Seguindo a ordem do capitão, cada um seguiu para um lado, observando tudo em meio a corredores de roupas e cabides que estavam puro sangue. Havia roupas e objetos da loja caídos pelo chão, e tudo totalmente ensangüentado. Era até nojento para eles entrar num lugar naquelas condições, ainda mais sabendo que teriam de enfrentar o que causou tudo aquilo.
- Nossa! – falou baixinho Alyssa.
Todos se espalharam pela loja desta forma, seguindo lentamente e observando tudo em volta, exceto o chinês, que ficou na porta, matando os zumbis que se aproximavam pela rua de repente. Os cabides de roupas acabavam confundindo a visão deles, pois eram muitos cabides e armários, além de ser uma grande loja, e o lugar inteiro fedia carniça. Mauro e João andavam lado a lado. Felipe seguia armado com sua pistola, para poupar munição da metralhadora.
A loja era bem grande, e como estavam bem espalhados, todos se sentiam como se estivessem sozinhos, pois não enxergavam nenhum companheiro. E lá dentro era mais difícil ouvir barulhos; mesmo se ouvissem, era difícil saber de onde veio, pois os cabides formavam uma visão muito confusa. Talvez não houvesse nenhum zumbi lá, pois eles não ouviram nenhum gemido.
- Eu vi alguma coisa ali adiante! – gritou Bruno após ver uns cabides a frente se mexerem.
Sem pensar duas vezes ele correu até o lugar onde ele achou que tivesse alguma coisa, e levou um susto quando Daniel saiu do meio de um cabide de roupas, assustando Bruno sem querer.
- Cara! Não faz mais isso, Dani!
- Eu tô tão assustador assim de capacete?
- O quê que houve? – perguntou Felipe que chegou correndo para ver o que tinha acontecido. – Eu te ouvi dizer que viu alguma coisa. O que era?
E antes que Bruno pudesse responder a Felipe, o cabide ao lado foi derrubado violentamente, e de trás dele saiu um grande monstro em carne viva, musculoso e intimidador, e maior que qualquer Lycker: era um Réjis Lycker, igual ao que Felipe e Daniel haviam matado em Gravataí. Os dois nem se lembraram daquele bicho, nunca pensaram que enfrentariam um novamente, ainda mais dentro de uma loja, pois era um grande bicho.
O monstro assustou os três, e antes mesmo que eles apontassem suas armas para o monstro, o desgraçado esticou sua língua e agarrou a perna de Bruno, que caiu e começou a ser puxado pelo bicho. Nisso Andre apareceu do nada e com sua faca arrebentou a ponta da língua do bicho, que nisso soltou Bruno. Daniel começou a metralhar o monstro, que não morria. Felipe atirou com sua pistola mesmo, mas ele era imune.
Alyssa estava na porta da loja junto com o chinês detendo outro grande grupo de zumbis que apareceu. Mauro e João se separaram e começaram a correr de um lado pro outro procurando onde estava o tiroteio, mas quem apareceu para salvar eles do Réjis Lycker foi o Capitão André, que disparou rapidamente seis vezes no cérebro do monstro com sua Magnum 357. O monstro caiu fraco, mas ainda tentava acertar alguém com o que restou de sua língua. Andre, ainda com sua faca, tomou coragem e se aproximou do monstro, levantou sua faca com as duas mãos, e a cravou no cérebro dele. O Réjis Lycker deu um grito mais forte mostrando suas presas, e finalmente morreu caindo deitado. A faca de Andre ficou tão cravada na cabeça daquele monstro que ele nem pode pegá-la de volta.
- Ajudem aqui! – gritava João da porta, pois eles não conseguiam conter a grande quantidade de zumbis.
Todos correram para a porta e começaram a ajudar na guerra contra os zumbis. O chinês tocava vários zumbis longe com seus disparos de calibre #12, e Alyssa com sua espingarda. O capitão continuava atirando com seu revólver, acertando apenas na cabeça, mas mesmo assim, aquilo não acabava nunca. Mauro ainda não havia chegado à porta, mas quem chegou foi o agente chamado Jean, que disse para todos se afastarem e jogou uma granada para a rua, e vários zumbis morreram com a explosão. Os que sobraram pegando fogo foram mortos por Andre e Felipe com tiros na cabeça.
- Tá bem Bruno? – perguntou Felipe, mas Bruno respondeu com a cabeça que sua perna apenas estava dolorida, por causa da língua do Réjis Lycker.
- Quanta emoção pra tão pouco tempo...
- É mesmo. – respondeu Alyssa tirando o capacete. – Quando nós iremos atrás da minha mãe, capitão?
- Nos guie até lá, e nós vamos entrando em todos os lugares que haverem no caminho, ok?
- Vamos lá logo! Por favor! – todos podiam perceber de longe que ela estava realmente preocupada com sua mãe.
- Tudo bem. Você sabe onde é?
- Sim. É naquele prédio lá. – disse ela apontando para um dos grandes prédios da cidade, mas ele estava um pouco longe, talvez alguns quilômetros.
Os sete, mais os dois agentes e o capitão seguiram pela rua em destino ao prédio da mãe de Alyssa, eliminando todos os zumbis pelo caminho. Havia muitos zumbis mesmo. Alyssa parecia estar muito preocupada com sua mãe.
Muitos zumbis foram mortos até a entrada do prédio, mas não foi encontrado nenhum sobrevivente. Ao chegarem lá, Alyssa confirmou que era aquele prédio, e que ele devia ter uns vinte andares. Era um dos maiores naquela parte da cidade. Todos recarregaram suas armas, e nem passaram trabalho para entrar no prédio, pois a porta havia sido arrebentada para trás.
- Tenham cautela. – disse o capitão dizendo para Jean entrar na frente.
Jean estava sem capacete, e todos puderam perceber que ele era negro, muito forte, e por causa do idioma que ele falava, os sete perceberam que ele era africano. O capitão André não usava nunca o seu capacete, e o chinês era um pouco baixinho, mas eles ainda não tinham visto sua cara, pois ele não tirou o capacete nenhum momento. Todos entraram enfileirados nos corredores do prédio, que estava bem sujo, e as luzes piscavam.
- O que será que tem aqui? – perguntou Felipe.
Eles seguiam todos juntos, até que chegaram as escadas e os elevadores, que ficavam ao lado da grande e aberta recepção do prédio, que estava bem suja.
- Os elevadores são perigosos, soldados. Vamos pelas escadas. Em qual andar é o apartamento da sua mãe, senhorita?
- No décimo quinto andar.
- E quantos andares tem esse edifício?
- Acho que são dezoito.
- Ok. Soldado Mauro e soldado João, vocês podem ir checar do segundo ao quinto andar. Soldado Andre e soldado Bruno, vocês podem checar do sexto ao décimo andar. Soldado Jean e soldado Naoshiko podem checar do décimo ao décimo quarto andar. Eu e a soldada Alyssa iremos procurar a mãe dela no 15º, e soldado Daniel e soldado Felipe podem checar os andares acima do décimo quinto e o terraço. Procurem sobreviventes, qualquer prova contra a Umbrella, suprimentos, e matem tudo que verem que for infectado. Nos encontraremos aqui em baixo. Vamos!
Todos obedeceram à ordem do Capitão André, e foram subindo as escadas e ficando pelos andares que lhes foram designados. Bruno e Andre ficaram pelo sexto andar.
- Boa sorte! – disse Felipe, e Andre respondeu arrogante:
- Nós não precisamos.
Enquanto os outros subiam as escadas, alguns zumbis apareceram rastejando, e foram eliminados com tiros de pistola, ou quebrando o pescoço deles. Depois quem saiu das escadas e ficou no décimo primeiro andar foram os outros dois agentes. Depois, Alyssa e o capitão foram procurar a mãe dela no 15º, e ela já estava chorando de nervosa só de ver o estado de destruição que estava o prédio. O que poderia ter acontecido com sua mãe?
Felipe e Daniel subiram mais as escadas, e após matar mais dois zumbis rastejando na escadaria, ficaram no décimo sexto andar. Todos os andares do prédio eram formados por um grande corredor, e os quartos aos lados. As paredes tinham pinturas de flores, e no chão havia vários tapetes estampados espalhados por todo o corredor. Algumas janelas tinham grades, e isso era bom, pois nenhum bicho grande entraria pelas janelas. Enquanto seguiam pelos corredores, que estavam como todos os outros, com as luzes piscando, Daniel falou:
- Mano, tu percebeu como o Andre tá mais sério desde que a gente voltou daquela fazenda dos infernos?
- Ele tá assim desde que a Karla morreu lá na fazenda, cara.
- É. Ele até parou um pouco com as babaquices que ele falava.
- Ele tá falando bem menos agora. Mas ele se acha um pouco.
Enquanto conversavam entravam em todos os apartamentos, mas não encontravam nada, além de ouvirem os tiros dos companheiros nos outros andares.
- Eu acho que esse andar tá vazio. Vamos subir pro próximo.
E foi isso que os dois fizeram após se certificarem de que realmente os andares estavam vazios. Subiram até o décimo sétimo andar, e quando chegaram lá tiveram que parar de conversar, pois se depararam com outro “homem-do-avesso” pendurado no teto, babando e pingando sangue, exatamente como aconteceu com eles à primeira vez que viram o Lycker em Gravataí no mercado Carrefour. Felipe e Daniel se olharam, e juntamente começaram a metralhar o monstro, que pulava de uma parede para outra, mas como os corredores eram apertados, ele não tinha muito pra onde desviar dos tiros das metralhadoras dos dois.
- Poupem munição! – disse o Capitão André pelo comunicador, pois ouviu o tiroteio contra o Lycker.
- Tá meio difícil de poupar, né Felipe?
Enquanto isso, Bruno e Andre, já haviam checado do sexto ao nono andar, e só faltava o décimo, e só tinham encontrado zumbis.
- Que tiroteio é esse? – perguntou Bruno.
- Devem ser o Felipe Selo e o Daniel Gometz. São barulhos de metralhadoras. – mesmo que Bruno não gostasse, e nem Felipe e nem Daniel, Andre continuava os chamando com os apelidos que ele inventava.
Ao chegarem ao décimo, se depararam com uma grande quantidade de zumbis. Aquilo estava começando a se tornar rotina, enfrentar cambadas de zumbis ao mesmo tempo. Os dois correram para um quarto onde uma TV estava ligada e as luzes estavam funcionando bem, e de lá começaram a eliminar os zumbis com tiros na cabeça. Andre estava usando a sua metralhadora, mas Bruno disparava rapidamente com suas duas pistolas de fogo rápido.
Felipe e Daniel puseram o último pente de munição em suas metralhadoras após o Lycker cair morto, e chegaram perto para analisá-lo melhor, pois antes não tiveram essa chance.
- Rí, ríiiiiii... Ele parece um orangotango.
- Vamos pro próximo andar logo, Dani. Isso é horrível!
Eles subiram para o último andar do prédio, e quando olharam para o grande corredor, viram ao fundo um zumbi. Mas ele era diferente. Ele estava totalmente podre, mais do quê o normal, e alguns ossos de seu corpo estavam à mostra, como seus braços. Ele era quase um esqueleto. Era o zumbi mais nojento e fedido que eles já tinham visto.
- O quê é aquilo Felipe?
- Acho que é um Crisonhead. – e após acabar de falar, Felipe mirou sua metralhadora, e como estava longe o fim do corredor, ele mirou com sua mira para distância e atirou na cabeça do zumbi, que somente se virou e começou a correr desesperadamente e desengonçadamente, comprovando que era um Crisonhead.
- Meu deus!
Felipe metralhou ele, e ele agüentou muito mais tiros que um zumbi qualquer.
- Morre desgraçado!
- Merda! Olha isso Felipe!
Começaram a sair mais Crisonheads de todos os quartos, e todos corriam daquele jeito até engraçado para cima dos dois.
Enquanto isso, Bruno e Andre ainda estavam no mesmo quarto de antes, eliminando os últimos zumbis. Andre já estava sem munição para sua M2 Bar, e estava usando a pistola, como Bruno.
- Falta só dois! – exclamou Bruno.
- Deixa pra mim!
Andre partiu para cima de um deles no corredor, e passou a faca no seu pescoço algumas vezes até ele morrer, sem gastar mais munição, e Bruno usou seu bastão de choque no outro e depois torceu seu pescoço.
- Deu, vamos descer Bruno.
Mas Bruno não ouviu Andre, pois uma notícia que estava passando na TV ligada lhe chamou a atenção.
- Escuta isso aqui Andre. Rápido!
-... Várias capitais brasileiras já retornaram a sua rotina cotidiana, após o exército brasileiro e novamente uma equipe dita “anti-Umbrella” resgatar sobreviventes no ataque do T-Vírus as cidades. Muitas pessoas já morreram se tornando mortos-vivos, além dos monstros encontrados em quase todas as cidades atacadas pela Tricell Inc. O governo continua a procura do agente da caçada empresa Tricell, que era o infiltrado da Umbrella que “orquestrava” as ações da Capcom em relação aos jogos Resident Evil. Florianópolis, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e mais cinco capitais já foram salvas do horror causado por esse terrível vírus letal. O exército já informou que após acabar com a infecção em Manaus, na Amazônia, irão a destino a cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, que segundo informações também foi atacada pela empresa Umbrella, ou Tricell. O governo acha que a empresa tem os dois nomes: Tricell e Umbrella, somente para confundir mais as investigações. E além de ir a todas as capitais, o exército terá que ir a todas as cidades nas redondezas das capitais atacadas, pois a infecção do T-Vírus pode ter se espalhado pelas cidades que fazem divisa com as capitais. Esperamos que sejam encontrados mais sobreviventes, e que tudo isso acabe logo, ou isso pode acabar se tornando uma epidemia nacional. Quanto à equipe anti-Umbrella, há informações de que seja a mesma equipe que livrou Gravataí-RS do horror do tal vírus no ano de 2009, mas novamente essa tal equipe continua as escuras, sem dar entrevistas, e até saem da cidade quando a mídia e o exército chegam. Eles começam o trabalho, e deixam o exército acabar. A equipe está começando a ser investigada pelo governo brasileiro, mas acredita-se que se trate realmente de uma equipe anti-Umbrella. Também há a possibilidade de ser alguma equipe da própria Umbrella, tentando conquistar o povo brasileiro e passar por cima de tudo. O que já se tem certeza é que se trata de uma equipe bem grande e bem organizada, pois há pelotões desta mesma equipe em quase todas as cidades infectadas. Se realmente for uma equipe formada por pessoas honestas que querem o bem do mundo, nós pedimos encarecidamente que as pessoas dessa equipe, caso estejam nos assistindo, deixem de fazer justiça com as próprias mãos, e deixem que o exército e o governo brasileiro cuidem dos problemas do país. Nós não queremos que mais pessoas sejam infectadas. Mas a cada minuto a infecção nas cidades aumenta, portanto, o exército terá de agir rapidamente para que mortes parem de ocorrer, e em busca de provas contra a Umbrella e sobre essa equipe dita “anti-Umbrella”, que é intitulada de Forças Especiais anti-Umbrella. Mais informações daqui a pouco, agora vamos aos nossos comerciais com...
- Que bom que dessa vez não cortaram a transmissão da televisão. – disse Bruno, e Andre complementou de um modo um pouco diferente:
- A Umbrella vai tomar n...
Mauro e João já estavam de volta no primeiro andar, pois já haviam checado os cinco primeiros andares.
Daniel e Felipe continuavam sendo atacados pelos Crisonheads, mas já eram poucos. Como eles agüentavam muito mais tiros que os zumbis normais, Daniel já estava sem munição na sua M16 e Felipe sem munição para sua G36C. Os dois usavam suas pistolas, Felipe com sua Target #45 e Daniel com sua Bereta M92F.
Os dois atiravam na cabeça dos Crisonheads desesperadamente, pois nunca tiveram que enfrentar zumbis que não morressem com um tiro na cabeça, mas estes, mesmo assim eles continuavam vivos. Ainda faltavam uns quinze, Daniel puxou uma granada e jogou. Ele e Felipe se jogaram no chão para se proteger da explosão, e quase todos os Crisonheads morreram. O último, Felipe lhe chutou com seus golpes de Taekwondo, e depois matou-o usando sua faca.
- Mando bem, hein Felipe...
- É. Heavy Metal!
- Esses caras tão precisando de um banho, né? Que fedorão!
Pelo menos eles usavam os capacetes com máscaras de gás, que diminuíam bastante o mau cheiro do Crisonheads, que cheiravam pior do que os zumbis normais e os monstros.
- Agora vamos pro terraço.
Ao chegarem ao terraço, alguns urubus zumbis apareceram e começaram a voar em volta dos dois, tentando lhes picar. Estava ficando cada vez mais difícil, pois cada vez mais novos monstros apareciam tentando matar eles. Os dois começaram a correr de um lado para o outro atirando com as pistolas para cima até todos os bichos morrerem. Eles nunca tinham enfrentado aqueles animais infectados, mas eles morriam facilmente com um ou dois tiros de pistola mesmo. Havia apenas mais um zumbi perdido, quase na ponta do prédio.
- Rí, ríiiii... – Daniel rapidamente pegou seu bastão de choque e bateu na cabeça do zumbi, que ficou mais tonto ainda.
Nisso, Felipe correu e deu uma voadeira no peito do zumbi, que caiu no chão, bem na ponta do prédio.
- Derruba ele, Dani!
Daniel empurrou o zumbi com os pés rapidamente antes que ele reagisse, e os dois viram o último zumbi daquele lugar cair do terraço do prédio de dezoito andares. Ele se espatifou como um boneco e ficou imóvel no chão lá em baixo.
Depois disso, os dois aproveitaram um pouco a vista, o sol estava se pondo no Rio de Janeiro. Era lindo. Aquele brilho vermelho no horizonte, dando seus últimos raios de luz nos prédios gigantescos da cidade. Eles podiam ver a favela horrível, o Cristo Redentor, e muitos prédios na beira da praia. A praia era interminável, se estendia muito longe fazendo várias curvas. Eles ouviam o tempo inteiro tiros distantes e também explosões, que deviam ser os outros agentes da FEAU fazendo seu trabalho na cidade. Os dois até conseguiram ver na beira da praia alguns pontinhos pretos, que se movimentavam lentamente sem rumo, eram zumbis na areia.
- Que merda, né Felipe! Tudo isso destruído pela Umbrella.
- É. Que pena... Bom, será que o capitão conseguiu encontrar a mãe da Alyssa?
- Não sei.
- Mal dá pra acreditar, né?
- O quê?
- Como o quê, Dani? Nós, aqui, enfrentando o T-Vírus por própria vontade, junto com a equipe do Capitão André, no Rio de Janeiro? Vai dizer...
- Pior que é. Quem imaginaria que o vírus dos nossos jogos existia e que a Umbrella atacaria o Brasil? Ainda mais a gente enfrentando tudo isso, ríiiii...
- É. Mas a gente tem que admitir Dani. Esse lugar é tri massa.
- Eu sempre quis vir aqui. – disse Daniel.
Nisso o capitão falou a todos pelo comunicador:
- Estamos aqui em baixo esperando todos vocês. Venham rápido.
Obedecendo à ordem do Capitão André, todos retornaram a recepção após terminarem a sua ronda em todos os andares. Chegando lá, todos viram que Alyssa estava sem capacete ao lado do capitão, com lágrimas escorrendo de seus olhos azuis em sua clara e limpa face. E a mãe dela não estava lá. Eles certamente encontraram a mãe dela infectada ou não a encontraram.
- Como foram, soldados? – perguntou o capitão enquanto eles se aproximavam.
- Somente frutas, muita bagunça e alguns zumbis, Senhor. – disse o chinês tirando o capacete e revelando um cabelo parecido com o de Daniel, porém preto e olhos bem puxados, além de uma tatuagem na cara. Era algum tipo de símbolo chinês ou tribal, era um desenho bem legal na cara do homem, que tinha uma cara de brabo.
- Nós não encontramos nada, Capitão. – disse Mauro. – Só vento... E cheiro de podre.
João deu uma risadinha da ruim piada de Mauro, e Felipe falou:
- Nós encontramos Crisonheads no último andar, e alguns urubus no terraço.
- Fora os zumbis e outro Lycker.
- Foram vocês que jogaram aquele zumbi lá de cima? – disse Mauro rindo. – Ele parecia um sanduíche caindo! Há, há...
- Como eram os Crisonheads, meu? – perguntou Bruno curioso, mas o capitão o interrompeu:
- E vocês acharam alguma coisa, soldado Andre?
- Só uma cambada besta de zumbis.
- E Capitão, - começou Bruno. – nós vimos uma reportagem na TV falando que algumas cidades já foram salvas do T-Vírus, mas o exército estará a caminho daqui em poucos dias. E a FEAU vai ser investigada daqui pra frente. Eles até tão suspeitando que a FEAU seja alguma equipe da Umbrella querendo conquistar o povo e passar a mão por cima dos fatos, tá ligado, encobertar tudo.
- É isso aí! – falou Andre. – E nós precisamos de munição, Senhor.
- Logo vamos reagrupar a equipe e veremos isso.
- E a sua mãe, Alyssa? – perguntou Bruno se aproximando.
Ela não respondeu e voltou a chorar.
- Nós só encontramos este arquivo. – disse o capitão estendendo a mão para que todos pudessem ver o que estava escrito no bilhete que eles acharam:
“Os mortos chegaram aqui. Caso alguém apareça no meu apartamento, seja quem for, estarei na casa da Lúcia, na Rua Santa Paixão, na Favela da Graça. Qualquer notícia de minha filha, por favor, me procure. Caso você apareça filha, saiba que eu te amo! Quero muito te ver! E se alguém me achar como uma daquelas coisas, por favor, impeça que eu transforme mais pessoas em mortos-vivos, e que mande notícias a minha filha Isabela, e diga a ela que eu a amo. Ela está em Porto Alegre, no sul. Mas espero que nada disso aconteça. Estarei esperando notícias e ajuda, pois os mortos chegaram aqui, fora àquelas horrendas criaturas! Por favor, alguém venha nos encontrar! Estou com medo! ASS – Márcia Ferrão
Alyssa estava envolta em lágrimas, e todos ficaram alguns segundos em silêncio em respeito à garota. Então ela mesma rompeu o silêncio.
- Nós vamos ir lá, não é?
- Quem é a Lúcia citada no bilhete de sua mãe?
- É uma amiga dela que mora no morro. Mas lá onde ela mora até que não é tão perigoso. É uma das favelas que a policia já pacificou. Mas nós vamos ir lá? – ela chegava a soluçar enquanto falava com a voz tremida.
- Positivo. Mas por favor, recomponha-se, assim você não está em estado de combate. Nós precisamos de você nesta missão. Bom, nós teremos que nos reencontrar com o resto da equipe na beira da praia, pois lá é o ponto mais aberto e de mais fácil acesso para tantos agentes. Nós iremos para lá agora, e lá nós pegaremos mais munição, descansaremos um pouco, e veremos se algum outro batalhão encontrou algum sobrevivente. Teremos de ir logo, já é noite. Mas com certeza encontraremos sua mãe, soldada.
- Capitão. Por acaso a gente não vai dar uma passada lá no Cristo Redentor? – perguntou Daniel sorrindo, e tentando quebrar o clima triste.
- Negativo. O batalhão de Wender esteve lá hoje. Logo saberemos o que eles encontraram naquela área. Pode ser perigoso, pois abrange bastante mata, pode haver muitos animais infectados.
- É que eu sempre quis ir lá!
- Nessas condições! Tá louco! – exclamou Mauro botando seu capacete de volta por cima da cabeleira de Lúis Sera.
Nisso, todos se viraram rapidamente para trás, na direção da garagem do edifício, pois um som de pegadas ecoou no silêncio que estava o Rio de Janeiro, a não ser pelos tiros ouvidos a distância, certamente sendo disparados contra algum zumbi ou monstro.
Aos poucos, a escuridão aumentava, junto com a ansiedade deles de saber que animal estaria caminhando por ali, e com certeza não era nenhum zumbi, pois eram pegadas mais rápidas e pesadas. Todos já estavam com as armas preparadas para qualquer coisa que aparecesse, e estavam mirando na direção do som, mas foram surpreendidos por uma criatura de pele escamosa verde, que caminhava como um ser humano, mas o resto era totalmente diferente. Parecia ter garras no lugar das mãos, parecidas com os Lyckers, mas andavam de pé. Ele era muito horrível, seus olhos claros contrastavam com sua escura pele esverdeada, e ao olhar na sua cara todos podiam perceber que era um sapo ou um lagarto. Ele dava passos grandes e rápidos, e ele era um corcunda, com o corpo bruscamente inclinado para frente.
- É um Hunter! Atirem!
Todos estavam assustados com aquela imagem, a não ser o Capitão e os dois agentes, que haviam enfrentado outro Hunter antes de buscarem os sete em Gramado. Sem pensar duas vezes, todos começaram a atirar com a arma que estavam em mãos, disparando pra cima do bicho verde, que não se intimidou com os tiros e deu um pulo muito grande, caindo velozmente com suas garras apontadas para baixo direto em cima do africano Jean, que caiu no chão na mesma hora, certamente desmaiado.
O Hunter havia acertado a cabeça do africano. Ninguém parou de atirar, e o Hunter deu um grito agudo parecido com um gato quando está encarando o cachorro, e caiu morto.
Alyssa pôs os dedos no pescoço de Jean, mas logo viu que ele estava sem batimentos.
- Droga! Acho que ele morreu! – ao dizer isso, Alyssa olhou para o Capitão André, que estava olhando seriamente para o corpo de Jean, e atrás dele todos os outros estavam em silêncio com as mesmas expressões de medo, tristeza e raiva em seus rostos.
- Ele deve ter acertado a cabeça dele.
- E o que faremos agora capitão? – perguntou Bruno sem tirar os olhos do corpo de Jean aos pés dele, ao lado da criatura verde.
A criatura soltou um sangue esverdeado de todos os buracos feitos pelos tiros, e Jean tinha um pouco de sangue em volta de sua cara que se encostava ao chão. Ele havia tido traumatismo craniano, certamente.
O Capitão André permaneceu alguns segundos em silêncio olhando para o corpo do ex-agente. Depois ele levantou a cabeça olhando diretamente para Bruno.
- Vamos sair daqui antes que ele vire um zumbi.
- Mas nós vamos deixar ele aqui, assim? – exclamou Felipe chegando mais perto do capitão.
- Pelo menos vamos deixar o corpo dele em algum lugar que os zumbis não o devorem. – disse João.
Mas quando o Capitão André abriu a boca para responder, Mauro começou a atirar em um Lycker que caminhava pelas paredes do edifício. Todos voltaram a atirar, contribuindo com Mauro, e o Lycker caiu morto alguns metros à frente.
Depois de acabar mais uma vez a ação, e com a tristeza de saber que Jean morreu, todos ajudaram a carregar o corpo dele até a recepção do prédio. Talvez lá os zumbis e monstros não o achassem.
- Descanse em paz, amigo. – disse o chinês fechando tapando a cara de Jean com o capacete do africano.
- Vamos logo, soldados. A noite é mais perigosa. Precisamos reagrupar com os outros batalhões.
Todos estavam com muito pouca munição, e por isso tiveram que improvisar durante todo o caminho até a beira da praia. As ruas eram ventiladas por um vento agradável, que aliviou um pouco o mau cheiro que a cidade estava. O céu estava estrelado e a lua iluminava a praia ao longe. A maioria dos postes de luz estava funcionando, e isso ajudou na movimentação deles até a praia. No grande caminho que percorreram até lá, enfrentaram alguns urubus zumbis, que eram facilmente eliminados com os bastões de choque, e outra grande remessa de zumbis, onde se esgotou a munição de todos eles.
Ao chegarem à praia iluminada pelo luar, tiveram um tempo para descansar sentados na beira da água, que batia na areia calmamente, com suas pequenas ondas fazendo um barulho ótimo, depois de ouvir tantos tiros e explosões. Após algum tempo, depois que todos os agentes estavam ali, o Capitão ordenou que todos se sentassem para ouvi-lo. Mesmo tendo centenas de agentes ali, todos podiam ouvir bem o que o capitão falava, pois todos ficavam totalmente em silêncio, além do imenso silêncio que se encontrava a cidade.
Após todos se sentarem na areia ao lado de seus equipamentos, todos voltaram seus olhares para o Capitão André, que estava de costas para o oceano e de frente para os agentes. Ao lado dele estava Van Der Wender e uma mulher de cabelos castanhos e cacheados, olhos escuros, pele clara e limpa, da mesma altura de Wender, e um corpo bem definido. Devia ser a capitã do batalhão #3. Ela era bonita, talvez fosse brasileira também.
O Capitão André começou a falar:
- Soldados, nada de sobreviventes?
O silêncio permaneceu e respondeu a resposta do Capitão André: nenhum sobrevivente foi encontrado.
- Mas nós não vamos desistir! – ele continuou sem se entristecer. – Wender, o que você relatou?
- Eu e meu batalhão inteiro estivemos no Cristo Redentor, nas zonas de mata do morro e em todas as partes rurais abaixo do morro. Não encontramos sobreviventes em lugar algum, todas as pessoas que achamos eram zumbis. Houve uma fazenda onde um cavalo zumbi nos deu um pouco de trabalho. Todas as fazendas na pequena zona rural da cidade estavam infestadas de fazendeiros e animais zumbis. Nas zonas de mata fechada no morro, enfrentamos uma infestação de Hunters e Glimers. Perdi muitos homens lá, infelizmente. – todos escutavam o que o holandês dizia atentamente, e podia-se ver no rosto de cada um as esperanças de encontrar sobreviventes diminuindo a cada segundo. – No Cristo Redentor, fomos atacados por uma grande quantidade de Crisonheads, onde muitos agentes meus morreram lá também. Lá perdemos muita munição. E logo depois fomos atacados por muitos urubus zumbis, eu nunca vi tantos daqueles bichos juntos! Os desgraçados acabaram derrubando o helicóptero onde o subchefe de meu batalhão estava. Ele se foi. Eu sinto muito. – Van Der Wender estava de cabeça baixa, segurando as lágrimas.
Muitos de seus amigos haviam morrido, e a raiva que ele estava sentindo pela Umbrella era igual a que todos os outros agentes estavam sentindo. Mas Wender se recuperou e voltou a falar:
- Metade de meu batalhão foi eliminado. Deve haver uns sessenta ou cinqüenta homens ainda. Vários foram infectados pelos Crisonheads e pelos urubus, mas como não havia amostras do antivírus para todos, alguns tiveram de ser eliminados depois de se transformarem, infelizmente. – e baixou a cabeça novamente.
A praia inteira estava envolvida naquele clima de tristeza e também raiva. O único som além das vozes deles, era o barulho suave e agradável da água do oceano.
- E você, Júlia? – disse o capitão André se dirigindo a mulher ao seu lado.
- As amostras que eu trouxe também não foram suficientes. – começou ela com sua voz suave e bonita. – Nós nunca enfrentamos tantos infectados assim! Uns trinta agentes do meu batalhão morreram. Nós passamos a manhã limpando a praia dos zumbis, e até enfrentamos um Aligator. – Aligator eram os crocodilos infectados pelo T-Vírus. – Ele era muito maior do que um crocodilo normal, e acabou matando alguns agentes meus e também meu subchefe, Carlos. – ao dizer isso ela enxugou as lágrimas que estavam prontas para escorrer pelo seu rosto. – Pelo resto do dia passamos fazendo a ronda nos bairros pequenos da cidade, e enfrentamos muitos Lyckers, muitos Cérberos, alguns Réjis Lyckers, e muitos zumbis. Não encontramos nenhum sobrevivente, Capitão. Temo que todos já tenham se infectado.
- Eu pensei que fosse a única mulher aqui. – comentou Alyssa com Bruno.
- Mas você é única... – respondeu ele baixinho.
- Eu dividi o meu batalhão em vários grupos pequenos, - disse o Capitão André sério. – e nós fizemos a ronda pelo centro da cidade. Encontramos um Réjis Lycker, muitos Lyckers, Crisonheads, zumbis, urubus, e um Hunter. O agente Jean Paulo Rutan foi morto por um Hunter. Eu não tenho conhecimento se outros agentes de meu batalhão morreram, mas também não encontramos nenhum sobrevivente. Marcos, eu quero que você faça a contagem dos agentes e depois me passe. Dos três batalhões. Eu quero saber exatamente quantos agentes morreram. Agora poderemos descansar um pouco durante algumas horas. Aproveitem para recarregar suas armas com os subchefes de seus batalhões, e durmam um pouco. Agora é meia-noite. Às cinco horas, antes do sol nascer novamente sairemos para continuar a missão.
- Capitão, - disse Marcos. – Florianópolis, São Paulo, Belo Horizonte, Vitória, Goiânia, Coritiba, Salvador e Fortaleza já foram salvas pelo exército. Os batalhões que estavam nestas cidades já estão de volta às bases, e poucos agentes morreram. Parece que nós estamos na pior mesmo. Além disso, o governo está investigando para saber se nós realmente somos uma equipe clandestina anti-Umbrella. Alguns estão achando que nós somos uma equipe da Umbrella tentando conquistar o povo para encobertar o assunto. O governo ainda está investigando Endo Oono. Querem pegar ele para descobrir tudo por trás da Umbrella. Mas acho que nós devemos pegar ele primeiro.
- Eu também acho. Mas eu já estava ciente disso tudo. O nosso amigo soldado Bruno me informou tudo isso. Obrigado Marcos. Agora descansem soldados – disse o capitão se dirigindo a todos agentes. – daqui algumas horas nós todos voltaremos ao trabalho. Aproveitem para se alimentar, pois este foi só o primeiro dia. E amanhã teremos que ser mais eficientes do que fomos hoje, pois o exército poderá chegar a qualquer momento. Agora... Intervalo.
Quando ele parou de falar, todos agentes se levantaram da areia e se dirigiram diretamente a Marcos, pois como os subchefes dos outros batalhões morreram, todos teriam que recarregar suas munições com Marcos.
Ele carregava várias caixas de madeira, de onde tirava granadas, pentes de metralhadoras e de pistolas, cartuchos de espingardas, todo tipo de munição. A aglomeração de agentes em cima dele diminuiu rapidamente, e então os sete foram recarregar suas armas. Eles se encheram de munição o máximo que puderam, depois todos eles pegaram umas frutas para comer e se sentaram na areia novamente, para descansar.
João sentou-se e começou a limpar e mexer na sua FN-2000 a observando cautelosamente, como se nunca tivesse visto uma arma. Mauro estava ao lado dele, deitado na areia dura tentando tirar um ronco, pois o tempo era curto. Alyssa e Bruno estavam sentados perto de Felipe e Daniel, que ainda comiam suas maçãs. Andre era o que estava mais distante, estava sentado em uma duna de areia, com os braços apoiados nos joelhos e olhando cegamente para o oceano, certamente pensando na missão ou em Karla, ou sabe-se lá no quê... O Capitão André conversava com Wender e a tal Júlia, capitã do batalhão #3. Marcos estava guardando as caixas de madeira com o resto das munições em um dos helicópteros, e as dezenas de agentes estavam espalhados por toda beira da praia, alguns caminhando de um lado para o outro, outros tentando dormir, alguns conversando, e outros mexendo nos seus equipamentos.
- Será que a gente vai encontrar alguém? – perguntou Bruno tirando todo o equipamento.
- Talvez pode ser, mas de repente não... – disse Daniel, que estava deitado para trás, com os joelhos para cima, sua mão direita servindo como travesseiro e a esquerda levando a maçã à boca.
- Mas quando o exército chegar à gente vai ir embora? – perguntou Alyssa, que estava com a cara inchada de tanto que chorou durante todo dia.
- Acho que sim, Alyssa – respondeu Bruno, que estava ao lado dela. – mas a gente vai pegar a sua mãe antes. Não se preocupa. Tá?
- Tá bom.
Nisso Daniel acabou de comer sua maçã, soltou um arroto estrondoso que até fez Alyssa rir, e jogou o caroço longe.
- Bá cara, tá louco. Eu tava pensando – disse Felipe mastigando sua maçã. - como a gente foi burro quando aceitamos a missão que a Dados trouxe pra nós ano passado.
- Pior, Felipe! Só nós mesmos pra acreditar que pagariam meio milhão pra nós, um bando de gurizada. Há, há... – riu-se Bruno.
- Será que aquela desgraçada da Angelina é responsável por tudo isso? – perguntou Daniel. – Sei lá, tipo assim, a presidente da Umbrella...
- Acho que não é ela. – disse Alyssa. – Ela deve ter um cargo importante lá, mas acho que ela não é a poderosa. Talvez ela só fosse responsável pela Dados Corp.
- Também acho. – completou Bruno.
Mauro conseguiu dormir, e João foi até um helicóptero, e pediu que um a agente lhe ensinasse como se pilotava. Ela achava muito interessante o helicóptero, só por ele ter um painel cheio de botões, e ele sabia que era o único ali esperto o bastante entre os sete para pilotar um dos “pássaros”. Andre vinha caminhando lentamente com sua arma na mão, a segurando como se fosse uma sacola de mercado.
- Qual é o papo, aí? – perguntou Andre, chegando e sentando entre Bruno e Alyssa, e os dois se olharam, como quem diz: “... ele não se liga!”.
- Mas vocês lembram o que o capitão disse quando a gente tava vindo pra cá? – perguntou Felipe. – ele disse que a Umbrella avisou um dos agentes da FEAU que atacariam todas as capitais, e que queriam pegar nós sete.
- Mas o que isso significa? – perguntou Alyssa não entendendo o que Felipe quis dizer.
- Quer dizer que eles estão planejando alguma emboscada pra nós. Eles não teriam outro motivo pra avisar a FEAU sobre o mal que eles estavam prontos pra fazer.
- É. – concordou Bruno.
- E eles estavam falando a verdade. Eles infectaram todas as capitais mesmo. Mas por que será que só aqui tem tantas BOWs?
- Talvez por que aqui que está o Capitão André. Pode ser isso que eles querem. Nós sete e o capitão. – argumentou Andre, mais sério do que nunca.
- Mas pra quê? – Alyssa estava confusa.
- Nós já vimos um pouco do que a Umbrella é capaz. – continuou Felipe. – imagine como seria mais fácil pra eles se a FEAU não existisse...
- Sem o Capitão André a FEAU não sai do lugar, eu acho. – falou Daniel se sentando direito.
- É. – Bruno concordou novamente.
- Mas o quê que a Umbrella pretende? Pra que fazer tanto mal assim pras pessoas? – perguntou Alyssa inconformada.
- Se eles estiverem mesmo fazendo tudo como nos jogos do Resident... – explicou Bruno. – Eles devem estar tentando transformar o T-Vírus em algo normal, tipo assim, domesticar os zumbis. Se isso acontecesse, a Umbrella mandaria em tudo. Se o mundo todo estivesse infectado e “domesticado”, a Umbrella teria controle de tudo. Com certeza eles são loucos. Mas é só o que eu acho.
- Se for isso Bruno – falou Felipe jogando fora o caroço de sua mastigada maçã. – a Umbrella tem alguém bem louco no comando, alguém louco o bastante para querer matar toda a população mundial. E acho que não é a desgraçada da Angelina. Ela deve estar lá apenas pela grana que pode receber.
- Ou não, Selo. – começou Andre. – Ela pode ter alguma ligação com o presidente da Umbrella, ou ela também é louca.
- Pois, pois...
A conversa deles durou mais alguns curtos minutos, e logo todos estavam caindo para trás, tentando dormir, mas com toda aquela tensão, era difícil dormir, ainda mais sabendo que a qualquer momento podiam ser atacados por um monstro faminto e destrutivo.
Eram exatamente cinco da manhã, e o Capitão André reuniu os três batalhões novamente, e começou a falar:
- Então... Soldados, aprontem-se logo. Ao momento que forem botando o equipamento, podem ir seguindo a missão. Ainda não iremos à favela, primeiro terminaremos com a ronda na cidade. Como a favela é a parte mais perigosa do Rio, faremos a ronda lá por último. O canto oeste da cidade ainda não foi checado, nem as saídas da cidade. Batalhão #2 e #3, façam a ronda em todos os limites e saídas da cidade, enquanto eu e meu batalhão faremos a ronda em todos os bairros da zona oeste do Rio. Ao final da ronda todos os batalhões venham para cá novamente. Todos estão cheios de munição, não é? Tentem voltar com um pente cheio, pelo menos, pois há somente três caixas de estoque guardadas. Não pensei que precisaríamos de tanta munição assim. Vocês sabem como agir: matem todos infectados que virem, e qualquer pessoa que acharem viva, tragam junto de vocês. A cidade está cheia de BOWs, portanto, sejam cautelosos, pois já perdemos muitos companheiros, e ninguém aqui quer morrer. – o capitão falava virando a cabeça, seu olhar dando a volta no olhar de cada agente. – Os helicópteros ficarão aqui na beira da praia. Acho que ninguém vai roubá-los... Nós vamos utilizá-los somente amanhã, quando formos subir a favela. Agora vão.
Nisso, se iniciou a correria pela praia, e logo, só ficaram os agentes do batalhão #1. O capitão chamou Alyssa e disse a ela que ela teria que esperar mais um dia para ver sua mãe, pois a cidade era grande, e eles tinham que fazer a ronda em toda ela, para somente depois subir a favela. A favela seria muito mais perigosa, mas eles não podiam deixar partes da cidade para trás. Ela teve bom senso e aceitou esperar mais um dia.
Eles e todo o Batalhão #1 seguiram em direção a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, para checar os bairros daquele lado da cidade. Eles levaram o dia inteiro e algumas horas depois do anoitecer para terminar a ronda. Mas infelizmente o segundo dia foi pior e mais triste que o primeiro dia.
Muitos agentes morreram do batalhão #1 durante a ronda na zona oeste. Um foi atacado de surpresa por um cachorro Pitt Bull infectado, e o cachorro estraçalhou a cara do homem; vários foram pegos por zumbis e até Crisonheads; muitos Lyckers apareceram e pegaram pelo menos quinze agentes que estavam já sem munição; mais dois Hunters apareceram, e mataram uns cinco agentes, um deles era o chinês que no dia anterior esteve junto com os sete no edifício da mãe de Alyssa; um foi atacado por um monte de papagaios infectados em uma casa que parecia ser de algum colecionador de pássaros; pelo menos uns vinte e cinco agentes morreram ao dispararem em zumbis dentro de uma casa de três andares. O gás estava vazando, e quando dispararam a casa explodiu. Os sete e o Capitão André foram atacados por alguns Cérberos em uma casa, mas ninguém se feriu, exceto um momento em que o Capitão André matou o último cachorro no instante em que ele ia morder Alyssa.
O plano inicial era os três batalhões se reencontrarem novamente na beira da praia, mas quando terminou a ronda naqueles bairros assassinos, Marcos informou o capitão que Manaus e a Amazônia já estavam a salvo do T-Vírus, o Capitão se apressou a avisar todos os batalhões pelo comunicador que se encontrariam no centro da cidade, em alguma praça. Eles tinham que se apressar, pois o exército estava a caminho do Rio de Janeiro. E o pior de tudo era que não foi encontrado nenhum sobrevivente mesmo! Restava saber dos outros batalhões se encontraram alguém. Eles tinham que tentar encontrar pelo menos a mãe de Alyssa antes de o exército chegar à cidade, pois eles já estavam a caminho, e todos sabiam perfeitamente que Alyssa não iria sair de lá sem notícias se pelo menos sua mãe estava viva. E o Capitão André sentia que essa era uma grande obrigação dele ali: encontrar a mãe de Alyssa!
As esperanças de todos diminuíam a cada vez que disparavam contra zumbis ou monstros da Umbrella. Será que toda a cidade já estava morta? Será que ninguém se escondeu para esperar ajuda? E onde estavam os agentes da Umbrella? Todas essas perguntas estavam começando a se multiplicar na cabeça de cada um, mas única coisa que restava era a esperança.
Era mais de meia-noite quando todos se encontraram em uma praça ao ar livre da cidade, onde as pessoas costumavam fazer caminhadas e piqueniques com os amigos, mas a Umbrella conseguiu acabar com toda essa felicidade. Tudo estava morto, vazio, silencioso, ninguém caminhando, nenhuma criança brincando, as árvores secando, tudo fedendo a carniça, e um silêncio mortal rondava tudo isso, a não ser pelo leve vento batendo nas folhas das árvores, que já estavam secando.
Mas havia muito poucos agentes ali.
- Wender! Onde estão os agentes do batalhão de Júlia? – perguntou o capitão André um pouco nervoso quando Wender e seus homens voltaram, só estavam alguns agentes do Batalhão #2 junto com Wender, e ainda assim eram muito poucos.
Van Wender ficou em silêncio e tirou o capacete, como todos os seus agentes que ali estavam. Aquilo foi o bastante para o Capitão André perceber o que havia acontecido.
- Eles se foram, capitão, até a Júlia. – começou a explicar o holandês Wender. – Nós estávamos todos juntos fazendo a ronda nos limites da cidade, mas quando estávamos em um dos pedágios da principal estrada que dá saída à cidade, nos deparamos com dois Tyrants. Eles acabaram com tudo, e com todo mundo. Todo o Batalhão #3 foi eliminado, infelizmente. A situação está bem séria desta vez, capitão. Parece que desta vez a Umbrella venceu, capitão. Os agentes que sobreviveram do meu batalhão são estes que estão aqui conosco. Sinto muito. Não foi fácil confrontar dois Tyrants.
Havia apenas doze agentes do Batalhão #2, de Wender. E todos estavam feridos, e com curativos tapando os machucados e mordidas. Mas eles deviam ter usado o antivírus, com certeza. Cortes nos uniformes, sangue escorrendo pelos braços e pernas, um tinha uma ferida no pescoço, uns estavam com a mão sobre a barriga, mancando, cansados, todos já sem muitas forças, alguns já não tinham mais as luvas, outros com as lanternas quebradas, as botas com rasgões feitos por dentes, e muita dor no corpo todo. Estava um inferno!
- Droga! – exclamou o Capitão André dando um soco numa árvore próxima. Ele não sabia o que fazer.
- O que faremos capitão? – perguntou um dos agentes do Batalhão #1, um com sotaque espanhol e o capitão respondeu após olhar para cada um, e ficar alguns segundos pensando.
- Pelo jeito ninguém encontrou nenhum sobrevivente, não é?
- Não. – respondeu Wender. – quem sabe a gente aborta a missão, Capitão André? Muitos de nossos homens já morreram. Isso tem que acabar.
Mas o capitão pareceu não ouvir o que o holandês disse e continuou fazendo perguntas:
- Como estão de munição?
- Nada. Gastamos tudo contra os Tyrants.
- Nós também estamos vazios, capitão. – disse João, se referindo aos sete amigos.
Os sete estavam mais quietos do que nunca, pois como todos os agentes da FEAU, o líder era o Capitão André, e o que ele decidisse todos obedeceriam.
- Quantas amostras do antivírus você ainda tem, Wender?
- Nenhuma. Usei todas em meus agentes. Até eu fui mordido no braço. Eu acho que devemos abortar essa missão, capitão. – e praticamente todos os agentes pareciam concordar com ele.
Todo mundo queria voltar pra casa, fingir que a Umbrella era só a empresa dos jogos Resident Evil, que nada disso aconteceu no Brasil, e tomar chá com biscoitos assistindo um filme de comédia. Mas a realidade era diferente, o Brasil estava sendo devastado pelo T-Vírus. Eles estavam sozinhos naquela cidade, podia-se ver a tristeza, o medo e a vontade de ter uma vida normal no olhar de cada um, mas isso só aconteceria depois que a Umbrella não existisse mais.
Na realidade, Felipe, Daniel, Bruno, João, Mauro e Andre também queriam voltar, mas eles sabiam que Alyssa sofreria muito se não encontrasse sua mãe. Seria muito para ela: primeiro a separação de seus pais; depois à distância para visitá-los, o pai em Gravataí e a mãe no Rio de Janeiro; e terminar com a morte de sua mãe, seria terrível para ela. Todos sabiam que havia muitas chances de encontrarem a mãe dela estraçalhada por um monstro, transformada em um zumbi, ou até mesmo nem a encontrarem, e Alyssa também sabia disso, mas ela tinha que verificar, ou sua consciência lhe incomodaria pelo resto de sua vida. E dependia do Capitão André. Ele teria que escolher entre salvar a vida de seus agentes suspendendo tudo e voltar para casa, ou salvar a felicidade da garota de saber como está sua família, arriscando a vida de mais pessoas.
- Marcos. – começou o Capitão André, decidido após passar um tempo olhando para os amigos e para Alyssa. – Eu quero que entre em contato pelo seu rádio com todas as bases, e reúna todos os batalhões na base principal na Bahia, pois logo sairemos daqui e iremos direto para lá para uma reunião com todos os batalhões. Distribua a munição para todos agentes que aqui estão, pois subiremos a favela agora mesmo. Quantas amostras do antivírus ainda têm?
- Quinze. Mas, senhor... Estou começando a achar que não restou ninguém vivo, ou já teríamos encontrado. – disse Marcos tentando convencer o capitão, pois todos já haviam perdido quase todas as esperanças, menos Alyssa, mas o capitão estava decidido.
- Meus amigos, eu sei que todos aqui querem voltar para casa descansar, ninguém mais quer morrer, e sei que todos vocês estão aqui por vontade própria, porque sabem e acreditam que a Umbrella existe. As coisas estão mais difíceis do que em todas as missões que vocês já passaram, mas nós não podemos desistir! – o capitão dizia olhando na cara de cada um, e todos lhe escutavam com atenção e compreensão. – Acho que devo lhes contar mais sobre o que tive que agüentar em Ostia, quando eu morava lá e a Umbrella dissipou o T-Vírus lá. O estado da cidade ficou pior do que aqui, muito pior. Havia dez vezes mais monstros do que zumbis, e não eram poucos zumbis. Eu vi muita gente ser devorada por monstros ferozmente na minha frente, e eu não tinha ninguém pra me ajudar, e eu resisti! Eu perdi tudo que tinha, minha casa, meu carro, minha família... – ao falar de sua família, os olhos do Capitão André começaram a se encher de lágrimas, mas ele as segurou e continuou falando com um tom de sabedoria. – Eu os vi serem despedaçados por monstros e eu não pude fazer nada, muitas crianças morreram, e tudo ficou totalmente destruído. Foi por ver tudo aquilo que eu decidi montar essa equipe. E agora a Umbrella está atacando o nosso Brasil, nem todos aqui são brasileiros, mas todos somos seres humanos, e a Umbrella tem pagar por isso, um dia pagará! Mas se nós não agirmos e tentarmos impedi-los, quem os impedirá?
Todos permaneceram em silêncio, alguns de cabeça baixa, comovidos com as lágrimas do Capitão André, pensando nas palavras dele. Realmente, as mortes tinham que acabar, e subir a favela com tão pouca munição era loucura, mas eles tinham que fazer alguma coisa mesmo, se não, quem faria?
O Capitão André percebeu que conseguiu convencer um pouco os agentes, então enxugou o rosto e falou:
- Então nós subiremos a favela em busca da mãe da soldada Alyssa, e teremos que ser rápidos, pois o exército está a caminho. Pegaremos a mãe dela e fugiremos. Esqueçam os helicópteros na beira da praia, não temos tempo para buscá-los. Vamos subir a favela de a pé mesmo. Utilizaremos a munição que temos, e vamos encontrar a mãe dela. – ele estava muito decidido, mas ele sabia que com essa decisão ele poderia estar matando os últimos agentes de seu batalhão e do de Wender, e poderia estar matando também os sete...
Em silêncio, todos dividiram as munições e prepararam os equipamentos para subir a favela. Finalmente... Todos eles finalmente iriam conhecer a famosa favela do Rio de Janeiro, que até então eles só tinham visto em filmes ou novelas, mas desta vez eles estariam lá, armados contra a Umbrella – simplesmente uma ironia do destino...
E era difícil acreditar que após tanta coisa, tantos monstros, tanta destruição, tantas mortes, felizmente nenhum dos sete havia sido infectado ou morto... E eles com certeza eram os mais novos e menos experientes ali.
Alguns minutos depois, todos abandonaram os suprimentos e munições nos helicópteros na praia e começaram a subir as lombas que levavam a apertada favela. A Favela da Graça, onde a mãe de Alyssa poderia estar escondida na casa da amiga, ficava a vários quilômetros favela acima. Para chegar lá, eles teriam que atravessar várias outras favelas, e isso com certeza seria perigoso.
- Vai que a gente encontra alguma arma dos traficantes, por aí? – brincou Daniel. – Sei lá, tipo uma bazuca ou uma metralhadora forte. Ué, quem sabe?
 As ruas eram apertadas, talvez dois carros passassem apertadamente lado a lado. Poucas ruas tinham espaços para caminhões passarem, e quanto mais pra cima do morro, mais eram apertadas as ruas. Poucos carros estavam parados pelas ruas ao contrário do centro da cidade, e todos que estavam parados na favela eram carros velhos e descuidados, além dos que estavam pegando fogo, ou destruídos por algum monstro. Havia muitas motos espalhadas pelas ruas, principalmente motos de tele-entrega, muito comuns na favela.
As paredes de quase todas as ruas eram pichadas, com marcas e letras correspondentes as gangues, quadrilhas, bondes e traficantes de cada local. Nem as portas das pequenas lojas escapavam daquele vandalismo. E vandalismo era uma coisa que não faltava naquele lugar. Vidros quebrados, muita pichação, luzes quebradas, todas essas coisas... Havia algumas pequenas lojinhas, com portas de ferro daquelas de enrolar para cima pichadas com spray. Havia muitos bares, botecos, minimercados, as casas eram amontoadas umas sobre as outras, o que dava um visual esquisito ao lugar. Muitas portas e janelas em volta, casas com lajes em vez de telhados, muitas varandas com arames pendurando roupas lavadas, e muitos becos por entre as lojas e casas, com escadarias em curva onde só cabia uma pessoa, e alguns becos com árvores. Havia até mais daqueles becos apertados do que ruas. Tudo parecia um labirinto.
Todas as ruas eram lombas que subiam e desciam, obviamente. Nos becos havia lixeiras esparramando lixo, bueiros abertos, objetos aparentemente quebrados, como televisões e rádios velhos, e tudo parecia feder a mijo. Todas as ruas estavam muito sujas mesmo, com papeis e jornais por todo canto, estilhaços de vidro, baratas andando por todo lado, um fedor muito forte já comum do lugar além do forte cheiro de carniça dos zumbis, simplesmente era um lugar horrível para se morar.
Como ainda era noite, os postes que funcionavam, que não estavam destruídos iluminavam suavemente as apertadas ruas, mas do mesmo jeito era um lugar muito obscuro, apavorante à noite, ainda mais naquele silêncio absoluto. Eles realmente estavam nervosos e assustados com tudo aquilo. A sujeira, o fedor do lugar, a destruição das casinhas e lojinhas, a pichação, e principalmente o forte silêncio era o que tornava aquele lugar num lugar que assustava, pois tudo aquilo representava morte, era um lugar morto. Aquele silêncio era a morte pairando sobre a cidade... Simplesmente assustador. Todo o silêncio junto com tantas portas, corredores e janelas escuras davam a impressão de que eles estavam sendo observados o tempo inteiro, por todos os lados, como se fossem a presa.
Mas será que eles encontrariam algum sobrevivente? Será que se houvesse alguém vivo e não infectado já não teriam encontrado? Nenhum policial ou traficante? Eles podiam ter chances de sobreviver, pois andavam armados... Se alguém estivesse vivo já teria ouvido os tiros deles e teria os procurado... E o pior: será que a mãe de Alyssa estaria até agora a salvo, escondida talvez...
O sol iria nascer em uma meia hora, e eles subiam a favela com as lanternas dos uniformes acesas, sendo guiados por Alyssa, que de longe apontou para cima mostrando onde ficava a Favela da Graça, onde procurariam por sua mãe. Ela até parecia estar mais tranqüila. A equipe tinha sido realmente exterminada, pois havia doze agentes do Batalhão #2, e o Capitão Wender, e do Batalhão#1, o Capitão André, Marcos, os sete e mais dezesseis agentes. Eram muito poucos agentes. Mais de duzentos agentes morreram somente nesta missão, fora os agentes dos outros batalhões que foram as outras capitais. Quantos mais teriam morrido? Sem contar todas as pessoas que morreram infectadas ou talvez mortas por agentes da Umbrella. Uma coisa eles sabiam, um dia a Umbrella iria pagar por todo o mal que estava cometendo.
O Capitão espalhou os seus agentes por diferentes becos, para que subissem a favela por caminhos diferentes. Ele, os agentes do batalhão de Wender, o holandês, Marcos e os sete subiam juntos. A noite estava muito escura ainda, poucos postes de luz ainda funcionavam, todos eles estavam com as lanternas de cintura acesas, e com munição contada. Todos tinham uma granada Frag e apenas um ou dois pentes extras somente, que com certeza seria pouco até o alto da favela se continuassem enfrentando monstros. Como aquele lugar era um labirinto, poderia haver muitos zumbis e monstros perdidos por ali, que devem ter comido todas as pessoas da favela e depois não acharam o caminho para descer à cidade.
Tudo era confuso, e muitos becos eram sem saída, então a única coisa certa que eles sabiam é que tinham que subir. Eles subiam todos juntos pela mesma rua, e em poucos minutos já nem ouviam os tiros dos agentes que pegaram caminhos diferentes, talvez tivessem se perdido. Quando o capitão falava com eles pelo comunicador de ouvido, poucos respondiam, talvez os outros já tivessem morrido naqueles poucos minutos de subida, e os que respondiam diziam que não sabiam qual rua ou beco pegar para chegar ao encontro deles novamente. O lugar realmente era de se perder.
- Entrem nas casas e lojas que conseguirem entrar por aqui e procurem por sobreviventes, enquanto nós subimos. – disse Wender a seus agentes. – Rápido!
Assim, dez dos doze agentes ficaram para trás tentando entrar em todas as casas e encontrar alguém, e os outros dois continuaram subindo junto deles.
O Capitão André e seu subchefe Marcos andavam de revólver na mão, e Wender usava um antigo rifle de assalto Tommy Gun, bem potente. Os dois agentes usavam metralhadoras, e os sete, todos estavam equipados com as primárias.
Eles subiram mais uma apertada rua, uma lomba em curva, e quando já não podiam ver os agentes que ficaram para trás, Bruno viu uma casa de porta aberta, a porta balançando levemente para frente e para trás com o agradável vento que estava se enfraquecendo.
- Vou ver se acho alguma coisa ali, capitão. – ele disse, e o capitão acenou com a cabeça.
- Seja rápido, nós estamos subindo. E cuidado.
Bruno preparou sua M4 apoiada no ombro, e entrou na casa, que estava totalmente escura, e um cheiro horrível. Pela falta de luz ele não pôde ver como a casa era, mas ele não estava sozinho. Ele ouviu um barulho no andar de cima da casa, e subiu rápido. Quando se têm medo de alguma coisa, ou quando não se sabe o que vai acontecer, a melhor coisa a fazer é fazer correndo. E ao chegar ao andar de cima, por onde a luz da lua passava por uma janela, ele pôde ver alguma coisa abaixada, de costas para ele, saboreando um delicioso braço, e ao olhar pelo resto do quarto Bruno viu várias partes de um corpo, aparentemente uma senhora de idade, que foi espedaçada por aquele zumbi que estava abaixado.
Ele virou a cabeça bruscamente para Bruno, com sangue escorrendo por sua boca, e um pedaço de pele pendurada em seu lábio, e rugiu de boca aberta para Bruno, que não se intimidou e mirou na cabeça do morto-vivo. Ele atirou e a cabeça caiu e não levantou mais, mas então Bruno percebeu que lá fora estava tendo um tiroteio, e desceu correndo.
- Droga! Tem mais vindo por ali! – gritou Daniel apontando para um bequinho a direita.
Eles estavam novamente cercados por uma cambada de zumbis. O Capitão André estava recarregando bala por bala em seu revólver, e Marcos lhe dava cobertura.
- Poupem munição! – Gritou o capitão.
Felipe estava atirando nos zumbis que apareciam na sua frente com sua G36C, quando Daniel lhe chamou.
- Felipe! O Bruno vem subindo lá, óh!
Bruno vinha correndo á uns cinqüenta metros lomba abaixo, e vários zumbis estavam lhe seguindo.
- Fica aqui! Eu vou lá ajudar ele! – respondeu Felipe, e deu alguns passos para fora da aglomeração.
 Ele mirou pela sua mira telescópica, e botou a mira na cabeça do zumbi mais próximo de Bruno, e puxou o gatilho, mas só ouviu o click de seu pente vazio, então, sem tempo para recarregar, pelo perigo de Bruno ser pego, Felipe tirou o pino de sua granada e jogou com o máximo de força que conseguiu.
- Bruno!
Bruno se jogou no chão atrás de um carro uns metros perto dele, e atrás dele voaram os pedaços de zumbis após um forte estouro que fez balançar o carro aonde ele se protegeu. Foi por pouco, se Bruno não tivesse se jogado atrás do carro, ele teria se ferido com os fragmentos da granada, que matou quase todos os zumbis atrás dele, somente os que estavam mais longe não morreram.
- Valeu!
Enquanto Felipe recarregava, Daniel também puxou o pino de sua granada e jogou por cima dos zumbis a frente deles, e todos se jogaram no chão rapidamente para não serem feridos pela granada, que derrubou vários zumbis. Mas ainda havia muitos. Antes, nas outras vezes que enfrentavam tantos zumbis assim, ainda não era tão fácil por saber que já foram humanos, e que estavam sendo vítimas da Umbrella, e afinal não é tão fácil puxar o gatilho na cabeça de alguém, ainda mais eles sete que eram jovens, mas àquela altura do campeonato, já era quase normal pra eles, não era tão horrível quanto antes. Muitas vezes eles tiveram que enfrentar cambadas de zumbis famintos, mas já não era tão horrível para eles atirar nos mortos-vivos.
Enquanto se levantavam, muitos zumbis se aproximavam ainda. Andre tirou o pino de sua granada e a jogou em outra cambada que se aproximava por uma rua a esquerda deles. Alyssa jogava longe eles com sua Remington, mas não era o bastante. Eram muitos!
Os fortes disparos da Tommy Gun de Van Der Wender arrebentavam a cabeça dos zumbis. Eles estavam espalhados pelo cruzamento onde eles estavam, e um dos dois agentes que estavam com eles estava encostado à parede de uma das casas, quando um zumbi caiu da laje de cima da casa direto em cima dele, derrubando-o no chão. Como num piscar de olhos mais zumbis pularam em cima dele, e começaram a morder todo o seu corpo. Daniel, que estava mais próximo, não viu sua cara nem de onde era, pois estava de capacete, mas Daniel viu muito bem que o homem estava morrendo.
- Ajudem ele! – gritou Alyssa.
O capitão, Wender e Marcos estavam mais longe cuidando dos outros zumbis, e Mauro e João também. Daniel começou a metralhar os zumbis em cima do pobre homem, e o outro agente passou correndo por ele e foi para cima dos zumbis com seu bastão de choque, obviamente já sem munição, e começou a dar choques nos zumbis deitados em cima de seu amigo.
- Cuidado! – gritou Felipe, mas já era tarde.
Um zumbi se aproximou por trás dele e também o mordeu nas costas. Ele deu um grito e se virou batendo no zumbi.
- Cabrón!
Felipe e Bruno mataram todos os zumbis que estavam em volta dele e de seu amigo no chão. O que estava no chão, já não se mexia, e todo seu corpo sangrava, mas o pior foi sua barriga, aberta mostrando seus órgãos. Enquanto os outros continuavam matando os zumbis, o capitão recarregou novamente seu revólver e gritou:
- Vamos sair daqui, equipe! Corram! – e largou em disparada rua acima passando ao lado de um carro pegando fogo, e os outros o seguiram atirando nos zumbis mais próximos pelo caminho, e não pararam de correr.
Ao chegarem ao alto da lomba, Mauro puxou sua granada gritando:
- Tomem isso, seus degenerados! – Mauro gritou e jogou sua granada nos zumbis lá embaixo na lomba, e todos continuaram correndo lomba acima, a maioria dos zumbis lá em baixo mortos.
- Vamos parar aqui um pouco. – disse o Capitão André. – Marcos, Alexsandro precisa do antivírus, aplique nele enquanto recarregamos.
Alexsandro era o nome do agente que ficou vivo, o que foi mordido nas costas. Ao tirar o capacete, revelou cabelos compridos e cacheados num castanho claro, e um bigode mal feito, e pelo sotaque era espanhol ou argentino. Realmente, a FEAU aceitava qualquer nacionalidade. Ele acabou ficando com um rasgão nas costas, e sangrava, mas Marcos já estava injetando uma das quinze amostras do antivírus no braço do homem.
- Valeu Felipe. – disse Bruno também tirando o capacete.
- É. – respondeu Felipe tirando o pente de sua metralhadora e olhando quantas balas ainda tinha.
- Como tá de munição, mano? – perguntou Daniel também verificando o pente de sua M16.
- Acho que ainda dá. Um pente pela metade – respondeu Felipe. – e alguns reservas. É só poupar que dá.
- Atirem na cabeça. – disse Alyssa se sentando no chão e amarrando os cadarços do coturno.
O cansaço estava começando a tomar conta de todos eles.
- Soldados! Respondam! Aqui é o Capitão André! Por favor! Respondam! Repito! Respondam! – repetia o capitão em seu comunicador tentando chamar os agentes do batalhão #1 que se separaram desde o começo da subida da favela.
Mas eles não respondiam, talvez todos já tivessem morrido.
- Nada? – perguntou Marcos, fazendo um curativo nas costas do agente cabeludo, e as amostras ao seu lado numa caixa aberta.
- Nada. Temo que não tenham conseguido ficar vivos. E o seu batalhão, Wender? – perguntou o capitão olhando para o holandês de cabelo vermelho espetado.
Mas antes mesmo que ele respondesse, uma explosão aconteceu, um estrondo muito forte, com certeza que poderia ser ouvido a quilômetros. Eles estavam em uma esquina onde havia várias motos caídas, e até um orelhão totalmente quebrado, e já estavam bem alto na favela, e podiam ver lá em baixo toda parte da favela que já passaram, e mais em baixo ainda os prédios da cidade, até mesmo o prédio da mãe de Alyssa. Só não conseguiam ver os helicópteros na beira da praia porque um grande prédio no centro da cidade bloqueava a visão dos helicópteros.
Mas quando estourou a explosão, todos ficaram imóveis e olharam para a parte mais baixa da favela, aquela confusa imagem das casas umas em cima das outras, e viram uma grande chama no céu, e a fumaça tomando conta de uma casa talvez uns três quilômetros abaixo deles. Parecia que alguma casa ou loja explodiu.
- O que foi isso? – perguntou Andre com sua M2 Bar já preparada.
- Será que são seus agentes, Wender? – perguntou Marcos ficando de pé com as amostras do antivírus bem seguras em suas mãos.
- Soldados! Respondam! O que aconteceu aí? Alguém responda! Billy! Johnson! Carlos! Alguém responda! – mas ninguém respondeu.
Wender tirou seu capacete e o encostou ao peito baixando a cabeça, triste por perder seus homens, mas então, em alguns segundos ele pôde ouvir uma fraca voz no comunicador de ouvido.
- Capitão Wender! Nós estamos aqui... Sou eu, Rodrigo, houve uma explosão. Os outros morreram...
- Como assim, Rodrigo? Que explosão? O que foi isso? Você está bem? – todos estavam atentos a conversa de Wender com seu agente Rodrigo.
-... É que apareceu um Réjis Lycker, e matou Luís... Então David entrou correndo num bar atrás do bicho, e os outros entraram junto, mas acho que tinha gás vazando, e quando ele atirou explodiu... O Lycker morreu, mas os outros agentes também. Eu me salvei porque eu estava fora do lugar...
- Droga! Só você? Só você está vivo?
- Eu e Luca, o Italiano. Mas ele foi mordido e acho que quebrou a perna na explosão.
- Será que você consegue carregá-lo até nós? Para usar o antivírus nele antes que...
- Vou tentar... Onde vocês estão?
- Onde nós estamos garota? – Wender perguntou a Alyssa.
- Estamos na entrada da Favela da Rocinha.
- Estamos na entrada da Favela da Rocinha. Tente ser rápido e, Rodrigo, se Luca se transformar, sabe o que fazer. Boa sorte. Desligo.
Todos puderam perceber lágrimas nos olhos do holandês, mas ele se segurou e botou seu capacete novamente.
- Já terminou? Gracias! – disse o agente cabeludo enquanto Marcos fechava a maleta com as amostras e o kit médico.
Mas, de repente eles foram surpreendidos por um Caçador, um Hunter, que surgiu de um beco atrás de Marcos e pulou apontando suas garras para Marcos. Marcos tentou correr, mas o monstro caiu direto nas suas costas, e Marcos caiu imóvel. Tudo isso aconteceu tão rápido que eles mal tiveram tempo para mirar suas armas, e Marcos já estava caído. Todos começaram a disparar, mas o monstro verde não se intimidou e se virou batendo com suas garras no braço do agente cabeludo, que caiu com uma mão sobre o ferimento no braço, que sangrava muito.
O desgraçado se mexia muito rápido, era difícil de acertar todos os tiros nele. Então um tiro da Carabina 98K do Capitão André acertou a cabeça do sapo meio-humano e ele caiu morto, seus braços e pernas tremendo e se contorcendo até ficar totalmente imóvel, e o grande furo na sua cabeça começou a liberar um sangue muito escuro, até parecia óleo.
- Nossa! – falou Alyssa botando dois cartuchos em sua Remington.
 O sol começou a brilhar no horizonte sobre o oceano lá longe, e os postes começaram a se apagar, e as lanternas deles também. A favela finalmente começou a se iluminar, diminuindo um pouco aquela escuridão que tornava favela apavorante e nojenta.
- Puta Merda! – exclamou Daniel apontando para Marcos.
As costas dele foram totalmente destruídas, cortes muito profundos, e ele estava de barriga para baixo, os braços esticados, e os olhos abertos, mostrando o terror do T-Vírus. Era tudo culpa da Umbrella! E o pior: a maleta com as amostras do antivírus caída ao lado dele, aberta, e todas as quatorze amostras quebradas ao lado do corpo de Marcos, o liquido verde-claro escorrendo para a poça de sangue em volta de Marcos.
- Pobre Marcos. – disse o Capitão André, se abaixando do lado do corpo do amigo morto, fechando suas pálpebras com dois dedos.
- O que faremos agora capitão? – perguntou João preocupado. – As amostras se foram! E se alguém for mordido?
Enquanto isso Wender estava rasgando o braço do seu uniforme e amarrando em volta dos ferimentos no braço do agente cabeludo.
- Nós vamos subir essa merda de favela, vamos recuperar a mãe da soldada Alyssa, e vamos sair logo dessa porcaria de lugar.
O Capitão André estava mesmo bravo, irritado com a Umbrella. Todo o Batalhão #3 foi eliminado pelo T-Vírus, todos os agentes do Batalhão #1, inclusive Marcos, que era um amigo de muitos anos do capitão, e quase todos os agentes do Batalhão #3 de Wender, somente Wender, o agente cabeludo, e o tal Rodrigo, que estava perdido na favela, tentando achar eles.
O agente que havia sido mordido e que quebrou a perna certamente morreria, e havia poucas chances de Rodrigo achar eles. E havia menos chances ainda de encontrarem a mãe de Alyssa viva e sem ter sido infectada. Alyssa ficou apavorada quando viu as amostras se quebrarem, pois se encontrassem sua mãe mordida, talvez não houvesse tempo de chegar à base antes de ela se transformar... E seus amigos também, todos estavam apavorados. E se algum dos sete fosse mordido? As amostras se foram! Por incrível que pareça eles agüentaram até ali, talvez por sorte, mas e se alguém fosse mordido agora que não havia mais amostras? Agora eles terão que ser mais maduros e mais profissionais do que nunca...
- Consegue caminhar, soldado? – perguntou o Capitão André ao agente cabeludo.
- Si. Acho que sim, Senhor.
O capitão seriamente pegou o revólver do coldre de Marcos e entregou ao cabeludo. Era um pequeno revólver Snub Nosed calibre #38. Nenhum dos sete conseguiu ver o sobrenome no uniforme do cabeludo, porque o braço seu uniforme se esfarrapou todo, mas com certeza era argentino.
- Agora vamos subir logo essa favela e fazer o que devemos fazer, soldados. Senhorita Alyssa, ainda estamos longe?
- É depois da Favela da Rocinha. Depois dessa. Só que essa meio perigosa. Eu conheço uns caminhos mais seguros, mas...
- Não temos tempo, o exército está para chegar, e quando chegarem nós vamos estar todos nos helicópteros junto com sua mãe, Alyssa, e tudo acabará. Vamos por aqui mesmo, temos que ser rápidos. Tudo aqui é perigoso. Vamos. – e ao terminar de falar o capitão tomou a frente.
Todos tinham pouca munição extra, então teriam que evitar mais outra cambada de zumbis. E ter a sorte de não encontrar nenhum monstro. Daniel, Felipe, Mauro e Andre não tinham mais granadas, mas Daniel ainda tinha quatro projéteis para o lança-granadas de sua M16.
Eles continuaram subindo, as lombas cada vez mais apertadas, mais íngremes, mais sujas e destruídas, mas eles começaram a ignorar entrar nas casas. Eles tinham pressa, a situação deles cada vez pior, pois muitos morreram, a munição estava acabando, e não havia mais antivírus, então se houvesse algum sobrevivente escondido em alguma casa ou algum ferido, que gritasse por eles, porque eles não tinham mais tempo para entrar de casa em casa. Eles tinham que ser rápidos, pois o exército estava a caminho, e quanto mais tempo demorassem, menos chances de achar a mãe de Alyssa.
Eles continuaram subindo, de vez em quando aparecia algum zumbi, e eles matavam com tiros na cabeça, mas nada de cambadas, apenas um ou dois zumbis tontos perdidos. Até que eles chegaram a uma lomba onde havia vários carros e motos pegando, tudo parecia ter sido explodido, ou incinerado, qualquer coisa do tipo, pois tinha muito fogo e muita fumaça. Ainda bem que eles tinham máscaras de gás nos capacetes. Mas de qualquer jeito não dava pra passar por ali, eles poderiam se queimar, e não era hora de isso acontecer.
- O quê nós vamos fazer agora, capitão? – perguntou Felipe.
- Vamos contornar. – respondeu rapidamente o Capitão André. – Vamos por aqui.
Ele contornou umas caixas de lixo que tinha a uns dois metros atrás deles, e entrou no beco, todos o seguindo. Eles entraram em uma passagem apertada, passando pelos fundos de várias casas, desviando das roupas penduradas e observando as pichações. Nessa apertada subida João matou um zumbi com sua FN2000.
Eles subiam em silencio, no beco ainda um pouco escuro, até que ouviram uma voz e o som de armas sendo engatilhadas. Eles olharam surpreendidos para cima de uma escada apertada que saia do meio do beco e dava num boteco sujo e todo pichado, e lá em cima havia quatro homens apontando metralhadoras para eles.
- Pode ficar parado aí mesmo, ô careca! – disse o mais da frente se referindo ao Capitão André.
Eram sobreviventes, mas não o tipo certo de sobreviventes que eles queriam encontrar.
O homem que falou parecia ser o líder, e ele estava armado com um fuzil AK-47. Um estava do seu lado esquerdo, e dois do lado direito. O “líder” era negro, um belo rastafári, camisa sem mangas, uma bermuda velha, e chinelos de dedo. O primeiro do lado direito, era bem forte, negro também, com trancinhas coladas na cabeça, estava sem camisa, usava uma velha calça jeans, um tênis bem novo, talvez roubado, e estava armado com uma calibre #12 toda de madeira. O segundo do lado direito era branco, careca, usava uma camisa do Flamengo, uma calça jeans um pouco mais limpa que a do parceiro, um sapato furado, e também tinha uma AK-47. O do lado esquerdo, também era negro, um pouco mais baixo que os outros, com um cabelo Black Power bem antigo, barba e bigode, usava calças pretas caídas mostrando suas cuecas, e estava sem camisa, mostrando tatuagens por todo o seu corpo. Seu corpo era fechado de tatuagens ilegíveis, e ele tinha um fuzil AR-15. Traficantes...
- O quê que voceis pensam que tão fazendo aqui na minha banda? Essa aqui é a minha favela, rapá! – xingava o dá frente segurando a AK-47 com uma mão só.
Os outros todos estavam mirando neles, até mesmo o Capitão André e Wender tiveram que baixar as armas.
- Nós só queremos ajudar... – tentou Wender.
- Ajudar uma pinóia! Aqui quem manda sô eu, tá entendendo?
Eles não faziam idéia de como sair daquela situação. Mas era a última coisa que eles queriam, não é. Depois de tanto esforço, depois de tantas mortes, de tantos monstros e zumbis, eles acabarem de reféns de traficantes. Os sete se perguntavam se o Capitão iria querer salvá-los ou não.
- Nós...
- Cala boca, ô gringo! – disse se referindo a Wender que tinha aberto a boca pra falar. – Foi voceis que mataram toda favela, não é? Voceis vão pagar por isso, malandro! Esse trabalho era nosso! Essa favela é nossa!
O Capitão André estava se esforçando para pensar no que dizer, não era hora de levar um tiro.
- Áh, já sei! Vocês tão junto com os “porco”! Voceis são da policia não é? Se tão pensando que vai tirar nóis daqui pra “pacificar” a nossa favela, voceis tão enganado!
- Há um vírus! – falou Wender rapidamente. – Há um vírus, e todos aqui correm perigo...
- Que baboseira! – e os quatro traficantes começaram a rir.
- É verdade! Tem um vírus, um vírus que transforma as pessoas em zumbis...
- Áh! Tô ligado! Foi voceis que deixaram toda favela assim! Então são voceis os culpados da favela enlouquecer e começa a morder os meus manos, não é?
- Não! Não fomos nós! Mas não é só a favela que tá assim, todo o Rio de Janeiro está assim, todas as capitais bra...
- Cala a boca ô pica-pau! Voceis vão é tomar chumbo!
Nisso um Hunter pulou do telhado do boteco e caiu acertando o cara das tatuagens, e nisso os outros três começaram a disparar no monstro verde, que não se intimidava e tentava desviar dos tiros investindo pra cima dos marginais.
- Vamos sair daqui! – gritou o capitão e todos saíram em disparada até chegarem à outra rua um pouco mais aberta, outra lomba.
Dava pra se ouvir os tiros sem experiência deles contra o Hunter, e os pobres gritos de dor deles...
Mas quando chegaram à rua ouviram um som que odiavam ter que ouvir. Um rosnado intimidador, aliás, dois, três, quatro, cinco rosnados, seis rosnados, muitos rosnados ao mesmo tempo. Eram vários Cérberos, os cachorros infectados pelo T-Vírus. A favela já brilhava amareladamente, o sol forte acertando as velhas paredes das casas no morro, umas sobre as outras, e de repente as ferozes criaturas em carne viva começaram a surgir dos cantos escuros dos becos e esquinas.
- Merda! – exclamou Mauro tentando escolher em qual cachorro atirar.
Eram muitos!
- Mexam-se! Espalhem-se! – gritou o Capitão André.
Todos sabiam que não podiam ficar parados, e que correndo os cachorros sempre ganhariam a corrida. Eles tinham que ficar correndo, desviando e atirando... E acertando.
Felipe começou a disparar sua metralhadora e logo acertou um que estava a sua frente, e sem ele perceber outro cachorro se aproximava correndo por trás dele. Andre jogou longe um cachorro com sua forte metralhadora, e se virou para esquerda, e viu um cachorro correndo atrás de Felipe sem ele perceber. Andre atirou rapidamente e o cachorro caiu morto aos pés de Felipe, que olhou e acenou com a cabeça como agradecimento.
O Capitão André começou a correr e disparou seu revólver em um cachorro, que caiu de primeira. Na mesma direção vinha vindo outro, ele atirou, atirou de novo, e no segundo tiro o cachorro caiu morto ao lado do primeiro. Ele olhou para sua direita e viu Mauro parado em um canto disparando com a metralhadora em dois cachorros que se aproximavam dele bem rápido.
Mauro estava em um canto, disparando em dois cachorros, um ele conseguiu matar, mas eles eram muito rápidos! Quando ele viu que não tinha acertado o segundo e ouviu o click do pente vazio ele fechou os olhos e recuou, mas só sentiu o corpo morto e nojento do cachorro bater nas suas pernas, e viu que atrás do ex-cachorro estava o Capitão André. Mauro recarregou e começou a correr de novo, agradecendo o capitão por ter o salvado.
Daniel corria atirando para trás, um cachorro lhe perseguia, mas por estar correndo e pela velocidade do cachorro, ele não acertou quase nenhuma bala, e então ele sentiu que o cachorro pulou atrás dele, e reflexivamente Daniel se jogou no chão de barriga, e o cachorro passou dando um pulo por cima dele, e ainda no chão, Daniel levantou a cabeça e viu o cachorro se virando o procurando, mas um tiro certeiro de Alyssa alcançou o cachorro pelas costas e ele caiu morto a centímetros da cara de Daniel.
Alyssa estava em cima de um caminhão daqueles que carregavam sacos de cimento ou de areia, com a parte de trás aberta e de madeira. De lá ela acertou pelo menos três cachorros, e quando começou a enfiar mais cartuchos na sua espingarda, viu Bruno subir no caminhão e se juntar a ela. Bruno já tinha matado dois cachorros, mas perdeu um pente inteiro assim. Se continuasse assim, a munição deles acabaria ali! Era difícil acertar os cães correndo!
O Capitão André era o que mais eliminava os cachorros, já tinha matado oito, e Wender fazia como ele. Wender ficava correndo de um lado para o outro atirando direto nos zumbis, indo e voltando entre os cachorros. Wender parou, não agüentando correr mais, e um cachorro parou na sua frente rugindo, mas Wender não se desencorajou e não perdeu a chance de acertar o maldito cachorro.
Andre parou para recarregar, e um cachorro veio pelo seu lado direito e pulou. Ele rapidamente se curvou para trás e o cachorro passou num pulo raspando sua cara e fazendo Andre não se esquecer mais do terrível cheiro de podre que até mesmo com máscara dava pra sentir. Ele se virou, destravou a M2 Bar e atirou direto na cabeça do cachorro.
Felipe estava correndo em círculos, até parecia que ele que perseguia os cachorros, pois ele estava correndo no mesmo sentido que os cachorros, e atirava neles antes mesmo que eles se virassem. Até que uma hora um cachorro correu no sentido contrário dos outros e pulou de frente com Felipe, lhe derrubando. Felipe ficou deitado no chão, usando todas as suas forças para segurar o cachorro que tentava enraivecidamente morder a sua cara. Segurando o cachorro, e através do capacete ele viu que o cachorro era realmente podre, todos eles. Ele nunca tinha observado um Cérbero vivo tão de perto, e assim pode ver o quanto horrível era o T-Vírus, até mesmo com os animais... Mas ele não podia se desconcentrar, ou poderia ser fatal. E ele estava fazendo muita força para segurar o cachorro! Era muita tensão!
Felipe olhou para os lados e viu Wender, o Capitão André e Mauro correndo, e João parado atirando. Bruno estava em cima de um caminhão junto com Alyssa, e ele não conseguiu enxergar o agente cabeludo, nem Daniel. Ele não tinha o que fazer! Ele tinha que ganhar na força!
João começou a recuar, pois ele tinha derrubado somente um dos quatro cachorros que corriam de frente pra ele, então para sua desgraça a munição acabou, e ele sentiu o peso de um dos cachorros lhe derrubando no chão. Ele se apavorou e tentou pegar a pistola antes de chegar ao chão, mas foi tudo muito rápido. Ao bater as costas no chão, ele segurou um dos cachorros, e enquanto ele segurava o cachorro, ele ouviu outra pessoa tombar, e ao olhar para o lado esquerdo, a uns cinco metros dele estava o agente cabeludo sendo devorado por uma dúzia de cachorros. Era terrível! Os cachorros já haviam até arrancado seu equipamento e seu capacete. E João não queria o mesmo destino para ele. Então o cachorro em cima dele morreu com um tiro disparado de cima de um caminhão. Foi um alívio! O cachorro ficou dois segundos em cima dele, mas foi o bastante para apavorá-lo, e antes que pudesse se levantar, Wender e o Capitão André acertaram os outros três cachorros que antes estavam se aproximando de João. Tudo realmente muito rápido! Um susto e tanto!
Felipe brigava com o cachorro ferozmente, era difícil saber qual dos dois estava mais decidido a matar o outro. Então Felipe jogou o cachorro para o lado e ao mesmo tempo levantou metade do seu corpo, e o cachorro mordeu seu braço. Com o reflexo, Felipe deu um puxão e o cachorro soltou os dentes do braço de Felipe, com a manga do uniforme dele na boca.
Mauro viu Felipe brigando com o cachorro no chão, e disparou pela mira telescópica, com cuidado para não acertar Felipe. A mira laser também ajudou. Quando ele viu o cachorro morder o braço de Felipe, ele atirou e o cachorro caiu morto.
- Te pegou?
- Só pegou a roupa! Sorte! – respondeu Felipe se levantando, sem a manga do uniforme.
Realmente foi muita sorte! Arrancou a roupa e não encostou os dentes em Felipe! Por pouco Felipe não se infectou.
João se levantou e recarregou, mas ele acabou se descuidando e não viu um cachorro vindo e o desgraçado do bicho mordeu a perna de João. A mordida foi muito forte, muito mais forte que a mordida dos zumbis que ele já tinha tomado. A dor era insuportável! Ele caiu no chão com a mão no ferimento, quando percebeu o cachorro já estava morto, com um tiro de Wender.
- Levante-se e continue! Depois nós damos um jeito nisso, garoto! – ele disse com seus cabelos vermelhos pingando suor.
Bruno e Alyssa estavam em cima do caminhão, e vários cachorros se aglomeraram em baixo, pulando, tentando subir na carga do caminhão, onde eles estavam. Bruno já tinha jogado sua granada em outro grupo de cachorros, então puxou a granada de Alyssa e jogou para baixo. Uma grande força balançou o caminhão, e ao se levantarem viram que restavam poucos. E estavam todos comendo o corpo do agente cabeludo, que já fazia uns vinte segundos que tinha soltado um aguado grito e silenciou.
Daniel, o que tinha mais munição, chegou mais perto e metralhou um pouco os cachorros, e quando eles se viraram para correr para ele, ele usou o M203 da sua metralhadora e lançou uma granada no bando de cachorros sangrentos. Foi uma forte explosão, e só um, ficou vivo, mas antes mesmo que se levantasse levou dois headshots de Felipe.
- É nóis!
- João, como está sua perna? – perguntou o Capitão André preocupado.
- Uma porcaria! Tá doendo! Mas...
- Não se preocupe com isso, João! – disse Wender tentando acalmar o negrinho enquanto Bruno e Alyssa desciam do caminhão. – Nós voltaremos à base e usaremos o antivírus em você. Nós já vamos terminar esta missão.
- Vai ficar tudo bem cara! – disse Mauro, que com certeza era o melhor amigo de João.
O agente cabeludo estava morto, totalmente devorado. Os sete evitaram olhar, principalmente Alyssa. O Capitão André chegou perto dele e verificou se ainda tinha alguma munição na Snub Nosed de Marcos que estava com o cabeludo, mas estava vazia. Mas enquanto checava isso, o capitão pôde perceber até que o coitado perdeu até uma mão.
- Descanse em paz, Júlio. – ele disse baixinho, e depois aumentou o tom, a raiva e tristeza em seus olhos cada vez maior. – Pessoal, o Júlio morreu.
O nome dele era Júlio Alexsandro, mais um agente da FEAU que morreu pela Umbrella. Felipe começou a pensar que eles só chegaram até ali vivos por sorte mesmo, porque homens treinados e maduros estavam morrendo de várias formas. Mas o pior de tudo era saber que João estava infectado. Talvez em horas ou minutos ele se transformasse, e quem mais estava sentindo isso era Mauro, seu melhor amigo. Muitos amigos tinham morrido no vilarejo em Goiás, já era o limite. E os outros perceberam o quanto perigoso realmente estava aquele lugar. Depois de ver João ser mordido, e a horrível morte do cabeludo Alexsandro, fora todos os outros agentes que morreram nos outros dois dias que estiveram ali, a vontade de voltar para casa crescia a cada momento, principalmente João.
Quando eles encontraram os marginais traficantes, até foi bom por saberem que alguém estava vivo naquele inferno de lugar, mas as esperanças baixaram para baixo de zero novamente depois do ataque dos cachorros. E o Capitão André estava se sentindo culpado por tudo. Todos podiam ver isso nos olhos dele. Todos aqueles homens que morreram estavam na mão dele, e agora que João foi mordido, se eles não encontrassem a mãe de Alyssa a tempo de voltar para a base, ele nunca se perdoaria...
E só depois que acabou a batalha contra os Cérberos, quando eles pararam no meio da rua ensangüentada e dezenas de cachorros mortos em volta deles, foi aí que perceberam que os tiros e os gritos dos quatro traficantes já tinham parado há algum tempo, significava que o Hunter estava por ali. Foi aí que ouviram passos no beco, passos rápidos e pesados, e um grito agudo e ensurdecedor, certamente o Hunter.
- Vamos sair logo daqui, capitão! – disse João, com muito medo.
Daniel tomou a frente e quando o Hunter que havia matado os traficantes saiu do escuro do beco se arrastando rapidamente, (obviamente se arrastava por estar ferido pelos tiros dos traficantes) Daniel usou novamente o lança-granadas e fez pedaços do que um dia foi um Hunter.
Logo todos começaram a caminhar a subida, todos exaustos, loucos para chegarem logo a casa da amiga da mãe de Alyssa. Todos deixaram os capacetes para trás, estava muito calor, e já não era tão preciso os capacetes. João andava mancando, com sua pistola em mãos. Enquanto eles caminhavam o capitão perguntou:
- Como estão de munição?
- Tenho seis tiros pra dar ainda, só. – respondeu Alyssa. – E um pente cheio na pistola e um pela metade.
- Eu tô com a pistola cheia e mais um pente extra cheio, vinte balas na M16 e duas granadas pro M203. – respondeu Daniel.
- Não tenho mais munição da FN2000. – disse João tossindo, tentando parecer tão bem quanto os amigos. – A pistola tá cheia, mas nenhum pente extra.
- Tô com vinte e poucas balas na FN2000, e um pente só na pistola. – falou Mauro.
- Tenho quatorze balas na metralhadora, – disse Felipe – e a pistola tá cheia, mas não tenho pentes reservas.
- Tenho uma bala na agulha e a pistola tá cheia. E dois pentes extras cheios e um quase vazio. – Andre disse.
- Um pente quase cheio pra Carabina – disse Bruno. – e um pente em cada pistola, só.
- E você Wender?
- Meia caixa de balas primárias pra Tommy Gun, umas trinta balas, e uma granada de fragmentação M67.
- Bom, acho que teremos que agüentar assim. Eu tenho doze tiros pro revólver, uma granada e quinze para o meu rifle. Continuaremos subindo, e se tivermos sorte Rodrigo nos encontrará.
Nisso Alyssa caiu de joelhos e começou a chorar.
- O que houve? – perguntou Bruno se abaixando ao lado dela.
- Será que a minha mãe está viva? – disse ela soluçando entre as palavras, e se debulhou em lágrimas com a cara enterrada nas mãos.
- Ela está sim. Se acalma. Estamos perto, não estamos? Vamos lá e você mesma será a primeira a vê-la.
- Capitão! – Wender apontou para a próxima esquina, uma cambada de zumbis completamente podres se aproximavam rapidamente. Eram Crisonheads. E eles não tinham tempo nem munição pra enfrentar tantos Crisonheads, eles eram muito mais fortes e perigosos que os zumbis normais.
- Droga!
E então, enquanto Wender levantava Alyssa do chão, todos ouviram o motor de algum carro subindo a lomba aparentemente bem rápido. Foi quando apareceu um Fusca subindo a toda velocidade na direção deles. Todos se jogaram para os lados para evitar serem atropelados, e o carro foi reto nos Crisonheads, que saltaram longe a maioria com pernas quebradas, e já não podiam mais caminhar. Então uma metralhadora começou a disparar de dentro do carro direto nos zumbis podres, até todos estarem mortos.
Caídos no chão, só assistiram os zumbis evoluídos serem exterminados por alguma metralhadora grande. Eles se aproximaram cautelosamente do carro, tentando descobrir quem era, e para o bem de todos era um agente.
Ele estava todo machucado, sem o colete a prova de balas e sem capacete. Sua cabeça sangrava, talvez algum corte no impacto quando atropelou os Crisonheads, mas sua cara era clara, ele parecia ser bem musculoso, tinha um cabelo preto bagunçado, e no seu braço do uniforme estava escrito seu nome: Rodrigo.
- Que bom que achei vocês! Tive que pegar esse carro, de a pé eu não conseguiria. – ele falava bem rápido, e não tirava a mão do gatilho da sua AK-47. – também achei essa arma em uma casa, há, há, talvez fosse de algum traficante... Bom, Luca se transformou, e tentou me morder, mas eu não deixei. – ele parecia extrovertido, talvez feliz por ter sobrevivido. – Eu tinha que encontrar vocês. Acho que quebrei meu pulso esquerdo. Se vocês soubessem como é dirigir um carro com uma mão só... É, não é fácil... Há, há, há... Bom, agora me ajudem a sair deste carro, eu preciso mijar.
Algumas pessoas acabavam surtando depois de passar por coisas do tipo, como por exemplo, soldados que sobreviviam à guerras, a maioria deles acabava com distúrbios psicológicos, ficavam traumatizados, e também corria o risco de enlouquecer; e Rodrigo estava quase surtando.
- André, - disse Wender enquanto ajudavam o homem a sair do carro – acho que ele não está em condições para ir conosco.
- Também acho.
- Eu posso ficar aqui, e prometo que ninguém fará nada ao carro! – ele falava enquanto era tirado do carro como se fosse um boneco.
Daniel e Bruno começaram a rir, eles sabiam que não era o momento, mas o agente parecia que estava bêbado. Van Der Wender e o Capitão André colocaram o agente do Batalhão #3 sentado com as costas numa parede pichada perto da esquina. De lá ele poderia ter vários ângulos caso aparecesse algo.
- Ãh, Senhor, eu preciso de uma arma. Acabou minha munição.
- Pegue a minha. – disse rapidamente o Capitão André entregando seu revólver ao homem e seis balas soltas. – Cuide-se soldado.
- Quando descermos a favela nós passaremos aqui para pegá-lo, Rodrigo. Agüenta aí! – disse Wender encorajando o coitado.
Ele tinha poucas chances ficando ali, ainda mais no estado em que estava, mas eles tinham que seguir, ainda mais depois da crise de choro de Alyssa. E João estava piorando, todos viam ele se coçando o tempo inteiro. E ninguém ali queria vê-lo sem alma, tentando morder um deles...
Bom, eles continuaram subindo, sem olhar para trás e ver Rodrigo totalmente machucado, sentado com as costas na parede mirando o revólver do Capitão André para todos os lados, simultaneamente. Com certeza era um agente muito experiente, mas todos percebiam que ele estava no seu limite, e todos eles ali estavam.
Eles passaram por uma quadra de futebol velha que era um atalho que Alyssa conhecia até a Favela da Graça. Só tiveram que eliminar uns cinco zumbis durante o caminho até a Favela da Graça, e na quadra de futebol um Crisonhead. A Favela da Graça era um pouco mais agradável que todas as outras que eles passaram desde o inicio da subida. Tinha menos lugares pichados, porque desde que o BOPE pacificou essa favela ela começou a ser reformada, os lugares pichados começaram ser pintados, tudo começou a ser renovado. Ela pelo menos era menos assustadora que as outras, mas ainda assim não era o lugar perfeito.
Desde que deixaram Rodrigo devia ter passado uns quarenta minutos, o sol estava bem mais forte e o calor estava aumentando rapidamente. Todos eles suavam como porcos, e João já estava bem pior. Ele suava demais, muito mais que os outros, e seu suor era gelado. Todos sabiam que seu suor não era de calor, era o vírus se espalhando. Mauro estava carregando ele, pois ele estava muito fraco e disse que a dor na perna piorou, por causa da mordida. Ele parecia que tinha entrado numa banheira de pulgas e carrapatos, pois não parava de se coçar. E o ferimento na sua perna escorria sangue toda vez que ele tentava caminhar sem se apoiar em Mauro.
Eles tinham que ser rápidos. Mas mesmo sendo muito poucas chances de João sobreviver e de acharem a mãe de Alyssa, ainda haviam esperanças de que encontrariam a mãe dela e voltariam à base a tempo de curar João. Mas tinham que bem rápidos!
Pelo menos eles já estavam na Favela da Graça. Alyssa puxou de um bolso no colete o bilhete que sua mãe escreveu, e leu todo ele novamente duas vezes, apertando os olhos para não deixar as lágrimas caírem de novo.
- Vamos lá Alyssa, - disse Bruno – rápido, lembra aonde é?
- Ela escreveu que é na Rua Santa Paixão, mas...
- Mas você não sabe onde é? – perguntou Andre encarando Alyssa nos olhos azuis e lacrimejados dela.
- Eu sei qual é a rua, mas eu não sei qual é a casa, eu fui com a minha mãe na casa da Lúcia uma vez só quando eu tinha uns cinco anos, eu não me lembro qual é a casa.
- Que ótimo! – respondeu Andre bravo, pegando sua pistola, porque só uma bala na metralhadora não adiantaria muito.
- Pois, pois...
- Não se alterem soldados. Onde é essa rua, Alyssa? – perguntou o Capitão André olhando para João que começou a tossir e não parava.
- É a próxima à esquerda.
Eles seguiram caminhando e quando chegaram à rua, eles puderam ver a plaquinha torta na esquina, e nela estava escrito |RUA SANTA PAIXÃO|.
A rua era comprida, com calçadas um pouco mais largas que as outras ruas, nenhuma loja, nenhum cachorro, somente uma moto caída no meio da rua e um velho Escort estacionado, e muitas casas. Era uma rua grande rua, mais larga e comprida, e uma lomba muito íngreme. E já estavam bem alto no morro, mais uma meia hora caminhando e estariam bem no topo do morro.
- Não se lembra mesmo qual é a casa? – perguntou João tossindo, sua voz trêmula e cansada.
- Não, mas tenho certeza que é desse lado. – e mostrou com a cabeça o lado esquerdo da rua.
- Então entrem nas casas deste lado da rua, agora! – disse Wender sem perder a postura de combatente.
- Espalhem-se! – disse o Capitão André.
Wender ficou na rua com Mauro e João, para cuidar de qualquer coisa que aparecesse, e os outros entraram cada um em uma casa.
Alyssa não lembrava mesmo qual era a casa, pois fazia anos que ela não ia ali, agora haviam mais casas, não tinha como ela lembrar. Ela e Bruno entraram na primeira casa, a maior, com dois andares e uma laje.
- Procura em baixo que eu vejo lá em cima. – disse Bruno equipado com sua Carabina M4.
Daniel entrou sozinho na terceira casa na ordem que eles entraram, era uma casa bem pequena e bagunçada. Móveis velhos revirados, roupas sujas, vidros quebrados, e o que não tinha de grande tinha de suja. Muita poeira em sangue escorrido pelo chão. Ele seguiu o rastro de sangue torcendo para não encontrar nada demais. O rastro passou pela cozinha, saiu pela segunda porta da cozinha, e entrou no único quarto da casa, e lá estava a explicação de tanto sangue no chão. Era horrível!
Enquanto isso, Andre entrou na casa entre a que Daniel, e Bruno e Alyssa entraram, uma casa de porte médio. Bem arrumada, por sinal, e não muito suja, mas ele acabou se assustando quando viu a parede de um quarto quebrada, o buraco dava nos fundos apertados da casa. Um espaço de dois a três metros quadrados de terra com algumas roupas no varal e um velho tanque de lavar roupa, mas não havia só roupas, havia um maldito Hunter.
Wender e Mauro estavam na rua, e João apoiado cada vez mais em Mauro. Alguns zumbis apareceram nos dois lados da rua, e Mauro e o holandês Wender prepararam suas armas. João segurava sua Glock, mas ele não parecia estar com vontade nem forças de apertar o gatilho. Enquanto Wender e seu amigo Mauro atiravam nos zumbis, João tentava ignorar a coceira em todo o corpo, mas era quase impossível.
Coçava muito! E a tosse estava piorando. João estava sentindo dores horríveis na barriga agora, e seus olhos ardiam.
- Eu não quero morrer, cara... – ele disse baixinho, a voz fraca, e tossiu bem forte, saltando um espirro de sangue de sua boca.
- Não fala isso cara! – gritou Mauro enquanto atirava nos zumbis que se aproximavam com as últimas balas de sua FN2000. – Falta pouco! Já vai acabar.
Mas Mauro estava triste, ele já estava vendo que João não conseguiria. Já fazia uma hora que João havia sido mordido, e ele estava cada vez mais pesado no ombro de Mauro. Mauro pôde perceber enquanto atirava que João estava de cabeça baixa, e estava tossindo sangue. Era triste.
- Não se distraiam! – disse Wender sem parar de atirar com sua forte e barulhenta metralhadora Tommy Gun.
Daniel viu a pior cena de sua vida! Um zumbi partido ao meio! Ele ficou pelo menos um minuto observando o meio zumbi e tentando imaginar o que fez aquilo com ele, talvez um Tyrant, ou algum monstro pior que eles ainda não conheciam... Mas era muito horrível, o zumbi sem o quadril e sem as pernas gemia fraco e se arrastava mais devagar que uma tartaruga no chão, esticando o braço que ainda tinha e tentando agarrar Daniel a todo custo. Mas não havia tempo para pensar tanto. Daniel sabia que nunca mais esqueceria aquela horrível cena de uma pessoa partida ao meio, e saber que estava correndo o mesmo perigo, era amedrontador, mas ele tinha que acabar com o zumbi.
- Nossa! Que nojo! Essa vida é uma coisa de louco... Então, me desculpa! – ele botou o olho na mira telescópica de sua M16 e atirou.
Felipe entrou em uma casa e não encontrou nada, nada mesmo, nem uma fruta, porque ele estava com fome, todos estavam. Então ele viu que a casa tinha um porão, uma coisa extremamente inimaginável em ema casa da favela, mas sem se preocupar ele desceu a escada com a G36C em mãos. Estava escuro, e sua lanterna havia quebrado na briga com os cachorros. Por um instante ele hesitou em descer, mas e se a mãe de Alyssa estivesse ali? Ele se encorajou e desceu as escadas rapidamente, mas sentiu fios tocarem seu rosto, e se arrependeu de ter abandonado o capacete.
Ele seguiu tocando a parede até encontrar o interruptor da luz. Ele apertou o botão e uma fraca luz piscando acendeu, revelando uma coisa que assustou Felipe. Ele estava envolto por teias de aranhas, e olhou em volta e viu três delas, uma em um canto escuro atrás de um balcão, uma no teto e uma caminhando na direção dele com suas várias pernas batendo levemente no chão. Sem pensar duas vezes ele começou a metralhar as aranhas. A que correu até ele morreu com poucos tiros, mas ela era bem menor que as outras duas, talvez uma filhote. As outras agüentaram mais tiros. Elas eram do tamanho de um porco, só que mais assustadoras. Felipe derrubou a do teto, e quando só faltava a do canto torcer as pernas e morrer de barriga pra cima, ele percebeu que a munição de sua metralhadora acabou.
Mauro já usava sua pistola nos zumbis, e Wender as últimas balas da metralhadora, mas João estava pior. João já tinha até vomitado em cima de Mauro. Seus olhos estavam escuros e mais fechados, parecia João não tinha força para abri-los, e João sentia isso.
João estava começando a se sentir distante... Ele se lembrou de tudo que passou, o ataque das ovelhas zumbis no meio do mato perto de Goiânia, depois uma fazenda onde uma vaca zumbi matou Karla e uma velha... Depois ele se separou dos outros, eles foram para o vilarejo São Miguel, e ele foi atrás de um rádio para se comunicar com Dados Corp... Depois se lembrou que em vez do rádio encontrou o batalhão de Wender, e Wender se apresentou para ele como um agente de uma equipe anti-Umbrella... Eles explicaram a ele que a Dados era uma farsa, e que seus amigos estavam numa enrascada... E quando ele chegou ao vilarejo junto com o holandês no helicóptero, eles estavam enfrentando muitos zumbis, e ele os metralhou de dentro do helicóptero... Eles foram salvos pela FEAU... Tudo acabou, ele foi para a casa de Mauro em Florianópolis... Depois era aniversário de Bruno, e o shopping estava cheio dos fedorentos zumbis... Ele usava um facão... Depois teve um treinamento e mais zumbis no meio do mato em Gramado... Depois o Rio de Janeiro... Muitos Lyckers... Um prédio muito grande... Loja de roupas... Praia... A favela... Cachorros... E já estava não se lembrando de muita coisa.
Alyssa e Bruno não encontraram sua mãe na casa de dois andares que entraram, a não serem dois Crisonheads, que Bruno matou com sua M4, mas ele ficou sem munição. Os dois saíram e foram para outra casa. Ela estava muito nervosa, ele tinha que encontrar sua mãe logo e eles saírem daquele lugar horrível. Talvez na próxima casa ela encontrasse sua mãe e a amiga dela tomando café com bolo de chocolate. Seria ótimo!
Andre não encontrou nada na casa em que matou o Hunter, mas teve que gastar a última bala de sua M2 Bar e um pente inteiro de pistola para matar o monstro verde. Então ele saiu para a rua junto de Wender, Mauro, e o pobre João. Não paravam de vir zumbis, mas eles estavam agüentando. Depois Daniel chegou e parou do lado dele disparando as últimas balas da M16. Wender até jogou a granada que tinha para evitar que dois Cérberos se aproximassem, e adiantou, mas os zumbis não acabavam nunca.
O Capitão André entrou em quatro casas e só encontrou zumbis e Crisonheads, e para seu azar na quinta casa havia outro Hunter. Ele gastou mais três balas de seu forte rifle para matar o desgraçado, e viu que só tinha cinco balas para a Carabina 98K e a granada. Ele estava ouvindo um tiroteio interminável lá fora, e resolveu ir ajudar, talvez estivessem enfrentando algum monstro ou muitos zumbis. Ele correu e torceu para não ser nada demais.
Felipe gastou meio pente de sua Target calibre #45 para matar a última aranha, e saiu logo pra rua ajudar os outros. Mas ele estava pensando no que fazer, porque teria que usar a faca, afinal, ele tinha apenas sete balas na pistola e nenhuma granada. Quando chegou à rua, todos estavam lá, menos Bruno e Alyssa, mas com certeza estavam bem. Alguns zumbis estavam vindo contra eles, mas Felipe pôde ver outra coisa se aproximando. Era sapos, mas não os Hunters, eles eram do tamanho de uma galinha gorda.
- Espalhem-se! Fiquem correndo! – gritou o Capitão André apressado.
- Cuidado com os Glimers! – disse Wender disparando num dos sapos que Felipe viu até a munição da metralhadora de Wender acabar.
Agora Wender estava sem munição. Mauro ficou sem munição na pistola, e puxou a pistola de João.
- Empresta um pouco cara! – ele disse. – É rapidinho!
Mas João nem o ouviu falar nada. João não estava ouvindo direito. Havia tiros em volta dele, mas ele não conseguia enxergar direito, sua visão estava escura. A coceira parecia ter passado, mas sua cabeça doía. Ele não sabia onde estava ou quem era. Ele não se lembrava de nada. Ele percebeu estar sendo segurado por alguém da mesma altura dele, uma pessoa de cabelo comprido até os ombros, talvez uma mulher... A única coisa que ele tinha certeza que estava sentindo era que tudo cheirava bem. O ar, a rua, as casas, as pessoas estavam cheirando bem, e isso estava lhe dando fome...
Mauro continuou segurando João, que estava pálido e quase que desmaiando em cima dele. Ele ficou em um canto, e o Capitão André e Wender ficaram em volta dele, para impedir que alguém o acertasse, porque ele não conseguiria correr segurando o amigo João. Wender não tinha mais munição nenhuma, apenas um bastão de choque. O Capitão André ainda tinha três tiros para dar com sua Carabina, mas ele estava segurando uma faca. Os outros corriam de um lado para o outro, Andre já sem munição, se arriscando chutando os Glimers. Felipe tentava mirar e não errar as últimas balas de sua pistola, e Daniel, que só tinha duas granadas no lançador da M16, estava usando a pistola nos Glimers.
- Eu acho que é essa casa, Bruno! – disse Alyssa empunhando sua Remington.
- Que bom! Quem sabe chama por ela?
- É. Mãe! Mãe! Sou eu, Isabela! Mãe! – ela começou a gritar começando a ficar nervosa de novo.
Bruno sabia que devia tentar acalmá-la, mas primeiro ele tinha que se acalmar também. Ele não queria ver a mãe dela morta nem transformada, como ele diria a ela? E o tiroteio na rua não parava nunca. Será que eles estavam todos bem? E será que João ainda era o João? Bruno queria sair para rua e ajudá-los, mas ele não podia deixá-la sozinha.
- Alyssa, checa lá nos quartos que eu vou ver na cozinha e lá nos fundos.
- Ok. Mãe! – ela gritava enquanto subia a escada para o andar de cima, onde certamente ficavam os quartos.
Ao chegar lá, ela viu que na realidade tinha apenas um quarto. Ela cuidadosamente empurrou a porta com uma mão enquanto a outra apertava suadamente o cabo da Glock dela. Ela se deparou com uma mulher zumbi, de vestido e cabelo preto, e totalmente ensangüentada e cortada, com marcas de dentes. Não era sua mãe, era a amiga dela, Lúcia! Mas e a sua mãe! Ela poderia ter sido mordida pela amiga! Ou ela transformou a amiga Lúcia!
Alyssa começou a sentir as lágrimas escorrendo pelo seu rosto e deu vários tiros desesperados com a pistola na mulher zumbi em sua frente. Bruno apareceu correndo atrás dela, e viu o que ela não tinha visto, havia um Lycker no teto babando como um bebê bêbado, e caiu no chão abrindo a boca e mostrando as presas com sangue, e do meio desses grandes dentes saiu uma comprida língua que bateu no colete de Alyssa e a derrubou no chão.
Já não havia mais zumbis na rua, apenas alguns Glimers. Andre pediu a faca de Felipe e como um terrorista kamicase começou a chutar os Glimers e esfaqueá-los. Felipe estava sem munição, e estava cuidando para nada acertar Andre sem ele ver. O Capitão André também ficou sem munição depois de matar três Glimers com as três balas que tinha na Carabina. E Daniel já não tinha munição na Bereta, apenas as duas granadas na M16. Ele se juntou a Felipe e Andre e lá ficaram impedindo os Glimers de se aproximarem. A cabeça dos Glimers brilhava como uma lâmpada florescente vermelha bem forte, e dava pra ver os dentes desproporcionalmente grandes para o tamanho do corpo dos Glimers.
Um dos pequenos sapos tentou uma hora pular em cima do Capitão André ou em Van Der Wender e Wender o fez morder seu bastão de choque.
Enquanto isso, Alyssa estava caída no chão, com medo, recuando no chão, e Bruno pegou a Remington das costas dela para atirar no monstro que caminhava pelo quarto, quando de repente o roupeiro atrás do monstro se abriu e uma mulher loira de blusa vermelha apareceu e derrubou um cabide de roupas em cima do Lycker.
- Mãe! – gritou Alyssa ainda no chão, desesperada.
O monstro teve a visão bloqueada pelas roupas que a mulher derrubou na cara sem olhos dele, e Bruno não perdeu a chance e começou a disparar uma bala atrás da outra no monstro, o forte estouro da espingarda na pele em carne viva do bicho, enquanto Alyssa pegou sua pistola e começou a atirar também. O monstro deu um pulo para o lado tão rápido quanto o pulo de um grilo. A mãe de Alyssa caiu para trás assustada com o salto do monstro.
João não sentia mais nada, nem coceira, nem dor, nem cansaço, não sentia seu corpo, não pensava em nada, não sentia medo, só sentia cheiro de carne e fome.
Mauro ainda tinha duas balas na Glock de João, mas ele não conseguia mirar em nenhum dos Glimers. Eles se mexiam rápido, e tentavam pular em Andre, Felipe e Daniel, e eles os chutavam de volta. Wender e o Capitão André estavam na frente de Mauro, lhe protegendo, mas então João pareceu desmaiar, pois seu peso dobrou e Mauro caiu no chão, e quando olhou para João só viu o amigo negrinho abrindo a boca e baixando a cabeça na direção do braço de Mauro. Van Der Wender empurrou o zumbi João para um lado, e o Capitão André puxou Mauro para o outro lado. Os dentes sedentos de João passaram perto do braço de Mauro. Por pouco João não infectou Mauro.
- Atire garoto!
Mauro era o único com munição ali, mas Mauro hesitou, João era seu amigo, ele se lembrou de tudo que fizeram juntos, mas era a vida de Mauro em jogo, então Mauro mirou a Glock, fechou os olhos e atirou.
O Lycker se grudou numa das quatro paredes do quarto. Os estouros da Glock de Alyssa estourando perto dele, alguns lhe acertando sem causar danos. Bruno disparou pela quarta vez, e o monstro desviou pulando para a parede do outro lado e virando a cabeça para Bruno lhe mostrando a língua gigante. Bruno deu o quinto tiro acertando em cheio o monstro que caiu de barriga para cima do outro lado da cama. Bruno pulou reflexivamente em cima da cama e deu o último tiro da espingarda na cabeça do monstro, que ficou caído se contraindo por alguns segundos até ficar imóvel.
Quando Bruno olhou para o lado viu Alyssa abraçada em sua mãe chorando, e a sua mãe tendo os mesmos atos. Mas Bruno precisava ir a rua ajudar os amigos. Ele largou a M4 e a espingarda de Alyssa no chão e saiu com suas duas pistolas Blacktail nas mãos. Antes de sair do quarto, Alyssa o chamou e sem soltar sua mãe loira disse:
- Bruno! Tome isso! – e jogou sua Glock para Bruno. – Vai precisar! Eu vou ficar aqui um pouco! Cuidado!
Bruno não hesitou e botou a Glock na cintura e saiu empunhando as duas pistolas Blacktail.
Daniel, Andre e Felipe se separaram, tentando atrair os quatro Glimers que ainda estavam vivos para um lado só. Andre correu para um lado e Felipe para outro, e dois Glimers seguiram cada um.
- Corram até aqui! – gritou Daniel nervoso.
Felipe e Andre correram de frente para Daniel e quando chegaram perto se abaixaram e Daniel lançou uma das granadas com o M203 nos quatro Glimers, que se tornaram apenas pedaços e mais sujeira na rua.
Acabou. Foi o que todos pensaram, e ficaram tristes quando viram o corpo de João caído ao lado de Mauro com um buraco na testa, mas então tudo começou de novo.
De repente alguma granada de luz foi jogada de algum lugar, e ninguém enxergou mais nada, apenas um infinito branco, e aos poucos enquanto voltava a visão, as imagens se misturando para qualquer lado que olhassem, além de um zumbido no ouvido de cada um. Seria o exército?
Bruno chegou à rua e viu todos com as mãos sobre os olhos, vários zumbis e vários sapos do tamanho de galinhas mortos entre eles, e viu em uma sacada um homem de preto com uma metralhadora e uma mira laser passou perto da cara de Bruno, e ele só sentiu um estilhaço da parede explodir e acertar seu ombro. Eram os agentes da Umbrella!
Felipe ainda não enxergava muito bem, e começou a ouvir tiros? Quem seria, se eles estavam sem munição? Só havia uma explicação: os agentes da Umbrella! Quem mais jogaria uma granada de luz contra eles! Somente os agentes da Umbrella!
Ele tentou se levantar, mas caiu, uma grande dor em seu peito de repente o derrubou, e ele ficou no chão.
Andre percebeu que foram os agentes da Umbrella chegando, e ainda cego pela forte luz correu para qualquer lado, até se bater em alguma coisa e cair. Daniel permaneceu no chão até poder enxergar de novo, e só viu os amigos caídos no chão e Bruno atrás do velho Escort atirando em alguém. Eram os agentes da Umbrella!
Ele correu para o Escort junto de Bruno com a M16 em mãos. Ele ainda tinha uma granada para lançar.
Quando Mauro voltou a enxergar, já estava dentro da casa na qual esteve na frente até João se transformar, talvez Van Wender ou o Capitão André o carregou para dentro. Ele olhou pela janela e se abaixou quando viu passar na sua cara uma mira laser vermelha e depois um tiro. Ele estavam cercados por agentes da Umbrella! Mas como eles os enfrentariam sem munição nenhuma. Ele ainda tinha uma bala, ele tinha que acertar. Ele botou a cabeça na janela novamente, e de novo estourou um tiro de metralhadora perto de sua cara.
Wender e o Capitão André carregaram Felipe para trás de uma lata de lixo na esquina. Os agentes estavam na outra esquina.
- Wender cuide dele!
Felipe estava quase acordando, ele havia levado um tiro no peito, mas por sorte, todos eles estavam de colete a prova de balas. Mas os agentes estavam armados com metralhadoras STG-77, uma metralhadora potente. A bala parou no colete, mas mesmo assim era um grande impacto.
Bruno viu do outro lado da rua em uma sacada um agente atirando na sacada atrás dele, e Mauro estava lá dentro. Bruno disparou duas vezes com as Blacktail e o agente caiu. Daniel viu chegar um camburão na esquina, e usou a última munição do Lança-granadas, fazendo o camburão balançar e parar com os pneus furados e o vidro da frente totalmente destruído. Com certeza o motorista morreu com a explosão. Vários agentes saíram do lado de trás do camburão metralhando com metralhadoras STG-77 o Escort onde Daniel e Bruno estavam se defendendo. Daniel viu Mauro atirar da janela atrás deles e acertar outro agente.
O Capitão André pegou sua granada e puxou o pino, e ficou atrás da porta aberta de uma casa, esperando, calculando. A Frag M67 leva seis segundos para explodir depois de o pino ser retirado. Ele esperou, e quando ele jogou na direção do camburão ela explodiu antes mesmo de tocar o chão, mas explodiu bem na cara de alguns agentes. Pelo menos cinco agentes da Umbrella morreram.
Felipe acordou e viu os amigos no tiroteio e se levantou para correr, mas Wender o segurou. Andre também estava ali, desmaiado, talvez ele bateu a cabeça em alguma coisa enquanto ainda estava cego.
- Cuidado! Vamos ficar aqui! Assim você vai levar outro tiro, e o próximo pode ultrapassar o colete! – Wender disse.
Felipe ignorou o holandês de cabelo vermelho e saiu correndo com o braço sobre a cara até parar atrás do Escort junto com Bruno e Daniel.
- Onde tá a Alyssa? – perguntou Daniel.
- Tá lá dentro! – respondeu Bruno entregando a Glock de Alyssa a Daniel e uma de suas Blacktail a Felipe.
Foi bom ele vir com mais de uma pistola.
- Valeu!
Wender tentou correr até os garotos e levou três balas seguidas no peito, e caiu. Ele estava de colete, mas três balas de STG-77 eram demais para aqueles coletes. Era uma dor horrível no seu peito, como uma batida muito forte, além de uma ardência forte no peito e falta de ar. O Capitão André saiu correndo no meio do fogo aberto para ajudar Van Der Wender, e também levou um tiro, que acertou seu braço de raspão, rasgando o uniforme e cortando seriamente seu braço. Com o braço sangrando e ardendo muito ele correu até Wender e Andre e o capitão começou a puxar eles para dentro da casa junto com Mauro. Enquanto puxava os dois, outra bala acertou suas costas, mas ele tinha que agüentar a dor do impacto da bala com o colete e continuar para salvar a equipe. Ninguém mais poderia morrer.
Os agentes estavam todos atrás do camburão da Umbrella, e o camburão, igual ao que Felipe e Daniel viram em Gravataí, estava com fogo sobre o capô, por causa de tantas explosões, mas não estava a ponto de explodir.
- Vamos atirar no tanque pra ele explodir! – gritou Daniel.
Felipe riu. Foi a mesma coisa que eles fizeram para acabar com o Réjis Lycker em Gravataí em 2009.
- Não tá louco! – protestou Bruno. – Vai acabar a munição e não vai explodir merda nenhuma! Tenta acertar eles!
Os tiros de metralhadoras estouravam fortemente do outro lado do Escort. Felipe se abaixou espertamente e sorrateiramente por baixo do Escort e começou a atirar, derrubou um agente, o segundo apareceu no mesmo lugar e Felipe também o derrubou.
O Capitão André e Mauro tentavam acordar Wender e Andre dentro da casa, pois os dois estavam desmaiados. Na outra casa Alyssa e sua mãe e ainda estavam abaixadas juntas e abraçadas no quarto, ao lado do cadáver do Lycker, chorando e ouvindo os tiros lá fora. Alyssa decidiu que era hora de ir ajudar os amigos e puxou sua mãe pelo braço. Ela espiou pela janela e viu na sua frente um camburão preto com o logotipo da Umbrella ao lado, e vários homens de preto com capacetes e uniformes parecidos com os da FEAU, mas eles com certeza eram agentes da Umbrella. No braço deles havia o mesmo símbolo que havia no camburão. O inconfundível guarda-chuva vermelho e branco.
Daniel se arriscou de pé e disparou duas vezes contra o camburão, sem sucesso. Felipe tinha derrubado mais dois, e Bruno três, ainda tinham só três lá atrás.
- Acabou minha munição! – falou Bruno.
Um dos agentes apareceu e Daniel atirou a última bala, acertando a perna do agente que caiu e se arrastou para trás, em direção de uma das casas, fora da visão dos três.
Alyssa olhava pelo canto da janela, quando viu um dos três agentes levar um tiro na perna e cair. Ele começou a se arrastar na direção da casa.
- Mãe! Fica quieta! – ela cochichou e preparou seu bastão de choque.
A porta se abriu e o agente entrou se arrastando e gemendo, uma mão sobre a perna baleada e a outra segurando uma metralhadora. Antes que ele olhasse para o lado dela, ela bateu com toda sua força o bastão de choque na cabeça do homem e ele silenciou. Ela cuidadosamente pegou a metralhadora dele e se preparou para sair. A mãe de Alyssa fez uma cara de espanto por ver a filha atacar o agente da Umbrella, mas preferiu ficar em silêncio, pois Alyssa parecia saber o quê estava fazendo.
Wender acordou, Mauro correu para o carro junto dos garotos, Felipe ainda atirava contra o camburão, e o Capitão André procurava algo pra usar como arma, mas só viu Alyssa sair numa das portas com uma STG-77 em mãos e disparar todo o pente contra os dois agentes que ainda restavam. Terminou!
Durante alguns longos e ótimos segundos todos caíram no chão exaustos, feridos, felizes por terem conseguido sobreviver, e quase que desarmados, venceram os agentes da Umbrella.
Andre acordou confuso, olhando para todos os lados, e enxergou Mauro em cima dele.
- Mauro, eu acho que eu bati a cabeça quando tava tudo branco, e aí...
- Tá tudo bem Andre! Acabou!
Andre até ficou bravo por não ter participado da ação contra a Umbrella, mas ruim não foi. Todos chegaram perto de Alyssa, e ao lado dela estava uma mulher loira, alta, bonita, e com os olhos de Alyssa.
- Essa é minha mãe, Márcia. – Alyssa apresentava sua mãe aos amigos enquanto Wender e o Capitão André checavam o camburão quase explodido e o corpo dos agentes.
- Nenhuma identificação nos corpos, Wender. – disse o capitão enquanto os garotos conversavam.
Ele checou todos os corpos, e nenhum tinha nenhuma informação da Umbrella. Ele até olhou a cara de alguns por baixo dos capacetes, mas nenhum rosto era conhecido ou suspeito.
- Nada, nada mesmo, nenhum rádio, nenhum telefone, nenhum nome. E aí?
Wender estava dentro do camburão parado em frente a um computador. Capitão André entrou atrás dele. Na parte de trás não havia nada, apenas bancos e o computador. Na parte da frente o piloto e outro agente estavam mortos. O Capitão olhou por cima do ombro do holandês e viu ele tentando acessar o computador, mas era necessário uma senha, que infelizmente eles não tinham.
- Agora vamos logo embora daqui! – disse a mãe de Alyssa agarrada na filha.
- Coitado do João! – disse Mauro olhando de longe para o corpo do jovem João Marcos da Souza caído imóvel, com um tiro de Glock calibre #17 no meio da testa, os olhos abertos e arregalados, e uma aparência horrível de zumbi.
- É... Pois, pois... – disse Bruno sem saber bem o que dizer também triste pela perda do amigo.
- Parabéns! – disse Daniel sorrindo.
- Pra quem? – perguntou Andre sério.
- Pra todos nós, por sobrevivermos, principalmente a mãe de Alyssa.
- Pois é, - falou a mulher abraçada na filha. – quando tudo começou, eu vim pra cá, a minha amiga Lúcia morava aqui. Eu vim pra cá por que ela era a única pessoa que eu conhecia na cidade. A Isabela estava lá em Porto Alegre com vocês, e o meu ex-marido mora em Gravataí, então vim para cá. – e voltou a chorar. – mas a Lúcia me disse que o vizinho dela também ficou como todos na cidade, e mordeu a mão dela. Ela começou a... A se coçar toda e ficar meio estranha, até que ela tentou me morder! Eu corri pro andar de cima e entrei no roupeiro, e fiquei lá até vocês aparecerem. Ainda mais com aquelas criaturas andando por aí.
- Heavy Metal!
- Mas como vocês me acharam?
Alyssa simplesmente tirou o bilhete do bolso, o bilhete que mãe dela tinha deixado no apartamento, e entregou a sua mãe.
- Graças a Deus! Agora, vamos embora, por favor! Eu estou com fome e com sede, e acho que vocês também, aliás, vocês precisam de um bom banho e um médico.
- É... – respondeu Mauro franzindo a testa e apontando para a outra esquina. – Por que vem vindo mais zumbis ali...
- Capitão! Vamos! – gritou Bruno.
Wender já tinha tentado várias coisas, RESIDENT EVIL, CAPCOM, T-VÍRUS, DADOS, ENDO OONO, ANGELINA POOL, mas nada funcionava, até que alguém gritou do lado de fora:
- Capitão! Vamos!
E nesta mesma hora o computador mostrou uma mensagem que fez os dois saírem correndo de dentro do camburão: |DENTRO DE 15 SEGUNDOS ESSE VEÍCULO SE AUTODESTRUIRÁ|15|14|13...
Eles saíram correndo e o Capitão André pegou duas metralhadoras no chão.
- Vamos! Rápido!
Eles correram, e da esquina puderam ver uma bola de fogo envolver toda a rua, um forte estrondo balançando os postes de luz, e uma série de curtos circuitos acontecendo em volta deles. Eram os fios de energia da rua entrando em curto por causa da explosão do camburão da Umbrella.
A auto-explosão do camburão provou que a Umbrella é bem preparada contra intrusos no sistema, pois após várias tentativas de senha de Van Der Wender, o camburão explodiu para não dar chances à ninguém de conseguir entrar no sistema. E isso significa que a Umbrella esconde algo.
Eles tinham que ser rápidos até a beira da praia, pois o exército já devia estar na cidade, e se tivessem sorte, iam achar o agente Rodrigo vivo onde o deixaram, e voltar à base.
Mas a descida até a praia levaria pelo menos duas horas e meia se eles conseguissem correr. Enquanto desciam o mais rápido que podiam, e não era muito, o Capitão André lhes lembrou que antes de subirem a favela, Marcos, o coitado do Marcos se comunicou pelo rádio com os outros batalhões para uma reunião em uma sede da FEAU na Bahia, e eles teriam que ir para lá.
Era incrível pensar que eles foram os únicos sobreviventes à missão no Rio de Janeiro. Todo o Batalhão #3 foi eliminado, do Batalhão #2, só sobrou Wender e o agente Rodrigo, que a essa hora com certeza já estava morto também, e do Batalhão #1 foram somente eles seis e o Capitão André. E João, que acabou virando zumbi foi um bom guerreiro, desde a missão pela falsa Dados Corp. Desde aquela falsa missão ele era um bom soldado, ele cuidava da comunicação de rádio da equipe que eles formaram para aquela falsa missão, e no Rio de Janeiro ele agüentou muito mais que muitos agentes da FEAU. E o Capitão André estava se culpando pela morte de João mais do que qualquer um, todos podiam ver isso no rosto dele.
Eles começaram a descer o mais rápido que podiam a favela, o capitão guiando a descida, todos desviando o máximo que dava dos zumbis, o Capitão André e Van Der Wender com as STG-77 dos inimigos em mãos, mas nenhum deles estava em boas condições.
Estavam todos sujos, machucados, com dores por todo corpo, Wender tinha falta de ar, talvez alguma das balas tivesse perfurado seu pulmão ou alguma coisa assim, Bruno novamente tinha quebrado os óculos e nem sabia quando e como foi, o peito de Felipe doía por causa do tiro que tomou no colete, Andre sentia uma forte dor de cabeça, fora o sangue que escorria na sua testa, realmente todos eles estavam ferrados. Quem estava em melhor aparência era a mãe de Alyssa, que estava apenas suja, e com olheiras bem fortes, mas uma cara de fome que dava pra perceber de longe.
Eles tiraram os coldres das armas, os coletes, as lanternas quebradas, as luvas rasgadas, tudo, para poderem andar mais rápido. Eles estavam somente com as calças, as botas, e a camisa do uniforme da FEAU.
Mas eles foram surpreendidos. Antes mesmo que chegassem ao local onde deixaram o agente Rodrigo, viram várias tropas do exército brasileiro chegando por todos os lados. Não que o exército fosse alguma coisa ruim, mas eles precisavam ir para a base na Bahia e participar da reunião! E eles estavam cercados, o exército vinha por todos os lados, verdadeiros soldados com uniformes e capacetes camuflados e armados com as originais metralhadoras FAL do exército do Brasil. Enquanto ainda estavam longe, Wender começou a abrir uma tampa de bueiro com a metralhadora, e o Capitão André disse:
- Vão com eles! Vocês vão ficar bem. A gente vai pegar outro caminho, mas vamos chegar à praia, pegar os helicópteros e ir à base na Bahia, para uma reunião geral – ele falava rápido, os soldados se aproximavam rapidamente, e Wender tentava deixar as STG-77 fora da visão do exército. – depois nós encontraremos vocês. Boa sorte soldados!
E essa foi à última coisa que eles ouviram antes de ver o careca de barbicha e o de cabelo vermelho espetado sumirem no buraco no chão e a tampa fechar. Talvez eles tivessem conseguido sobreviver tudo aquilo não por sorte, mas sim porque o Capitão André estava ao lado deles o tempo todo...
Eles olharam em volta, e estavam salvos! Finalmente tudo acabou, e eles esperavam não ter mais que passar por coisas como as coisas que passaram ali no Rio de Janeiro.
Bruno foi o primeiro a deixar as forças se irem, ele limpou o suor da sua testa cheia de espinhas com as costas da mão, e se jogou no chão. Alyssa, ou Isabela, ficou abraçada na sua mãe enquanto os outros se jogavam no chão como Bruno, todos acabados. Enquanto os soldados iam chegando perto deles eles fecharam os olhos e descansaram, porque a única coisa que tinham a fazer agora era esperar, e tudo ficaria bem, e logo eles estariam em casa olhando televisão, apesar de que eles queriam muito ir junto com os dois para a reunião com todos os batalhões na Bahia.
N N N
-... Todas as capitais brasileiras já estão a salvo, segundo o 1º Major de Estado Maior do Exército Brasileiro. Além das capitais, mais trinta e duas cidades que faziam divisa com as capitais foram infectadas, mas já estão a salvo. A cidade que esteve na pior situação foi à cidade maravilhosa, o Rio de Janeiro, onde foram encontrados muitos “monstros”, segundo o nosso correspondente ao vivo Nino Silva, lá no Rio de Janeiro. – Pois é, como podem ver eu estou aqui no Rio de Janeiro, e como podem ver a cidade foi arrasada. Muita destruição, vocês podem ver aqui ao meu lado carros pegando fogo, aqui mesmo no calçadão, e aquilo ali, onde estão aqueles soldados é um “monstro”, foi a única coisa que nos disseram, eu não posso nem chegar mais perto, todos os repórteres aqui estão impedidos de filmarem os tais “monstros”, mas são a prova de que realmente a tal empresa Umbrella existe. Bom, nós não poderemos mostrar muita coisa, mas corpos são encontrados a todo minuto. O exército acredita que alguma equipe bem organizada e armada esteve aqui, porque corpos baleados são a maioria, inclusive os “monstros”, apesar de não ter restado um policial ou oficial vivo. É, é uma triste realidade que teremos que enfrentar daqui pra frente se ninguém der um jeito de encontrar e prender os responsáveis por este vírus que está terminando com a população brasileira. – E Nino o que você sabe sobre a população da cidade, já foram encontrados sobreviventes? – Sim, não será possível relatar a quantidade exata de sobreviventes que foram encontrados, mas realmente foram muito poucos muito poucos mesmo. O exército não divulgará logo o nome dos sobreviventes, somente depois que cada canto da cidade já tenha sido checado. Mas eu vou continuar por aqui, e a qualquer momento podem surgir informações, e eu sou Nino Silva, do Rio de Janeiro, para o Jornal Nacional.
- Rí, ríiiii... – riu-se Daniel olhando para a TV, sentado entre Felipe e Bruno. – e esses sobreviventes somos nós!
- Pois, pois...
Eles estavam em uma delegacia em Porto Alegre, para onde foram levados após serem medicados em um hospital em São Paulo. Eles estavam lá por que iriam ser interrogados sobre tudo o que passaram na cidade.
Era até bom o nome deles não ser divulgado na mídia, por que as pessoas já tinham se esquecido deles depois de Gravataí. Depois de Gravataí Daniel, Felipe e Bruno ficaram muito conhecidos em todo Brasil, e isso não foi bom, como o Capitão André disse. Só serviria para a Umbrella saber cada vez mais sobre eles, tanto que armaram a emboscada para eles no shopping. E logo depois que a Umbrella pegou Endo Oono de volta, após ele ter sido capturado graças a FEAU, após isso a mídia esqueceu-se totalmente dos três, só sabiam falar em Endo Oono, Capcom e Umbrella. E eles não queriam mais aquela “fama”, poderia servir para a Umbrella, o Capitão André tinha razão. Era melhor ficar nas escuras.
Fazia três dias desde que o exército os achou na favela, e por isso a família de todos eles estava a caminho da delegacia. Eles foram avisados que o pai de Alyssa que informou o exército sobre eles estarem na Favela da Graça. Já era noite do dia oito de fevereiro, e eles esperavam ser chamados para o interrogatório na delegacia, quando Felipe e Daniel se depararam com a porta da frente se abrindo e revelando um velho conhecido deles.
Era Alberto, o homem que eles viram ser mordido dentro da própria casa em Gravataí dois anos antes, o homem que disse que conhecia Resident Evil e sabia que o que estava acontecendo era um ataque do T-Vírus, e depois ele foi salvo depois pela FEAU, que ainda não se chamava FEAU.
Felipe e Daniel se olharam confusos, tentando imaginar o que o homem estaria fazendo ali... Será que ele sabia alguma notícia da FEAU para eles?
- Pai! – exclamou Alyssa levantando-se rapidamente com um forte sorriso na cara e correndo pela delegacia até Alberto, o abraçando e mais lágrimas escorrendo em seu rosto.
“Eu não acredito!” Foi o que Felipe e Daniel pensaram ao mesmo tempo. “Não pode ser!”
Bom, ela tinha dito que o pai dela morava em Gravataí, mas eles nunca imaginariam. Era muita coincidência! Estava explicado como que ele conhecia Resident Evil, ele via Alyssa jogar. Ela disse que adorava jogar Resident Evil Outbreak, talvez ele até saiba por que chamam ela de Alyssa. E desde o começo Felipe e Daniel se perguntavam como havia uma garota passando por tudo junto deles. Eles passaram um trabalho para convencer a família deles a deixá-los ir completar aquela missão para a Dados Corp; e ficavam imaginando como seria difícil para uma garota convencer a família a deixá-la ir para uma missão que arriscava a vida da filha da família. Mas quando Felipe e Daniel conversaram com ele antes de ele ser mordido em Gravataí, ele disse que estava velho demais para sair enfrentando o T-Vírus, mas que ele sempre quis, talvez ele desse apoio para Alyssa enfrentar a Umbrella, pois ele também acreditava em Resident Evil existir.
A mãe dela se levantou também, se aproximando e cumprimentando o ex-marido. Felipe e Daniel se levantaram para cumprimentá-lo, enquanto atrás deles Bruno se levantava também e Mauro dormia no banco. Andre estava assistindo as notícias na televisão com uma cara de tédio.
Eles cumprimentaram Alberto, que ainda tinha a mesma aparência e simpatia de quando Felipe e Daniel o conheceram. Depois todos voltaram para o banco, e Alberto, o pai de Alyssa esperava junto com eles chamarem para o interrogatório.
- Bom Vê-los novamente garotos, e você também filha! – ele falava com o braço por cima do ombro de Alyssa. – Legal saber que vocês continuam agindo contra tudo isso.
- Como o senhor sabia que nós estávamos na Favela da Graça? – perguntou Bruno esperando o homem responder que foi avisado por alguém da FEAU e que tinha boas notícias, mas quem respondeu foi Alyssa.
- Quando a gente foi no apartamento da minha mãe, e eu achei aquele bilhete da minha mãe, eu aproveitei e liguei pro meu paizinho querido, e avisei. É que vocês estavam nos outros andares, e depois eu tava chorando, aí esqueci de falar. Na hora só o Capitão André me viu ligar.
- Bom, garotos, prestem atenção. – disse o homem falando mais baixinho. Todos aproximaram os ouvidos para ouvir. – Ontem chegou uma carta na minha casa de um agente dessa equipe FEAU, eu acho que era um nome holandês. Por isso eu tentei chegar ainda antes das famílias de vocês. Na carta ele disse pra eu dizer tudo isso aqui pra vocês. Acho que não é pra vocês revelarem pra ninguém que estavam participando da equipe, eles não querem que ninguém saiba deles. – ele disse, com longas pausas cada vez que algum policial passava perto deles na delegacia.
- Isso nós já sabemos.
- Isso, então é o seguinte: Daniel e Felipe me conheciam de Gravataí, aí conheceram minha filha, ficaram amigos dela, e aí eu paguei passagens pra vocês irem até o Rio de Janeiro com ela e os outros amigos dela, que eram Mauro e Andre, e o outro, o João. Vocês foram lá com ela e a passeio, todos vocês, afinal é férias, não é. Quando perguntarem como conseguiram sobreviver se todo mundo morreu na cidade, respondam que foi sorte, ou que vocês ficaram correndo dos monstros e zumbis o tempo todo até o exército chegar. Se perguntarem sobre armas, digam que vocês acharam armas de traficantes mortos, e usaram para sobreviver. Falem sobre o João ter sido mordido, e que vocês sabem do T-Vírus por jogar Resident Evil. Expliquem tudo que souberem sobre o T-Vírus para eles se eles perguntarem, e digam que sabem tudo por causa dos games. Eles têm que acreditar que a Umbrella realmente existe, apesar de quê depois disso tudo é difícil alguém não acreditar ainda. Contem sobre irem junto com a Márcia para a casa da amiga dela, e que viram a amiga dela ser infectada também. Vocês só não podem falar nada sobre a equipe. Se perguntarem alguma coisa sobre a equipe anti-Umbrella que salvou Gravataí há dois anos, digam que depois de lá nunca mais viram eles. E a tal de Dados Corp, vocês não sabem o que é isso. Vocês se conheceram pela Alyssa, e conheceram Alyssa por me conhecer. Acho que é só isso, ok?
- Por acaso vocês são... Márcia Ferrão, Isabela Ferrão, Felipe Selister, Mauro Zefrer, Bruno Pereira, Andre Diógenes, e Daniel Gomes? – perguntou um homem com camisa social e óculos numa porta a esquerda deles.
Foi esse o homem que interrogou cada um deles. Foi uma beleza, só pediu para cada um individualmente em salas fechadas descrever cada minuto que passaram no Rio de Janeiro, perguntou como se conheceram, perguntou se não sabiam mais nada sobre a tal equipe anti-Umbrella, perguntou algumas coisas sobre o T-Vírus e a Umbrella, mas não perguntou nada sobre armas, não perguntou nada sobre Dados, e pareceu acreditar em tudo que eles disseram, que foi exatamente o que Alberto disse para eles falarem. Não foi usado nenhuma máquina de mentiras nem nada do tipo, parecia que ninguém ficou sabendo nada sobre o que aconteceu com eles no vilarejo São Miguel. Nem a TV não falou nada sobre o que aconteceu lá, foi tudo isolado. Talvez até hoje os corpos das pessoas que morreram lá ainda estivessem apodrecendo a luz do sol, e talvez ninguém nunca mais foi lá, o fato era que ninguém a não ser eles, sabia o que aconteceu naquele vilarejo.
Foi bom, eles foram bem convincentes, deu certo a carta que Wender enviou a casa de Alberto. Aquilo era para a FEAU continuar atrás das cortinas, e eles também. Se o governo descobrisse alguma coisa, eles iriam querer passar dias seguidos, vinte e quatro horas por dia fazendo perguntas até saberem tudo sobre a equipe, e talvez eles recebessem proteção do governo, mas os seis queriam acabar com a Umbrella junto com a FEAU, e a FEAU se terminaria, porque o governo poderia estragar todos planos da FEAU contra a Umbrella. Felizmente, a FEAU ainda era uma clandestina equipe secreta anti-Umbrella que não tinha nada a ver com os seis, pelo menos era isso que o governo e todas as pessoas achavam.
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Por causa dos ataques do T-Vírus as capitais brasileiras, todas as escolas do Brasil só iniciaram as aulas em abril, para o governo ter um tempo até as coisas esfriarem um pouco e lugares serem reformados.
Os seis passaram as férias prolongadas inteiras esperando que o Capitão André ou Van Der Wender baterem na porta de casa de cada um, mas isso não aconteceu. Eles só conseguiam pensar nisso o tempo todo. Será que tinha acontecido alguma coisa com eles? Será que eles conseguiram chegar aos helicópteros sem serem pegos pelo exército? Será que algum monstro deu conta deles depois que entraram naquele bueiro? Será que a Umbrella fez alguma coisa pra eles? Todos esses pensamentos circulavam a cabeça dos seis o tempo inteiro.
Alyssa não contou pra ninguém o motivo de seu pai e sua mãe terem se separado, mas depois do que aconteceu com eles no Rio de Janeiro seus pais voltaram a viver juntos. Talvez tudo aquilo acontecendo com a filha os aproximou novamente, talvez eles sentiam que não podiam sair de perto da filha mais... E Alyssa acabou morando em Gravataí. A sua mãe não quis de jeito nenhum voltar a morar no Rio de Janeiro, e ela começou a morar com seu pai e sua mãe na mesma casa onde Alberto conheceu Felipe e Daniel, a mesma casa que ele sempre morou na frente do Estádio do Cerâmica.
Mauro continuou morando em Florianópolis, que foi pouco devastada pelo vírus. Muitas pessoas que ele conhecia de lá morreram, contando João, mas ele tinha que esquecer os momentos ruins e só pensar no futuro. Mauro até evitava passar perto da casa de João, pois João morava perto da casa dele antes deles entrarem naquela missão pela Dados. Mauro não era mais a mesma pessoa, ele amadureceu por ver João morrer e por depois saber que várias pessoas que ele conhecia da sua cidade morreram infectadas também, ele cresceu, já não era mais aquele Mauro tão brincalhão, que só abria a boca pra falar besteira. Ele aprendeu a dar valor as verdadeiras coisas, e saber à hora de levar as coisas a sério. Ele pensou até em cortar o cabelo, era hora de mudar...
Andre, que morava em São Paulo Capital, se mudou para uma cidade do interior do estado. Depois de tudo o que passou com os amigos, percebeu que eles realmente eram seus amigos, e foi a primeira vez que sentiu isso de coração desde que saíram do vilarejo São Miguel. Desde lá ele não considerava nenhum deles um amigo de verdade. E se decidiu que era hora de esquecer Karla, e voltar a ser o cara que ele era antes dela morrer. Bola pra frente, ele tinha que voltar a ser o “brincalhão que sempre foi, pois sem folgar em ninguém não tinha graça nenhuma pra ele.
Daniel, cada vez que queria sair de casa era uma briga com sua mãe, pois ela não queria que um dia ele chegasse em casa com uma arma na mão e um pé quebrado dizendo que matou mais mortos-vivos. Ele passou as férias inteiras mexendo no PC, ouvindo Rock and Roll, como de costume, e seu cabelo estava cada vez mais volumoso. Se ele o cortasse ninguém o reconheceria de primeira.
Felipe foi passar uns dias na casa de Bruno, e Bruno também foi passar alguns dias na casa de Felipe, passando o tempo inteiro jogando videogame e ouvindo muito Heavy Metal, para tentar tirar os pensamentos sobre a FEAU da cabeça um pouco. Eles não viam à hora de voltar às aulas para se distrair e parar de pensar um pouco em Resident Evil.
Todas as cidades atacadas se restabeleceram, a última foi Brasília, onde um sobrevivente encontrado pelo exército afirmou ter visto o Presidente Lula zumbi vagando pelas ruas da cidade, mas isso não aconteceu, o presidente está vivo, e acabou causando um grande transtorno no país inteiro. E desde que eles saíram do Rio de Janeiro não se ouviu falar mais nada sobre a equipe anti-Umbrella. Eles sumiram.
Era dia três de abril quando as escolas no Brasil inteiro resolveram iniciar as aulas em 2011. E foi além de um retorno, foi uma surpresa e tanto a notícia que os seis receberam no primeiro dia de aula.
Era o primeiro dia de aula, e Felipe estava no intervalo conversando com seus amigos na sua escola em Gravataí, falando sobre várias coisas, sobre as férias, e até sobre o que aconteceu com Felipe, mais uma vez ele sobreviveu ao T-Vírus. Ele estava com seus melhores amigos no recreio, e a rádio da escola, que costumava tocar música para os alunos durante o recreio estava tocando Charlie Brown Jr.
- Finalmente esse abobados botaram uma música que preste aí! – comentou Fighter, um xará de Felipe que era conhecido assim desde que entrou na escola.
- Aham. – concordou Felipe. – e que bom que agora a gente não precisa usar uniforme mais.
Ele estava no último ano do colégio, e aonde ele estudava os alunos do terceiro ano podiam ir a escola sem usar uniforme. Felipe sempre quis isso. Ele estava usando uma camiseta da banda Avenged Sevenfold, uma das suas preferidas.
- Vamos jogar um futebolzinho, cabeça? Tem gente jogando. – perguntou Lucas, o Twopac, o mesmo que estava junto com Felipe e Daniel quando eles mataram o Réjis Lycker, o dono do carro que eles explodiram para matar o bicho.
- Entón tá! – e foi para quadra com seus amigos, Figther, Lucas Twopac, outro xará conhecido como Bem-te-ví, Nickolas e Soneca, que eram os que faziam Taekwondo com Felipe, e Douglas, que era meio gordinho, mas antes mesmo que ele chegasse à quadra de futebol da escola, a coordenadora lhe chamou.
- Seu tio quer falar com você.
- Vê se volta logo cabeça, - Douglas falou – vê se vem e não fica lá de frescura.
Ele foi até o saguão da escola imaginando qual tio dele estava ali e o que ele queria, mas quando chegou lá viu o holandês de cabelo vermelho, Van Der Wender. Ele estava com uma aparência triste e abatida, e estava se passando por tio de Felipe. O “tio” dele falou com a coordenadora que era uma urgência de família e ela deixou Felipe sair com Wender.
- Onde vocês estavam? Como tá o Capitão André? – Felipe estava cheio de perguntas.
- Depois eu explico. Primeiro vamos encontrar Daniel.
Daniel estudava na escola que ficava ao lado da escola de Felipe. Também estava no horário do intervalo dele, e ele estava sentado em umas mesas com seus amigos, Cardoso, Ricardo, Gustavo, Vítor, Gordo, e estava contando pra eles sobre cada zumbi que ele matou no Rio, mas eles prometeram não abrir a boca, é claro.
De longe eles viram o porteiro do colégio se aproximando na direção deles.
- Óh, lá vem! – falou Vítor rindo.
- Finge que não vê! – Ricardo falou e Gustavo caiu na risada.
- Rí, ríiiii...
- Daniel – falou o porteiro. – pegue suas coisas, está liberado, seu tio está aí. Vá rápido. Ele está esperando, e desçam desta mesa garotos! Agora!
- Falou maluco! – disse Cardoso depois de dar tchau para Daniel.
Daniel pegou suas coisas e foi à saída, mas ele se surpreendeu quando chegou ao portão da escola e viu Van Der Wender e Felipe.
Enquanto isso, Bruno também estava no seu intervalo, na sua escola em Porto Alegre, ele também estudava de manhã. Ele estava conversando com seus amigos Eduardo G., Eduardo F. e Mateus, quando foi chamado, disseram que ele estava liberado para ir para casa, que um parente dele estava lhe esperando na rua.
Curioso, ele pegou sua mochila, deu tchau pros amigos e saiu da escola, mas ele não viu nenhum carro conhecido à vista, somente um Honda preto que abriu a porta para Bruno. Ele custou a perceber, mas dentro do carro havia alguns agentes da FEAU.
- Entra aí, rapaz. – falou um agente de óculos escuros no banco do carona.
Ele entrou, mas viu que nenhum dos agentes era conhecido, e nenhum deles estava com o uniforme da equipe, cada um estava com o seu tipo de roupa.
- Aonde nós vamos? – perguntou.
- Eu sou Mateus de Moraes. Sou daqui de Porto Alegre mesmo. – disse o que estava no banco do carona enquanto o motorista arrancava o carro. – Este é Greg Lewis, - falou apontando para o motorista. – ele é americano, ainda não aprendeu a falar português. E este ao seu lado é Harry Sammerfield, ele é australiano, mas está começando a falar português. E este outro do seu lado é de Portugal, se chama Jorge Caneira.
Cada um cumprimentou Bruno, e ele pôde perceber que o carro estava indo na direção sua casa.
- Onde está o Capitão Van Der Wender e o Capitão André? De qual batalhão vocês são?
- Guarde as perguntas para daqui a pouco. – disse o português com um sotaque muito forte e língua enrolada de seu português diferente.
Eles chegaram à casa de Bruno e ficaram tentando convencer os pais de Bruno a ele ir a Gravataí se reunir com Felipe e Daniel e os outros, seria uma reunião da equipe. Os pais de Bruno chegaram a discutir com os agentes e com Bruno também, mas depois de uma hora, eles deixaram Bruno ir, mas Bruno iria com seus pais e não com os agentes. Aí quando chegassem lá eles ficariam na casa de Felipe e Bruno iria para a tal reunião. Mas eles se recusaram a responder as perguntas de Bruno. Ele tinha várias perguntas, mas os agentes disseram que todas seriam respondidas quando estivesse todo mundo junto.
Andre só estudava à tarde, e estava dormindo, quando sua madrasta lhe acordou e disse que aquela mesma equipe de antes estava lhe esperando. Ele esperava ver o Capitão André, talvez Wender, mas só viu agentes que ele não conhecia. Eles explicaram a ele sobre se reunir com os outros e tal, e ele se despediu de sei pai e saiu. Como ele estava no interior de São Paulo e teria que ir até Gravataí, no Rio Grande do Sul, ele iria num helicóptero com eles.
Primeiro eles foram em direção a Florianópolis, buscar Mauro, e depois iriam ao sul. Como ele não conhecia nenhum dos agentes, e nenhum deles parecia estar a fim de conversar, Andre decidiu ficar em silêncio durante a viagem. Pelo menos ele não precisaria ir ao colégio... Mauro estava na escola, já era de tarde, e ao chegarem lá, Mauro estava em aula, e ficou bem ansioso quando viu Andre em um helicóptero da FEAU. Ele pegou suas coisas em casa e entrou no helicóptero junto de Andre e mais três agentes. Pelo menos com Mauro ao lado de Andre, eles poderiam conversar e tentar não ouvir as músicas que um dos outros três agentes no helicóptero cantarolava.
Como Alyssa tinha se mudado para a casa de seu pai em Gravataí, ainda não tinha conseguido vaga em nenhuma escola, e mesmo sabendo que todo o Brasil estava iniciando as aulas, ela ficou em casa com seu pai e sua mãe. Bruno, Felipe e Daniel foram levados por Van Der Wender até a casa de Alyssa. Ele disse que tinha coisas muito importantes para contar a eles, e disse que só responderia as perguntas deles quando Andre e Mauro também chegassem, pois certamente eles tinham as mesmas perguntas a fazer, e Wender disse que um helicóptero estava trazendo eles.
O dia foi um tédio, os quatro fazendo perguntas e mais perguntas para Wender e ele mudava de assunto e dizia que tinham que esperar Andre e Mauro. Wender conversou mais com Alberto, o pai de Alyssa o dia todo, para escapar um pouco das perguntas dos quatro.
Na frente da casa ficava o Estádio do Cerâmica, e ao lado da casa de Alberto ficava o campo de treinamento do time, que era pouco usado. Já era noite quando um helicóptero pousou no campo de treinamento e de dentro dele saíram Mauro, Andre e mais três agentes.
Todos entraram e se sentaram para finalmente ouvir as respostas de Wender. Estavam lá sentados os seis, Márcia e Alberto (os pais de Alyssa), Wender, os quatro agentes que vieram com Bruno e os três agentes que vieram de helicóptero.
Wender tomou um gole do café que estava tomando e começou:
- Bom, prestem muita atenção garotos, pois tudo que eu vou falar aqui é muito importante. Eu não sei como dizer isso facilmente, e vai ser um grande susto para todos vocês, mas a verdade é que a FEAU acabou.
Todos se sobressaltaram, apavorados com o que acabaram de ouvir, menos os agentes. Talvez eles já soubessem, mas soubessem do quê?
- Como assim? – perguntou Daniel sem tirar os olhos do holandês.
Todos os agentes e Wender estavam olhando para eles com olhares de tristeza, todos muito sérios, não parecia ser uma brincadeira de mau gosto, talvez realmente a equipe anti-Umbrella se foi, mas como?
- Acalmem-se. Bom vocês viram eu e o Capitão André pela última vez quando nós entramos em um bueiro, e depois acho que o exército encontrou vocês, e lhes levou para um hospital, e depois para uma delegacia. Eu sabia que levariam vocês a um hospital antes de trazê-los pro sul de volta, e com certeza dessa vez iriam querer respostas. Então o Capitão André me disse pra escrever uma carta falando o quê vocês deveriam dizer a policia, como se a FEAU não existisse, então ele disse que eu poderia enviar essa carta para Alberto, e acho que deu certo não é? Até aí tudo bem, mas aconteceu uma coisa com a equipe. Quando eu e o Capitão André entramos nos esgotos, fugimos por lá até o centro da cidade, e fomos até os helicópteros na beira da praia. Mas quando chegamos lá vimos todos os helicópteros destruídos, pegando fogo, apenas um não estava destruído. Acho que foram os agentes da Umbrella. Eu e o capitão nem paramos pra pensar por que eles deixariam um helicóptero em bom estado para que pudéssemos fugir, mas foi um erro. Foi um erro termos abandonado os helicópteros antes de subir a favela. Nós devíamos ter subido a favela com os helicópteros, tudo estaria melhor. Bom, antes de subir a favela, Marcos, o agente que era o subchefe do Batalhão #1, entrou em contato com todos os batalhões, inclusive os que ainda estavam em alguma cidade infectada, e convocou todos para uma reunião geral na nossa maior sede, na Bahia. Todo ano a gente fazia reuniões como essa, com todos agentes, inclusive os agentes neutros, os que ficavam espalhados pelo mundo investigando. Mas como muita gente morreu lá no Rio de Janeiro, o capitão achou que era hora de fazer a reunião de 2011, para relatar o nome dos agentes que morreram, e rever os planos contra a Umbrella. Mas nós entramos no helicóptero e fomos direto para a base, mas não percebemos que os agentes da Umbrella botaram em baixo do helicóptero um dispositivo que usaram para nos rastrear, e assim eles descobriram a nossa base. Nós estávamos na reunião com todos os agentes, havia mais de mil agentes da FEAU lá, todos estavam lá. E ninguém imaginava que a Umbrella recém tinha descoberto a nossa base. E eles já tinham implantado bombas nos arredores da base. E quando estávamos todos na reunião, o Capitão estava contando a todos por tudo que passamos, e os agentes dos outros batalhões relatavam o que passaram nas capitais atacadas, até que explosões começaram a ocorrer, e todos tentaram fugir, mas havia muitas explosões, e jatos começaram a sobrevoar a base e bombardeá-la. Tudo durou poucos minutos, mas foi o suficiente para matar todos os nossos agentes.
Wender parou de falar e baixou a cabeça. Todos estavam de queixos caídos. Wender tinha mais de quinze anos a menos que o Capitão André, mas podia-se perceber a experiência que ele tinha. Ele tinha apenas vinte e um anos, mas já estava lutando contra a Umbrella ao lado do Capitão André, mas isso também se encaixava a eles. Eles tinham menos que vinte anos, e já estavam lutando contra a Umbrella ao lado do Capitão André, que com certeza era o mais experiente. E será que o Capitão André teria morrido?
Eles tiveram a sorte de não terem ido junto da equipe para a reunião na Bahia, eles poderiam estar todos mortos. Esse pensamento chegou com força na cabeça deles.
- Todos morreram. Os que sobreviveram estão aqui. – Wender voltou a falar.
- E aquele agente Rodrigo? Ele sobreviveu? – perguntou Alyssa séria ajeitando a franja atrás da orelha.
- Quando passamos por onde tínhamos deixado ele, havia vários zumbis devorando o corpo dele, mas pudemos ver que ele tinha levado um tiro na cabeça, com certeza foi dos agentes da Umbrella.
- E vocês passaram muito trabalho para chegar à praia? – perguntou Bruno esfregando os novos óculos na sua camiseta preta listrada.
- Não. Nós dois estávamos com as metralhadoras dos agentes da Umbrella, e a munição que elas tinham foi o bastante para chegar à praia. Só enfrentamos mais alguns Glimers nos esgotos e alguns zumbis no resto do caminho. O mais difícil foi agüentar a dor no meu peito. Eu nem estava respirando direito. Eu tinha levado três disparos no peito. A terceira bala ultrapassou o meu colete e acertou uma costela minha. Ela quebrou e acabou perfurando de leve um dos meus pulmões, mas já estou bem.
- Mas o que aconteceu com o Capitão André? – perguntou Felipe sem se mexer no sofá.
- Depois que as explosões pararam, nós estávamos procurando alguém que tivesse sobrevivido, até que apareceu outra equipe de agentes da Umbrella, e iniciaram um tiroteio com a gente. Assim mais agentes nossos morreram. Havia poucos, porque a base havia desabado depois das explosões, e muitos morreram. Foi uma tragédia! Conseguimos matar algum deles, mas não tinham nenhuma informação da Umbrella. Os agentes da Umbrella estavam em maior quantidade e eram mais organizados. Mas de algum jeito, os que não morreram da Umbrella deram um jeito de capturar o Capitão André. Nós não vimos, eu achei que ele estivesse nos escombros, mas ontem a noite recebemos um e-mail do Capitão André, dizendo que havia sido capturado pelos agentes da Umbrella, e que estavam o interrogando, sobre a FEAU e os planos contra a Umbrella, e disse que só conseguiu enviar a mensagem porque roubou uma arma de um agente e tentou fugir.
- Que bom que ele sabe se virar, né! – exclamou Mauro soltando a xícara de café vazia na mesinha em frente ao sofá e se recostando pra frente.
- Quase tudo foi perdido. – Wender continuou. – Não sobrou nenhuma amostra do antivírus, equipamentos, uniformes, quase todas as armas e munições, os helicópteros e caminhões, quase todos os veículos, e o pior é que só restamos nós aqui. – disse se referindo aos agentes que ali estavam. – Nós saímos de lá logo depois de tudo se acabar, mas talvez só agora que o governo e a mídia estão descobrindo as explosões que houve lá na Bahia. Mas não vão descobrir nada de nós, o fogo acabou com tudo. Pegamos o único helicóptero que sobrou e fomos a algumas das outras bases, mas todas estão destruídas. Eles acabaram com nós. Só sobrou este helicóptero que está aí do lado, algumas armas, muito pouca munição, e estes homens aqui. O carro que buscou o agente Bruno é meu.
- E agora, qualé que é? – perguntou Andre se inclinando pra frente no sofá, sério.
- Nós descobrimos de onde foi enviado o e-mail do Capitão André, e ele veio de uma ilha pequena na América Central, com certeza é lá que fica alguma base da Umbrella. Nós nunca soubemos onde ficavam escondidas, mas agora temos esse e-mail, é uma pista. Se não for alguma emboscada para nós, estamos com sorte. Mas pensem, o Capitão André deve estar fazendo uma revolução lá para ter conseguido invadir algum computador, acessar seu e-mail e nos comunicar sua posição. Só Deus sabe o quê estão fazendo com ele agora, mas não podemos ficar sentados sem fazer nada. O Capitão André foi o responsável pela criação da FEAU, ele foi o primeiro a sobreviver o T-Vírus, e ele já salvou a vida de muitos de nós. Nós aqui contamos com vocês seis para irmos lá e salvar o nosso amigo André Braga.
Não era uma decisão fácil. Eles nunca tinham ido tão longe, apenas Goiás e o Rio de Janeiro, mas agora eles estariam indo até uma base da Umbrella, invadi-la com circunstâncias não muito boas em questão de equipamentos e armamento, sem saber o que teriam que enfrentar, para salvar o Capitão André. Sem dúvida de que ele merecia ser salvo, mas era a coisa mais arriscada que eles fizeram até agora. Não sabiam nada, se enfrentariam BOWs, ou até mesmo tivessem que passar só por agentes da Umbrella, estariam correndo perigo dentro do território inimigo. Eles também não sabiam que tipo de proteção o lugar poderia ter, e não sabiam se a Umbrella os estaria esperando. Será que seria uma missão de resgate secreta ou uma batalha sangrenta e cheia de ação contra soldados da Umbrella...
Os seis pensaram em tudo isso, e hesitaram em responder, pois não podiam esconder que tinham medo. Seria difícil convencer suas famílias a novamente irem contra a Umbrella, desta vez diretamente na base deles e enfrentando mecanismos de proteção, arriscando novamente a suas vidas. E eles achavam que tudo já tinha acabado. Eles foram salvos pelo exército brasileiro na favela; foram medicados e interrogados; e as aulas recomeçaram, depois do Brasil inteiro já estar a salvo, mas não; agora eles estariam se jogando de vez mesmo contra a Umbrella. Mas em pensar em tudo que a FEAU e o Capitão André fez por eles, começaram a responder.
Daniel e Felipe foram os primeiros a responder que sim, o Capitão André era além de tudo um amigo deles. Depois Andre concordou, se pondo de pé, e Bruno ao ver que Felipe aceitou a nova missão, também se decidiu. Mauro até gaguejou para falar que sim, incerto com sua resposta. A mãe de Alyssa estava nervosa, mas o pai de Alyssa lhe disse que poderia ir, e ela aceitou sem hesitar. Ela não podia deixar os amigos e a equipe na mão, porque sabia que todos eles entrariam em uma base da Umbrella para salvá-la.
- Pelo Capitão André. – disse Felipe.
- Pela equipe! – exclamou um dos agentes, aparentemente brasileiro.
- Ótimo então. – Wender abriu um sorriso na cara e recostou as costas no sofá, descansado com a decisão deles. – Então acho que devo apresentar nossos amigos a vocês. Este é Robson de Lima, ele é brasileiro e vai ser o nosso piloto. Foi o único piloto que sobreviveu... Ele era o piloto do Batalhão #12.
Robson era baixinho, tinha o cabelo preto com corte bem baixinho rente à cabeça, igual ao de Bruno. Ele estava usando uma camiseta branca sem nenhum detalhe, tênis e calça jeans. Ele foi o piloto do helicóptero que trouxe Mauro e Andre.
-... Este é Rafael Rodrigues, do México. Ele também era do Batalhão #12, como Robson.
O tal mexicano tinha um cabelo comprido quase que igual ao de Mauro, um pouco mais cacheado e preto. Ele tinha uma grossa barba da mesma cor do cabelo. Ele parecia mantê-la crescida, mexicano... Ele estava com uma camisa amarela com listras vermelhas e verdes e com uma gola mole, calçados de couro e uma calça azul que parecia de seda. Ele tinha braços fortes, era da mesma altura de Wender, mas aparentava uns trinta a quarenta anos. E dava pra ver o pedaço de uma tatuagem no pescoço saindo de baixo da camisa. Durante o vôo de helicóptero desde a casa de Andre ele cantarolou músicas do seu país até chegarem a Gravataí.
-... Este é Greg Lewis, americano.  – Wender continuava mostrando eles, um a um, e eles apenas faziam algum sinal como cumprimento. – Ele ainda não aprendeu a falar português, então acho que ele não vai conversar muito com vocês. Ele fazia parte do Batalhão #7.
O americano tinha cabelo castanho/avermelhado e um topete bagunçado sobre a testa comprida. Seu queixo era comprido, com uma barbicha pequena. Ele tinha um brinco na orelha esquerda e era bem alto. Ele foi o motorista do carro que trouxe Bruno.
-... Este é Jorge Caneira, de Portugal. Ele era o subchefe do Batalhão #18.
- Olá! – disse o sorridente português, demonstrando o enrolado português europeu.
Ele tinha um cabelo meio “lambido para o lado”, cabelo preto, e um bigode fino e comprido, simplesmente um jeca. Ele ainda usava uma calça social marrom, com uma camisa social branca, uma cinta de couro, sapatos de uma marca da Europa, um relógio bem grande no pulso, uma aliança de casamento talvez, e braços cabeludos. Eles esperavam que ele fosse tão experiente do que era “bonito”. Ele foi outro que veio ao lado de Bruno no carro.
- Estes outros dois são Harry Sammerfield da Austrália e Mattias Mellberg da Suíça. Os dois eram agentes neutros, que trabalhavam fora da ação, mantendo contato entre todos agentes da FEAU, investigando sobre a Umbrella no exterior, concedendo informações, se possível, mas como nós somos os últimos, desta vez nós todos juntaremos nossas habilidades para salvar o capitão e acabar com a Umbrella. Eles vão ir para a missão conosco, mas aposto que vão se dar bem com armas.
O australiano era baixo e gordo, com uma redonda cara de tédio, um cabelo preto puxado para trás até um pouco comprido e liso, causando um volume na frente. Ele usava uma camisa cinza com botões e gola; e as mangas puxadas pra cima. Ele veio no carro com Bruno.
Já o outro, o Suíço, que veio de helicóptero, era magro como Felipe, alto como o americano, tinha a pele muito branca, tanto quanto Alyssa, um cabelo loiro muito claro, arrepiado e baixinho parecido com o de Andre; uma barba bem feita, talvez tivesse a mesma idade que Wender, olhos extremamente azul claro, orelhas grandes e finas sobrancelhas. Ele também veio no helicóptero.
-... E este é Mateus de Moraes, o outro brasileiro que sobreviveu. Ele era o capitão do Batalhão #23. Ele já serviu o exército brasileiro e é bem experiente.
O homem era o mesmo que usava óculos enquanto estava sentado no banco do carona quando foram pegar Bruno na sua escola. Ele usava uma camiseta de um time de futebol de Porto Alegre, seus óculos escuros estavam pendurados na gola da camisa, ele usava um relógio digital, caça jeans preta, tênis, e tinha uma barba cerrada e uma cara séria. Seu cabelo era bem preto, como o de Felipe, e seu cabelo era alto, mas sem nenhum detalhe; ele tinha ombros largos, e tinha uma postura de soldado mesmo sentado no sofá.
- Bem – Van Der Wender voltou a falar já de pé no meio da sala da casa de Alyssa – Agora venham até aqui comigo.
Ele saiu da casa, e todos lhe seguiram prontamente, inclusive os pais de Alyssa. Eles foram até onde estava o helicóptero. Lá, Van Der Wender tirou uma pesada caixa de dentro do “pássaro”, e abriu ela revelando o arsenal da missão.
- Estas são as armas que conseguimos salvar. Consegui salvar também alguns silenciadores. Nós não sabemos se será uma missão secreta. Pode ser que seja algum tipo de emboscada e eles podem já estar nos esperando. Caso seja essa a verdade, os silenciadores não serão precisos, pois será uma guerra. Mas de qualquer jeito vamos levá-los. Não conseguimos salvar nenhum outro tipo de equipamento para as armas. Bom...
Ele tirou da caixa duas metralhadoras de porte médio HK-36 descarregadas, e entregou a Daniel e Bruno. Era uma submetralhadora parecida com uma MP5, com um cabo de mão, um cabo extra onde o pente era encaixado dentro (como uma pistola), com ombreiro e um cano de ponta fina. Andre, Felipe e Alyssa receberam submetralhadoras SAF SMG 550 mm, quase idêntica a FAL do exército brasileiro, mas com partes verdes. Mauro recebeu uma MP5.
Depois ele começou a entregar aos outros agentes. O australiano e o suíço, que eram os dois agentes neutros receberam metralhadoras M16. O mexicano do Batalhão #12 ganhou uma HK-7, uma micro-metralhadora cinza e pequena, muito barulhenta, mas com boa potência. O brasileiro Mateus ficou com uma Carabina Colt M4a1. O português e o americano receberam apenas duas pistolas Glock #17. O piloto do helicóptero começou a montar uma metralhadora Glatting, uma estupenda e forte metralhadora giratória, a única arma pesada que conseguiram salvar. Seus vários canos giratórios podem disparar seis mil balas em um minuto, eles não tinham tanta munição assim, mas com certeza ela já seria o suficiente. O piloto também recebeu uma Glock, só para ter como se virar fora do helicóptero, caso preciso. E por último Wender pegou da caixa a sua arma, um rifle de assalto AG-94, com potencia semelhante a uma M16 e a uma AK-47. Toda preta e sem muitos detalhes, e com quase a mesma forma de uma AK-47.
- Bom... – continuou Wender. – as munições estão aí dentro. Peguem tudo de munição para suas armas, e levem-nas para dentro da casa. Nenhum curioso pode ver isso. Não se esqueçam dos silenciadores.
Todos voltaram para dentro da casa, e Wender começou a explicar o “plano”.
- Bom. A ilha de onde foi enviado o e-mail é uma ilha pertencente ao arquipélago de Bahamas. Só pra vocês saberem, Bahamas é um país formado por várias ilhas, e fica na América Central, perto de Cuba. A ilha se chama Ilha Grande Inágua, é a segunda maior ilha de todas que pertencem à Bahamas. Nós iremos neste helicóptero, e vamos parar em alguma cidade na ilha. Pesquisei sobre ela. Metade dela é habitada, a outra metade é completamente mata fechada, a não ser por um aeroporto antigo, que não funciona mais. Tudo que pesquisei dizia que era um lugar abandonado, e que está para ser destruído, mas é a melhor pista que temos. Nós iremos descer com o helicóptero na cidade, e a noite nós iremos pela mata até o tal lugar. A noite vai ser mais segura, mais secreta, se é que me entendem. O nosso piloto Robson vai nos esperar em algum lugar na cidade, e se não aparecermos depois de uma hora, ele vai nos procurar. Seja lá onde for o lugar, nós vamos fazer o possível para entrar secretamente, tentar achar o Capitão André, e tirá-lo de lá. Se não o encontrarmos lá, voltaremos para casa, e esperaremos mais notícias dele. Se o encontrarmos e conseguirmos entrar em contato com ele, poderemos levar dias para fazer isso, mas vamos tirar ele de lá. Como temos pouca munição, vamos tentar fazer o máximo que pudermos para não sermos vistos. Espero que voltemos o mais rápido possível. Bom, eu acho que não tenho muito que dizer. Não consegui salvar uniformes. Botem a roupa que quiserem, só não sejam muito vaidosos, não se arrumem muito para ir lá, o povo de lá é de classe baixa, e nós não queremos se tornar celebridade lá. Amanhã pela manhã sairemos daqui. Agora, entrem em contato com suas famílias e falem sobre isso. Eu entenderei se algum de vocês seis não puder. Áh, também não conseguimos salvar nenhum comunicador, teremos de ser cuidadosos, vamos andar juntos o tempo todo, assim teremos melhores chances. É só isso. Qualquer pergunta, não hesitem em perguntar. Eu responderei.
Alyssa já tinha permissão, Mauro ligou para sua casa e falou para sua mãe que iria demorar mais uns dias por causa desse imprevisto. Andre nem ligou, mas já estava certo que ele iria, mesmo sem avisar sua família.
- Não precisa avisar. – ele disse tranqüilo.
Felipe e Daniel tiveram um trabalho para convencer suas mães a os deixar ir, mas conseguiram. Mas quem teve mais trabalho para convencer a família foi Bruno. Ele brigou com sua família para deixarem-no ir. Ele concordou quando eles disseram que seria a última vez.
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Todos estavam no helicóptero, à caminho da ilha, já estavam sobrevoando o Haiti, e em pelo menos uma hora e meia chegariam à ilha. Todos aprontavam suas armas, e se preparavam psicologicamente para a missão. Principalmente os seis estavam nervosos, pois estavam prestes a talvez entrar em uma base da Umbrella, e não sabiam como estaria o Capitão André.
- Capitão Wender, - perguntou Felipe. – por que você entrou nisso? Tipo assim, como que tu entrou pra FEAU?
- Bom, eu era um amigo do Capitão André antes de tudo isso começar. Como ele viajava bastante, nós nos conhecemos, mas depois que a família dele morreu e ele montou a FEAU, ele começou a juntar seus amigos para a equipe. Eu era um deles. E os amigos dos amigos começaram a entrar, e assim que a FEAU cresceu tanto. Todos começaram a trazer seus amigos para a equipe. Alguns são sobreviventes dos ataques, na América do Sul, e de quase todos os lugares já atacados nós recrutamos sobreviventes para a equipe. Pena que agora a FEAU se foi.  – ele pausou. – Mas não se preocupe, nós vamos acabar com a Umbrella.
- É isso aí, capitão. – disse Daniel apertando o silenciador em sua arma.
Todos estavam com silenciadores.
- Tomara que o Capitão André esteja bem. – disse Bruno olhando pra fora do helicóptero.
Quando chegaram à ilha no caribe, eles pousaram com o helicóptero numa área logo na entrada da mata, na beira de uma estrada que levava a cidade mais próxima. O sol estava caindo, e eles estavam sendo tomados por mosquitos. Estava calor, bem calor. Eles ficaram sentados no helicóptero até o português e o mexicano voltarem da cidade; eles tinham ido caminhando.
- Falaram com alguém? Descobriram alguma coisa? – Wender perguntou enquanto eles ainda se aproximavam, caminhando devagar, cansados pela caminhada.
- Ninguém sabe nada sobre Umbrella ou T-Vírus. – respondeu Jorge, o português, que estava bem sério.
- Acho que a única coisa boa neste lugar são os bares, há, há... – riu-se o mexicano Rafael. – E as chicas!
- Quanto tempo ainda vamos esperar? – perguntou Mauro se coçando todo.
- Podemos ir daqui a pouco.
- Esquecemos o repelente! – falou o engraçado piloto Robson.
Eles esperaram a noite ficar bem escura, e quando faltava pouco mais de uma hora para o sol nascer de manhã, então eles começaram a entrar na mata, já no fim da noite.
- Uma hora Robson, uma hora. Se não voltarmos nesse tempo, vá até lá.
- Ok. Boa sorte, garotas!
Eles adentraram a densa floresta, pisando em galhos, arbustos, sentindo folhas na cara e espinhos de árvores nos braços; eles seguiram na mata escura, com pequenos jatos de luz da lua entravam pra baixo da copa das árvores. Estava muito escuro, e o único barulho em volta deles era o som das pegadas deles, e o zumbido dos mosquitos nos ouvidos deles.
- Falta muito? Eu tô cansada! – exclamou Alyssa parando após algum tempo de caminhada, mas Wender fez sinal para ela continuar.
Somente o brasileiro Mateus tinha uma lanterna, que era única fonte de luz deles.
- Devíamos ter trazido mais lanternas. – falou Bruno enquanto caminhavam em fila indiana, seguindo a luz da lanterna de Mateus, que guiava eles.
Mateus era sério. Ele continuava com seus óculos escuros, calado e só olhava para frente.
- E algum celular. Como vamos chamar o helicóptero? – falou Andre batendo na testa pra matar um mosquito.
- Não precisamos de celulares. Se não voltarmos em uma hora ele virá atrás de nós. E lanternas e celulares podem ser um modo de nos entregar para os agentes. Não sabemos que tipo de dispositivo eles têm lá. Podemos ser rastreados usando um celular, ou alguma coisa parecida. E podem ver a luz de muitas lanternas, por isso trouxemos apenas uma. – Wender explicava.
- Isso se nós acháramos alguma base da Umbrella, pra começar... – disse Felipe.
Realmente era muita convicção deles, procurar uma base da Umbrella, sendo que a única informação que eles tinham era que um e-mail foi enviado de dentro de uma base da Umbrella naquela ilha no caribe, e estavam caminhando no meio do mato à noite, em direção à um aeroporto abandonado., porque achavam que poderia ser lá. Mas eles tinham muitas esperanças que o tal aeroporto realmente fosse a base da Umbrella onde o Capitão André estaria encarcerado.
Wender era o último da fila. Wender mostrava cada vez mais o seu estilo de liderança, sempre sabendo o quê fazer ou o quê não fazer.
- Mas dava pra ter trazido alguns repelentes! – exclamou Jorge.
- Falem baixo! – falou Wender repreendendo.
Eles continuaram caminhando pela mata fechada, fazendo comentários. E aos poucos olhando o mapa que Wender tinha. Não era fácil andar no mato escuro no meio da noite, ainda mais com os mosquitos rodeando. Mateus, o australiano Harry e o americano Greg estavam calados totalmente, nem reclamavam das picadas; já os outros, se coçavam o tempo todo.
- Estamos na direção certa? – perguntava toda hora o suíço Mattias.
Depois de mais alguns minutos de caminhada, eles enxergaram luzes depois das árvores. Era o aeroporto abandonado, mas não estava tão abandonado assim. Realmente era uma base da Umbrella. Finalmente eles conseguiram descobrir uma base da Umbrella! E foi muita sorte e esperança! Se o Capitão André não tivesse sido capturado pela Umbrella, eles nunca teriam encontrado uma base da Umbrella.
Aquele prédio não poderia ser outra coisa, além de uma base da Umbrella. Na frente havia um outdoor todo quebrado com o nome do antigo aeroporto, e vários agentes rondando, com roupas pretas totalmente iguais as dos agentes que enfrentaram eles no Rio de Janeiro. Eles conseguiram ver pelo menos cinco agentes caminhando na frente da entrada principal do aeroporto, como seguranças.
Um aeroporto abandonado não teria seguranças noturnos armados á noite. Uma base da Umbrella sim.
- Vamos ficar abaixados aqui... – cochichou Wender fazendo sinal para Mateus apagar a lanterna.
Todos se abaixaram e ficaram imóveis no chão sujo da floresta, silenciosos e atentos, observando o local e esperando a ordem de Wender para avançar. Foi bom para os seis terem sido treinados por Van Der Wender.
Eles estavam quase na esquina do lugar. Tinham mais algumas árvores a frente deles, uma estradinha de terra, e do outro lado da estradinha de terra, o lugar onde os agentes da Umbrella vigiavam, que era a frente do prédio.
Não havia cercas, nem muros, apenas os cinco agentes caminhando espalhados de um lado pro outro. Havia a porta principal, e mais nenhuma que eles pudessem enxergar dali. Como estavam perto da ponta do prédio, havia uns trezentos metros da esquerda da porta até a outra ponta do prédio. Do lado direito da porta, algumas janelas trancadas com toras de madeira e já era ponta do prédio.
O prédio parecia ser quadrado, tinha um andar só, mas era bem grande. Talvez já tivesse sido o maior aeroporto daquele país. Eles estavam perto de uma das pontas, e desse lado do prédio em diante tinha a pista de decolagem, onde havia os destroços dos aviões quebrados, e muitos aviões gigantescos parados e descuidados. E por estarem deste lado do lugar, não conseguiam ver o que tinha do outro lado, mas sabiam que atrás do “abandonado” aeroporto havia uma praia.
- Acho que o prédio é grande. – Daniel falou baixinho.
- Shh! – fez alguém do lado dele.
Eles observaram até Wender fazer sinal com os dedos para os agentes da FEAU, menos pros seis. Wender correu na ponta dos pés até o agente da Umbrella mais próximo da pista de decolagem, e quando chegou atrás dele lhe deu uma chave de pescoço até o homem cair imóvel. Ao mesmo tempo em que Wender fazia isso, Mateus e o americano neutralizaram dois agentes da Umbrella do mesmo jeito, os dois que estavam indo em direção da porta da frente. Os outros dois estavam separados, um estava parado mijando em uma árvore, e o outro indo até a outra ponta do prédio.
Enquanto isso o australiano Harry e o suíço Mattias miravam para todos os lados, se alguém aparecesse levaria bala. Jorge chegou atrás do agente que estava tirando água dos joelhos e passou uma faca no pescoço do agente da Umbrella por baixo do capacete dele. O mexicano Rafael estava se aproximando do mesmo jeito até o quinto agente da Umbrella, e quando ele foi atacar, o agente virou a cabeça para trás rápido, o vendo atrás dele. Ele aproveitou o embalo do agente se virando e torceu o pescoço do agente. Wender fez sinal para os seis saírem do mato, e foi isso que eles fizeram.
- Continuem todos em silêncio. – cochichou Van Der Wender.
Eles seguiram juntos em silêncio e bem cuidadosos até a porta. Eles se dividiram de cada lado da porta. Mateus fez sinal para dentro e entrou, os outros o seguindo. Mas havia uma agente da Umbrella parado no escuro, e começou a disparar contra eles com uma metralhadora P-90. Todos se jogaram para os lados, o jato de balas iluminando o escuro hall de entrada.
Bruno atirou com a HK-36 três vezes, um dos tiros acertando a perna do agente da Umbrella, que caiu. Andre correu e chutou a metralhadora da mão do agente.
- Droga! – exclamou Wender, e Felipe entendeu por que; os outros agentes da Umbrella deviam ter ouvido os tiros da P-90 sem silenciador, e logo viriam ver o que aconteceu, e isso significava problema para eles.
Eles eram treze, mas poderiam haver muito mais do que essa quantidade de agentes da Umbrella por ali.
- Carajo! Cabrón! – gritava o agente com a mão sobre o ferimento na perna, caído no chão.
Mauro, Daniel e o americano ficaram vigiando a porta, enquanto os outros cuidavam para o agente baleado não tentar nenhuma gracinha e vasculhavam o local. O lugar que era para ser a recepção do aeroporto, com várias cadeiras e painéis, estava completamente vazio, a não ser por poeira e escuridão. Não havia nenhuma porta antiga, o local foi modificado.
- Achei uma coisa. – falou Mateus.
Ele mostrou um computador ao lado da única porta naquele lugar, uma porta aparentemente blindada, e trancada. O computador pedia uma senha, com certeza era a senha para abrir a porta, e aí sim eles estariam dentro da base da Umbrella. Wender viu o computador pedindo senha, e decidiu não tentar, pois se lembrou do computador dentro do camburão dos agentes da Umbrella na favela do Rio. Ele e o Capitão André tentaram várias senhas possíveis, até que o camburão explodiu. Era bom não arriscar.
- Pergunte a ele, Rafael! – exclamou Wender se referindo ao agente da Umbrella.
Rafael, o mexicano era o único que falava espanhol.
Ele começou a falar com o agente ferido da Umbrella em espanhol, mas o agente parecia não querer falar. Rafael jogou longe o capacete do agente da Umbrella e socou sua cara, e perguntou de novo.
Eles tinham que ser rápidos, com certeza mais inimigos estavam vindo checar o que houve.
O agente da Umbrella parou de resmungar um pouco depois do soco, e falou alguma coisa.
- Ele disse que não sabe a senha, que nenhum agente sabe. Ele disse que os agentes só entram ou saem por aquela porta quando algum cientista está junto. Ele disse que só os cientistas têm os códigos de acesso. – traduziu Rafael.
- Pergunte se há outra entrada! – falou Wender, e o mexicano voltar a falar com o agente.
O agente da Umbrella se negou a falar novamente, e tomou outro soco do musculoso mexicano Rafael. O agente continuou se negando, e tomou um terceiro soco, que fez seu nariz começar a sangrar. Rafael gritava com o homem, e chegou a cuspir na cara do agente, que em fim respondeu.
- Ele disse que há uma segunda porta, a porta #2, que fica na outra ponta do aeroporto. Ele disse que tem a chave dessa porta, mas o caminho depois dela é mais perigoso. Ele disse que pra chegar ao centro da base por aquela porta, é preciso passar por dentro das jaulas doas animais da Umbrella. Devem ser BOWs. O que faremos, Wender?
- Pegue a chave dele.
Rafael deu outro soco no homem e pediu a chave, mas o homem se recusou.
Ele então chutou a perna ferida do homem, que gritou de dor, falou um palavrão em espanhol e tirou uma chave do bolso, resmungando. O americano Greg pôs sua pistola na cintura, e pegou a metralhadora do homem.
- Vamos deixá-lo vivo? – perguntou Andre enquanto todos se aproximavam da porta.
- Deixa ele ficar com dor na perna aí. – falou o português rindo.
- Vamos logo! – Wender chamou todos.
Eles saíram na rua de novo e começaram a ir em direção a outra ponta do prédio. Eles estavam na metade do caminho, Wender tinha a chave na mão, até que um tiro foi disparado atrás deles, acertando as costas do grandalhão mexicano.
Havia vários agentes da Umbrella se aproximando pela pista de vôo antiga. O grandalhão agüentou de pé e foi o primeiro a disparar contra os agentes da Umbrella. A FEAU começou a correr em direção a porta, todos correndo e atirando para trás. Wender foi ajudar o americano a carregar Rafael, e jogou a chave. Felipe pegou e embalou sua corrida até a porta.
Seus amigos lhe acompanharam. Ao chegar à porta, enfiou desesperadamente a chave na fechadura e ela se abriu. Um alarme começou a soar em todo o antigo aeroporto. Sem pensar muito ele se jogou pra dentro, seguido por Daniel, depois Alyssa, depois Andre, Bruno entrou correndo, Mauro, e quando o próximo a entrar seria o australiano Harry, a porta se virou automaticamente e fechou-se muito rápido, como se fosse uma armadilha. Harry se bateu de frente na porta e os outros quase se bateram nele imediatamente, pois todos estavam rápidos e a porta fechou de repente, fazendo eles se baterem uns nos outros para parar de correr.
Por coincidência ou não, somente os seis entraram. Andre tentou abrir a porta, mas ela estava trancada.
- Droga! A chave ficou do lado de fora! – exclamou Felipe.
- Foi quando tocou o alarme! Ela fechou logo que tocou o alarme! – disse Daniel.
Os seis estavam assustados.
- Olha isso cara! – exclamou Bruno olhando em volta pela primeira vez.
Eles estavam no meio de um corredor que ia para a direita e para a esquerda, com várias celas, onde dentro havia Cérberos, em outra cela Glimers, em outra cela aranhas, em outra cela haviam outros animais infectados, como gatos e galinhas, e em uma cela tinha até um leão e uma leoa zumbi, e em outra cela haviam escorpiões gigantes.
- Nóooooossa! – fez Daniel com a voz muito fina, mas era muita tensão para os amigos rirem naquele momento.
Todos os “animais” gritavam e atacavam as grades ferozmente, se jogando com o corpo nas grades, rugindo de diversas formas, demonstrando que queriam saborear os seis. Era um lugar bem iluminado, porém muito fedorento, por causa dos animais infectados tudo cheirava podre, muito podre, um cheiro de carniça horrível, e em uma parede estava escrito |NÍVEL #1|. Havia apenas um corredor intermediário em frente a eles, que passava por entre a cela das aranhas e dos gatos, e no final do curto corredor havia uma porta escrita |NÍVEL #2|.
Nenhum deles tirava os olhos das celas, e eles ficaram o mais longe possível das barras de ferro, não seria bom se algum bicho os infectasse agora.
- Que medo! – exclamou Alyssa.
- O que será que tem no nível dois? – perguntou Daniel antes de eles ultrapassarem a porta.
- É bom nem ver! – falou Mauro.
- Mas acho que vamos ter que ver. – falou Felipe. – lembra que o agente da Umbrella disse que a central da base é do outro lado das celas, e não tem nenhuma outra porta além da porta que vai pro nível dois.
- Mas a gente vai deixar eles lá fora assim? Não tá ouvindo os tiros? – exclamou Bruno.
- Cara, já deve ter passado meia hora. Temos que ir logo. O capitão Wender sabe se cuidar. – Felipe tentava acalmar os amigos.
- É isso aí. – disse Andre. – O Selo tá certo. Se essa é a única porta que temos, não vamos ficar tentando abrir aquela que tá rançada. Vamos lá. O Capitão André tá aqui dentro, não lá fora.
- Vamos! Rápido! – falou Daniel tomando a frente no corredor.
- Cuidado com as jaulas! – Bruno lembrou os amigos.
Eles seguiram em fila indiana o mais rápido possível até a porta do nível dois. Durante o corredor, as aranhas e os gatos se jogavam nas grades, tentando sair para comer os seis humanos que eles ainda eram. Para impedir os animais de saírem, por exemplo, os gatos; a cela deles tinha uma grade quadriculada, daquelas que só dá pra botar os dedos, todas as celas tinham grades do tamanho certo para cada “animal”.
A porta do nível dois estava aberta, de modo que Daniel só encostou fracamente nela e ela abriu para trás como se alguém estivesse a abrindo pelo outro lado.
“Os garotos entraram”, Wender conseguiu ver só isso. Ele e Greg seguravam Rafael, o mexicano. Wender conseguiu ver também Harry quase entrar, mas a porta se fechou e ele chegou a se bater nela.  Pelo menos quatro agentes da Umbrella estavam vindo disparando da pista de vôo lá do outro lado do prédio, até que mais um agente da Umbrella apareceu do lado do prédio onde eles estavam.
Mateus o acertou reflexivamente, e ele caiu.
- Corram! – Wender gritou.
Wender e Greg estavam carregando o baleado Rafael para a floresta, e Mattias e Jorge estavam atrás deles lhes dando cobertura.
Harry acertou um dos agentes da Umbrella. Agora eram três. Wender e Greg entraram mato adentro, tiros rápidos de P-90 estourando nas árvores em volta deles.
- Cuide dele. – Wender disse em português mesmo, torceu pra que o americano tivesse entendido e voltou para frente do lugar, onde estava havendo o tiroteio, e as suas costas o americano Greg ficou acudindo o mexicano Rafael no chão sujo da floresta.
Jorge e Mattias tinham acertado os agentes da Umbrella, mas Harry, o australiano tinha levado um tiro na perna.
- O quê nós vamos fazer, Wender? – perguntou Jorge rasgando a camiseta para amarrar na perna do australiano.
- Temos que achar outra maneira de entrar. Alguém tem que cuidar do Rafael.
Rafael já estava deitado aos pés de Greg na floresta, uns vinte metros pra dentro desde onde estavam os outros na frente do lugar. Suas costas sangravam, mas ele queria se levantar e voltar à batalha. Todos se aproximaram quando acabaram os agentes da Umbrella mais próximos e começaram a impedir Rafael de se levantar.
Depois de passar a porta para o nível dois, os seis estavam em outro lugar igual ao anterior, porém maior, bem maior. As celas eram todas de vidro, vidros bem reforçados com certeza. As celas eram mais cumpridas, com vidros de quase todos os lados. Ali haviam monstros maiores.
Numa havia os horrorosos Lyckers, totalmente em carne viva, com o cérebro para fora, e botando a língua para fora mostrando seus dentes afiados, a maioria deles grudados no teto ou nas paredes. Em outra cela havia Hunters, Hunters de todos os tipos, os Hunters que eram sapos, Hunters lagartos, Hunters camaleões, todos com pele verde e corpo corcunda, pulando de um lado para o outro da cela, soltando gritos agudos e altos. Em outra cela havia monstros que eles nunca tinham enfrentado, porém eles reconheceram rapidamente por causa dos games. Eram Chimeras. Eles eram praticamente mosquitos gigantes, defeituosos, com patas horríveis, uma cara indescritível, todo o corpo de pele escura e gosmento, e voavam pela grande cela. Na outra cela havia macacos, eles nunca tinham enfrentado-os na vida real, somente nos games também, por isso o reconheceram. Eles tinham a pele parecida com a dos Lyckers, tinham habilidades de macacos também parecidas com a dos Lyckers, mas as mãos deles eram sua grande arma. As mãos deles eram grandes foices afiadas, e eles batiam com elas no vidro, tentando quebrá-lo e sair para atacar os seis.
- Vamos sair daqui logo antes que eles escapem! – Alyssa não parava de falar, ela estava apavorada.
Eles passaram o corredor que chegava a porta do nível três. Depois da porta do nível três se abrir como a anterior, eles estavam num lugar novo, e um lugar que parecia ter sido reformado a pouco tempo, pois estava em melhor estado que o resto do aeroporto. Não havia grades ou vidros reforçados, apenas grandes portas a frente deles, eram três. As portas eram todas vermelhas, portas duplas e grandes, sem nenhum detalhe além de uma plaqueta colada bem no meio de cada uma.
A porta da esquerda estava escrito RÉJIS LYCKER, o da direita estava escrito YVES, mas o do meio a placa estava velha, como se eles não entrassem a li há muito tempo, só se podia ler a primeira letra: B...
Como não haviam vidros reforçados, ou barras de ferro, nem janelinhas para que pudessem ver dentro, eles teriam que descobrir vendo. Não havia nenhum outro caminho para eles seguirem. Eles teriam que acreditar na sorte e na “experiência” de cada um. Pelo menos dava pra imaginar que a sala depois de cada porta seria bem grande, porque lugares pequenos não têm portas grandes e altas. Não havia corredor para o próximo nível nem janelas no lugar. Não tinha como passar dali.
Não tinha jeito!
- Droga! A gente não vai ter que passar por esses bichos, né!? – Mauro exclamou olhando com cara de assustado para os amigos, tremendo antes mesmo da resposta.
- Acho que vamos sim, cara. – disse Bruno olhando para sua arma sério.
- Seu bichinha! – Andre disse rindo para Mauro.
- Vamos se dividir. Dá pra ir dois por cada um. – falou Felipe esperando a confirmação dos amigos.
- Se a gente for passar por Réjis Lyckers vamos morrer, cara. – Daniel especulou. – não temos tanta munição. Eles são fortes demais!
- Então agente se divide trios e passa pelos outros dois. – Bruno falou.
- Os Yves são perigosos. – Alyssa disse. – são plantas infectadas. Eles caminham como nós, eles tem vários tentáculos, mas podem nos infectar com um ácido que liberam.
- O que mais tem que comece com B? – perguntou Andre.
- Não sei, mas temos que tentar passar por algum desses. – Felipe disse encorajando a si próprio.
- Por quê não vamos todos juntos? – perguntou Alyssa demonstrando medo novamente, mas eles tinham que entender ela, pois ela era uma garota.
E na verdade cada um deles podia ver no rosto do outro o medo que estavam sentindo. Todos estavam tensos, principalmente Mauro que não parava de se balançar.
- Se formos juntos podemos morrer um tentando salvar o outro. – Andre falou sério e frio, e Alyssa olhou braba pra ele.
- Eu vou por aqui. – disse Daniel se parando em frente à porta com a letra B.
- Então eu vou pelo outro. – Andre disse indo à porta dos Yves.
Mauro decidiu ir com Andre, e Felipe e Bruno decidiram ir com Daniel. Alyssa parecia querer mais ir com os três do que com os dois abobados do Andre e do Mauro. Mas ela sobrou e teve de ir com eles.
Os dois grupos de três abriram as várias trincas das duas portas gigantescas e apertaram todos os botões que haviam para abrir as grandes portas. Havia muita segurança nas portas, e era óbvio o porquê. Se a Umbrella tinha BOWs encarceradas ali dentro, eles não poderiam deixá-los escapar por descuido de algum qualquer.
Eles entraram, fecharam as portas novamente e se prepararam para seguir.
O lugar onde Felipe, Daniel e Bruno estavam era bem grande mesmo, a altura do teto era o equivalente a um segundo andar, mas sem piso entre o primeiro e o segundo andar. Isso explicava o motivo de aquela parte do prédio ser reformada. Ela não foi reformada, ela foi modificada. Eles retiraram o piso entre os dois andares para aumentar o tamanho do lugar para pôr ali as BOWs de nível três. Certamente eles também haviam retirado as escadas, pois sem piso no segundo andar, não havia como ter escadas.
Tinha pelo menos cem metros até o outro lado, onde todos torciam para que houvesse uma porta lá também, e aberta. Mas eles podiam ver por todo o caminho até o outro lado, destroços de aviões, carros, tudo que era tipo de ferro velho, e eles estavam se sentindo em um ferro velho mesmo. Era até meio confuso para a visão, todos os lados que eles olhavam, enxergavam sempre a mesma coisa: ferro velho.
Eram destroços, muita sujeira, carros empilhados aos montes, e algumas partes do lugar era até impossível caminhar sem ter que pular por cima de algum carro velho ou destroço de qualquer coisa.
- Vamo lá cara! – disse Felipe olhando para Daniel e Bruno, e os três começaram a andar, mirando rapidamente para todos os lados e tentando fazer o máximo de silêncio.
- Que lugar é esse? – Alyssa perguntou olhando em volta, esperando uma resposta de Mauro ou Andre.
- Parece um ferro velho! – exclamou Mauro girando a cabeça para todos os lados, procurando algum movimento dos Yves.
- Eles devem ter tirado o piso do segundo andar pro lugar ficar maior pra esses bichinhos. – disse Andre segurando firme a sua arma enquanto os três caminhavam lentamente e cuidadosamente pelo meio dos destroços de carros e aviões acidentados.
Wender estava no mato com Greg, os dois segurando o pobre Rafael Rodrigues, o mexicano da FEAU. Ele estava caído no meio dos dois, e falava baixinho, ficando sem ar pra falar e respirar.
- O tiro deve ter acertado os pulmões dele! – Wender exclamou, mas o americano não entendeu nada.
Wender já estava mais acostumado a falar português do que holandês.
Wender havia dito pros outros irem até a pista de vôo e ver aquele lado do prédio, à procura de alguma possível terceira porta.
- Diga... Diga... Minha mulher... Diga que eu a amo... Wender salve os garotos... – ele falava pausadamente em português, a voz fraca difícil de ouvir, além dos tiros que vinham da pista de vôo, onde estavam os outros.
-... Salve... Salve todos... Acabe com a... Com a Umbr...
E parou de falar com os olhos direcionados para Wender, aquelas foram as últimas palavras dele, ele morreu dizendo para acabarem com a Umbrella. O americano fechou os olhos do barbudo Rafael com os dedos, e Wender já estava de pé, com raiva e determinação nos olhos, fazendo sinal para o americano ir com ele até onde os outros estavam.
Os dois correram perto do lugar, fora da floresta, passaram de novo pela Porta #1, e parando na curva da parede, na ponta do prédio, a pista de vôo bem na frente deles. Havia vários aviões velhos parados, e carros espalhados pela pista, além de muitos destroços e caixas. No lado contrário da pista de vôo, a direita deles tinha uma estrada que vinha da cidade, mas havia uma barricada de destroços, certamente feita pela Umbrella, para que ninguém que viesse da cidade entrasse ali.
Todos aqueles carros e aviões abandonados ali, a barricada, a sujeira do lugar e as madeiras nas janelas eram apenas um cenário, para que ninguém suspeitasse que o lugar ainda estava ativo, e como sede da Umbrella. Os dois só conseguiram ver Mateus, o brasileiro de óculos escuros, parado atrás de um carro, de tempo em tempo se levantava e disparava com sua Carabina em direção ao lado oposto da pista de vôo, certamente onde estavam os agentes da Umbrella.
Wender e Greg voaram para trás do carro junto de Mateus, e enquanto Greg dava cobertura, Wender falou com o brasileiro.
- Onde estão os outros Mateus?
- Apareceram muitos agentes do outro lado da pista de vôo quando a gente tava procurando alguma entrada! Aí os outros se espalharam durante o combate! Eles estão espalhados pelo meio desses carros velhos!
- Ninguém está ferido?
- Só o Harry, que tá com o tiro na perna.
- Onde ele tá? – Wender estava perguntando rápido, as palavras saindo rapidamente da sua boca, sua voz demonstrando preocupação e raiva.
- Ele tá lá. – Mateus falou apontando para a outra ponta da pista de vôo, no estacionamento, a parte da pista onde havia muito mais carros, e atrás de um deles estava Harry abaixado, atirando por baixo de um carro com sua M16, sua perna sangrando, e os tiros da Umbrella estourando violentamente do outro lado do carro.
Enquanto isso, Greg disparava quase sem parar nos agentes da Umbrella com a P-90 que pegou do agente da Umbrella que ele pegaram informações antes. Wender estava preocupado com os garotos, e com raiva da Umbrella. Só Deus sabia como os garotos e o Capitão André estavam, e os agentes da FEAU estavam morrendo! Rafael Rodrigues se foi, e o australiano gordinho estava ferido! E aqueles ali eram literalmente os últimos agentes FEAU, a Umbrella estava acabando de vez com a FEAU. E Wender era a pessoa com mais autoridade e experiência ali para tentar impedir que mais pessoas morressem pela Umbrella. Era hora de acabar com a festa deles.
Wender viu Greg jogar longe a P-90, que devia estar vazia. O americano puxou sua pistola Glock e começou a disparar contra os agentes, que também estavam se defendendo atrás dos carros velhos e destroços de aviões, fora os aviões gigantescos que estavam inteiros, ali perto deles. Os agentes da Umbrella disparavam com as metralhadoras P-90, e com pistolas SIGPRO SP-2009, pistolas rápidas e fortes, e muito barulhentas. Já os agentes FEAU estavam quase todos com silenciadores.
Andre era o que estava mais a frente. Alyssa estava demonstrando medo, medo mais forte do que ela sentiu na missão no vilarejo São Miguel ou na missão no Rio de Janeiro. As coisas agora estavam bem piores, principalmente pelo fato deles saberem que estavam numa cela de Yves. Mauro andava ao lado de Alyssa, e ele estava sério, mais concentrado do que o normal, mirando rapidamente para todos os lados e para trás.
O lugar cheirava um forte cheiro químico nojento, que estava enjoando os três. Talvez fossem os Yves se aproximando. Era tudo muito confuso, haviam centenas de carcaças de carros, aquele cheiro de ferrugem e velharia misturado ao forte cheiro químico de plantas, e eles se confundiam, pois não sabiam se já haviam passado ali ou não, pois os corredores entre os carros eram iguais, porque eram tantos carros, que tudo parecia igual, parecia que eles caminhavam e não saiam do lugar.
- Silêncio! – Andre falou baixinho parando e levantando uma mão como sinal para Mauro e Alyssa também pararem.
- O quê foi, cara? – Mauro perguntou sem baixar a voz.
- Shh! – Alyssa fez Mauro calar a boca botando a mão sobre a boca do amigo, e aí no momento em que os três estavam em completo silêncio, ouviram um barulho gosmento se arrastando pelo chão, em algum lugar em volta deles, se aproximando lentamente.
Os três começaram a girar a cabeça para os lados, mas os carros confundiam demais a visão deles, e o barulho aumentava, estava se aproximando, já dava pra ouvir uma respiração ressoante, com certeza eram Yves.
De repente um ácido respingou por cima de um carro, pegando somente na camisa de Mauro, que começou a abrir buracos, estava se derretendo.
- Quê isso!? – Mauro exclamou deixando sua MP5 cair no chão, e já tentando tirar a camisa. – Me ajuda! Tá queimando!
Nisso um Yve surgiu perto deles, com uns carros impedindo ele de se aproximar mais. Ele era verde, e não tinha uma forma muito descritível, apenas um corpo alto e corcunda, verde, completamente gosmento e nojento, formado por plantas, com pernas e braços formados por tentáculos compridos, e sua cabeça era gorda e desproporcional, ele não tinha olhos, apenas uma cabeça com uma boca em forma de planta, dentes afiados em uma boca roxa por dentro, baba pingando de sua boca, que estava se fechando após ter cuspido o ácido em Mauro.
Andre não pensou duas vezes e segurou o gatilho de sua metralhadora SAF SMG, os tiros atravessando a pele de planta do monstro, muita gosma verde saltando para todos os lados. Andre não viu que enquanto isso, outro se aproximou por outro lado, esticando um dos braços tentáculos na direção de Alyssa.
Mauro estava desesperado tirando a camisa, e nem pôde fazer nada para ajudar Alyssa. O tentáculo enrolou no braço de Alyssa e voltou, puxando ela bruscamente. Alyssa caiu com um grito de dor, o tentáculo apertando seu antebraço.
Mauro ainda não tinha conseguido tirar a camisa de tanto desespero, e Andre, ouvindo o grito fino de Alyssa e o bater dela no chão, Andre parou de metralhar o primeiro Yve, e virou a arma apontada para o que puxava Alyssa. As balas estouraram na boca do bicho, que estava aberta, e parecia uma planta cheia de dentes famintos e fortes. O bicho soltou um grito tremendamente agudo, e se afastou soltando o braço de Alyssa, que estava no chão.
Andre ouviu o click do pente vazio de sua metralhadora, e ele sabia que não teria tempo para recarregar, se abaixou e pegou a metralhadora de Alyssa, que era igual à dele, e estava caída aos pés de Andre. Andre começou a metralhar o Yve, enquanto atrás dele Mauro já estava sem camisa atirando com a MP5 no Yve que havia cuspido nele antes.
E num grito mais fino do que o anterior, os dois Yves soltaram o gritinho em uníssono e caíram em volta deles, tudo melecado.
- Alyssa! Você tá bem? – perguntou Andre levantando a loirinha do chão.
- Aham. – disse ela passando a mão sobre o braço que havia sido puxado.
Seu braço estava muito vermelho, havia sido muito pressionado pelo tentáculo do monstro.
- Raios! Me queimei todo! – Mauro falou mostrando pros dois as manchas vermelhas na barriga e no peito.
Eram queimaduras sérias. Alyssa sabia disso, pois ela tinha sido a médica na falsa missão no vilarejo São Miguel.
- A gente precisa cuidar dessas queimaduras Mauro! – disse ela se aproximando do amigo, com sua arma já na mão de novo.
- Então vamos sair logo daqui! – Andre falou, um ar de liderança em sua voz.
- Boa idéia! – Mauro falou, recarregando a MP5, e Andre fez o mesmo.
- Tenho pouca munição, e vocês? – Andre perguntou.
- Eu também. – Mauro respondeu, e viu que Alyssa manteve uma mão sobre a mancha vermelha no braço.
- Alyssa, tá doendo?
- Um pouco, mas passa, vamos lá.
- Acho que devemos achar uma das paredes do lado desse lugar, e ai não vamos mais andar em círculos. A porta deve tá do outro lado desse lugar. E espero que esteja aberta. – Andre falou, e já começaram a andar, e Mauro sem camisa, mostrando uma sutil barriguinha de tanto comer batatas fritas, a barriga com queimaduras fortes.
- Tá muito quieto, cara. – Bruno disse, olhando para Felipe e Daniel.
Os dois, como ele, apresentavam caras de medo, eles estavam pálidos e sérios.
- O estranho é que não dá pra ouvir nada que tá acontecendo lá fora. – observou Daniel, os três caminhando lentamente, com as armas preparadas em mãos.
- As paredes devem ser reforçadas. – Felipe falou olhando para frente sem parar de caminhar. – Eles não podem deixar que essas coisas escapem daqui, né...
- Tá muito quieto, cara. O que será que começa com B? – Bruno não parava de falar.
Era muita sucata de carros em volta deles, e aquilo confundia a visão dos três, pelo menos eles ainda não tinham se perdido.
Eles estavam caminhando cuidadosamente olhando em volta, caso aparecesse alguma coisa, quando de repente o chassi de um fusca saltou por cima deles, os três se abaixaram assustados, e o chassi do fusca estourou no chão ao lado deles.
Eles olharam direto para o chassi estourando no chão do lado esquerdo dos três, e então olharam para a direita, e se depararam com um humanóide alto, com o corpo de um humano, só que sem sexo, nu, corpo amarelado, uma cara horrível, com uma boca babando, olhando nervoso pra eles, com olhos arregalados, um peito estufado, um corpo de mais de dois metros de altura, careca, parecia ser feito por músculos secos, porém fortes, e um de seus braços era normal, mas o outro era deformado e comprido, sua mão tocava o chão. Não era um Tyrant, mas era quase um: era um Bandersnatch.
Eles eram da série Tyrant, eram na verdade experiências de Tyrants que deram errado, e eram chamados de Bandersnatches, porque significava ossos de borracha, ou corpo de borracha. A explicação disso era que eles podiam esticar os braços, e a força do braço deformado deles era incomparável. Os três conheciam aquele monstro por causa dos jogos Resident Evil, e quando o viram, fora o medo que estavam sentindo, sentiram também raiva de si mesmos, por não terem se lembrado do nome Bandersnatches, teria sido melhor se eles tivessem seguido pelo caminho dos Réjis Lyckers.
Mas esses pensamentos passaram pela cabeça dos três numa fração de segundo, e logo que a imagem do monstro “quase Tyrant” estava a dois metros deles, os três já estavam de pé, prontos para correr.
Os três correram na direção contrária do monstro, obviamente voltando para a porta de onde eles vieram.
Os três corriam lado a lado, pulando os pedaços dos carros no chão, o monstro desengonçado correndo atrás deles balançando o braço deformado.
Bruno tropeçou em algum ferro, e caiu bruscamente. Felipe e Daniel pararam rapidamente, para ajudar Bruno a se levantar. De repente, a frente deles apareceu outro igual ao primeiro, e o anterior estava quase em cima deles já.
A arma de Bruno tinha caído longe, então Felipe mirou num, e Daniel no outro, e os dois começaram a metralhar os dois monstros gigantescos, enquanto Bruno se levantava pra pegar sua arma.
Quando Bruno a pegou, ele gritou pros amigos, e os três começaram a correr novamente. Os dois monstros corriam juntos atrás dos dois, batendo os braços deformados nos carros velhos que estavam perto deles.
- Eu vou lá ajudar o Harry! – exclamou Wender para Mateus. – Ele pode tá com pouca munição. Me dê cobertura, Mateus!
- Ok!
Wender saiu correndo no meio da pista de vôo, até o outro lado onde ficava o estacionamento. Mateus viu Wender correr, e tiros estourarem perto de Wender. Greg estava ao seu lado disparando com sua Glock #17, então Mateus soltou uma rajada de balas de sua Carabina a esmo, somente para fazer os agentes da Umbrella pararem de atirar enquanto Wender corria no meio da pista de vôo.
Os tiros pararam por um segundo de estourar em volta de Van Der Wender, mas um tiro acabou acertando Greg bem ao lado de Mateus. Mateus se abaixou rapidamente para trás do carro, limpando o sangue que respingou do amigo na sua cara e o corpo do americano caiu no colo dele, com um furo no meio da testa, sangue escorrendo por toda a cara do americano Greg.
- Merda! – disse Mateus soltando o corpo do amigo morto.
Ele olhou para o estacionamento, e viu que Wender já estava ao lado de Harry.
- Harry! Você tá bem? – perguntou Wender quando chegou atrás do carro onde Harry estava.
- Fora a minha perna, tá um dia lindo! – disse o australiano ironicamente e depois falou um palavrão no seu idioma.
Tiros estouravam muito do outro lado do carro. Wender olhou para Mateus e Greg, mas percebeu que somente Mateus atirava, e Greg estava caído no chão imóvel. Logo a raiva na cabeça de Wender aumentou. Greg Lewis estava morto. Ele precisava impedir que os outros morressem também.
Wender se levantou, disparou três vezes com sua AG-94 na direção dos agentes da Umbrella, e se abaixou novamente.
- Cadê o Jorge e o Mattias, Harry?
- Eles avançaram muito lá pro outro lado da pista de vôo, eu perdi eles de vista! Essa pista é muito grande, espero que ainda estejam vivos!
- Consegue caminhar? Nós precisamos avançar!
- Só se alguém me ajudar! Ou se me conseguir uma bengala! Há, há...
- Tudo bem, Mateus vai ficar aqui com você enquanto eu encontro os outros dois!
Wender se virou para Mateus, e fez sinal para ele correr para junto dele e de Harry. Mateus balançou a cabeça que sim, esperou os tiros pararem um pouco e correu em direção a Wender.
Os agentes da Umbrella que disparavam de algum lugar bem do outro lado da pista de vôo faziam os tiros estourarem aos pés de Mateus, apesar de que os três não conseguiam ver direito onde os agentes da Umbrella estavam. Quando Mateus estava quase na área do estacionamento, ele pulou e rolou para trás de um carro perto de onde Wender estava.
- Fala! – disse ele com as costas no carro ao lado, olhando para a esquerda, onde Wender e Harry estavam na mesma posição atrás de outro carro.
- Preciso que fique aqui com Harry para eu ir encontrar Jorge e Mattias!
- Ok.
Mateus era de falar pouco e fazer muito. Ele não disse mais nada e pulou para trás do mesmo carro de Wender agora. Ele viu que a perna do australiano sangrava muito, certamente ele não conseguiria caminhar.
- Wender, o Greg morreu!
- Eu vi! Mas ninguém mais morrerá, podem acreditar! Mateus! Fique aqui com Harry, eu vou tentar avançar. Cubra-me!
- Ok!
- Boa sorte! – disse Harry sem parar de disparar com sua M16 enquanto Van Der Wender já estava de pé pra correr em direção a ponta da pista de vôo onde havia os hangares onde guardavam os aviões.
Mateus rasgou a perna de sua calça, e amarrou no ferimento na perna de Harry, enquanto Wender já corria.
Os três estavam correndo pelo canto do lugar, tentando não se distanciar muito da parede, para conseguirem chegar ao outro lado sem se perderem e andarem em círculos novamente, mas estavam surgindo muitos Yves.
O lugar estava parecendo muito grande com aquela tensão toda. Andre era o mais rápido e ágil. Alyssa parecia cansada. Eles estavam correndo, quando mais um Yve apareceu de repente na frente deles. O monstro esticou dois tentáculos ao mesmo tempo, tentando acertar Andre, que desviou para a esquerda e continuou correndo.
Enquanto corriam, Mauro atirava para trás, mas não parava de correr para acompanhar os amigos. Pelo menos os Yves eram lentos.
- Tô sem munição! – disse Mauro jogando a MP5 para trás para correr com mais facilidade. – Estamos ferrados!
- Continua correndo! – Andre gritava.
- Eu não agüento! Espera aí! – Alyssa parou, obviamente cansada.
Mauro e Andre também pararam, eufóricos, olhando em volta desesperados, principalmente Mauro, que estava desarmado.
- Vamos, Alyssa! Não pára! – Mauro gritou, vendo que pelo menos uns seis Yves estavam perto deles.
- Eu não agüento mais correr! – disse Alyssa com a mão sobre o rim, ela estava totalmente sem fôlego.
- Cuidado! – Andre exclamou, pois um dos seis Yves cuspiu na direção de Alyssa, e ela se abaixou rapidamente, o ácido respingando no capô de um carro a frente de Alyssa, fazendo o ferro enferrujado se corroer lentamente.
Andre começou a metralhar os seis Yves ao mesmo tempo, passando a mira da SAF SMG do Yve da esquerda até o mais da direita sem soltar o gatilho. Mauro procurava algo para usar como arma, e Alyssa começou a disparar junto de Andre.
Três Yves caíram quando Alyssa começou a atirar.
- Vamos! – gritou Mauro, apontando para a porta.
- Vamos Alyssa! – Andre começou a correr trocando o pente vazio pelo último pente de munição cheio.
Andre caminhava de costas, metralhando os Yves, agora mais um havia se juntado aos três que ainda estavam vivos. Andre não soltou o gatilho enquanto os Yves não morreram, porém, sua munição também acabou.
- Uff! – Alyssa estava muito cansada.
- Tô sem munição também! – falou Andre.
- Vamos logo, pessoal! A porta tá logo ali! Vamos antes que apareçam mais!
 Os três correram até a porta de ferro, de tamanho normal, e com muitas trincas de aço, inclusive uma manivela giratória, que os três tiveram que juntar as forças para girar, pois parecia estar emperrado. Certamente aquela porta não era aberta a muito tempo.
Agora haviam três Bandersnatches atrás de Daniel, Felipe e Bruno. Os três até tentaram atirar nos monstros, mas todos gastaram um pente inteiro e nenhum dos três monstros morreu. A melhor alternativa que acharam foi correr. O problema era que não achavam a porta do outro lado, e os monstros eram incansáveis, os três não. Era tudo muito confuso com aquele monte de carros velhos empilhados.
Um dos três monstros estava alcançando eles, com o braço desengonçado balançando e batendo nos carros em volta. O monstro parou de correr e esticou o braço deformado, sua mão grotesca segurou a perna de Felipe. Felipe caiu de cara no chão bruscamente, pois o monstro travou sua corrida.
Na mesma hora, Daniel e Bruno dispararam na cara do monstro, até a mão dele soltar a perna de Felipe. A cara de Felipe estava sangrando por causa do tombo, mas ele nem percebeu e se levantou quando sentiu um peso muito grande soltar sua perna. Felipe não havia soltado a arma quando caiu, então se levantou já embalado para correr.
Os três voltaram a correr, os três monstros correndo desengonçadamente atrás deles.
- Não pára! – gritou Daniel!
- Tô bem! – gritou Felipe em resposta, apesar de que sua cara esfolada já estava inchando.
Wender havia corrido poucos metros quando saiu de trás do carro e uma bala perfurou seu braço. Mateus estava atrás do mesmo carro de antes, junto de Harry, e Wender teve que parar atrás de um furgão velho quando sentiu a ardência no braço. Pelo tamanho do ferimento, ele soube que foi atingido por uma pistola e não por uma P-90.
- Droga! – ele exclamou automaticamente, mas ele tinha que continuar, ele estava determinado a acabar com cada agente da Umbrella.
Ele espiou pelo canto do furgão, e conseguiu ver dois agentes atrás de outro carro, esticados por cima do carro, os dois mirando em Mateus e Harry, que estavam mais pra trás de Wender. Significava que foi outro agente que acertou o braço de Wender, e Wender estava bem no meio do fogo cruzado.
Os dois que ele viu não o viram, então Wender disparou duas vezes, o primeiro tiro acertando o carro onde eles estavam, e o segundo acertando um dos dois agentes, que caiu de primeira, certamente baleado na cabeça. O outro agente soltou uma rajada de balas que estouraram perto da cara de Wender na lateral do furgão. Wender esperou o homem parar de atirar e botou a cabeça pra fora e disparou sem olhar nem pensar. Ele disparou várias balas, e voltou, torcendo para alguma delas ter acertado aquele agente. Wender esperou, e olhou de novo, e o agente havia caído.
Wender saiu de trás do furgão, correndo até o carro onde estavam os agentes da Umbrella que ele acabou de matar, pois ele precisava de munição. Ele tinha menos que dez balas na sua AG-94.
Mateus estava tentando enxergar de longe onde estava o agente que havia acertado Wender. Harry estava simplesmente parado ao seu lado, só olhando o tiroteio, pois estava sem munição. Mateus viu Wender correr de trás do furgão em direção ao carro onde estavam os dois agentes que Wender acabou de acertar aparentemente, e um agente estava deitado em baixo de um carro a esquerda de Wender.
Wender não viu aquele agente, certamente foi aquele que acertou o braço de Wender anteriormente. Mateus viu que ele estava pronto pra atirar em Wender novamente, então Mateus ficou de pé para ter uma visão melhor e segurou o gatilho de sua carabina com força, várias balas estourando em volta do agente da Umbrella, que ficou imóvel. Um dos tiros o acertou certamente.
Os três estavam correndo dos Bandersnatches, mas agora eram quatro, havia surgido mais um. Os três corriam lado a lado o mais rápido que conseguiam naquele “ferro-velho”.
Eles corriam dos monstros, quando Daniel parou e começou a subir num carro.
- Dani! Vamos cara! – exclamou Felipe.
- Quê tá fazendo? – Bruno perguntou rápido.
Os Bandersnatches estavam se aproximando.
- A gente tá correndo em círculos, vamos por cima dos carros que daí a gente vai achar a saída! Vem!
Felipe começou a subir, quando um dos monstros apareceu bem perto deles. Ele olhou para os três e abriu a boca, soltando um grito extremamente forte e assustador, enquanto um mais atrás usou o braço deformado para arremessar uma porta de carro que passou voando por cima dos três.
Felipe e Daniel metralharam o mais próximo, ou ele acertaria Bruno. Bruno também começou a disparar, as balas fazendo saltar lascas do corpo do humanóide. Quando a munição de Bruno acabou, o monstro caiu morto, mas os outros já estavam em cima deles. Felipe e Daniel continuaram metralhando os monstros, e Bruno subia a pilha de carros, já desarmado.
- Pára de atirar Dani! Vamos correr!
E ao acabar de dizer isso Felipe começou a correr por cima da pilha de carros, pulando de um a outro, Daniel e Bruno lhe seguindo. Os três Bandersnatches que estavam vivos corriam no chão, batendo os braços desesperadamente nos carros, enfurecidos porque a presa deles estava escapando.
A cada batida, a lataria dos carros abaixo dos pés dos três balançava, e Bruno quase caiu, mas Daniel o segurou. Felipe conseguiu ver do outro lado uma porta de ferro, aparentemente bem grossa e cheia de trincas. Eles estavam quase lá quando um dos monstros arremessou a lataria inteira de um carro, que bateu na pilha onde eles estavam, e os três caíram.
Deu um forte estrondo quando os carros bateram o chão, e os três caíram no chão. Felipe ralou totalmente o braço esquerdo, que estava todo arranhado e sangrava, fora o sangue que escorria na sua cara da hora que ele caiu de cara no chão. Bruno torceu o pé, e Daniel caiu de barriga, ralando o peito e as mãos. Mas os três tiveram muita sorte de nada ter caído em cima deles, pois a pilha onde estavam antes de cair desmoronou junto com eles.
Os três ficaram caídos, gemendo com o tombo, até que perceberam que quando a pilha de carros caiu, acabou se tornando uma barreira, e os três Bandersnatches estavam do outro lado. Eles podiam ouvir as batidas dos enfurecidos monstros do outro lado da grande barreira de ferragens de carros velhos.
Felipe foi o primeiro a levantar, sem nem perceber o sangue no braço arranhado.
- Vocês tão bem? Vamos lá, a porta tá ali!
- Droga! Torci meu pé! Merda!
- Ajuda aqui Dani!
Bruno se apoiou nos ombros de Felipe e Daniel e eles seguiram até a porta, mas eles sabiam que em segundos aquela pilha de carros se desmoronaria também.
A porta tinha muitas trincas, e uma manivela de girar bem no meio da porta. Felipe abriu todas as trincas, enquanto Bruno se segurava em Daniel, que estava de arma na mão. Bruno segurava a arma de Felipe. Felipe estava fazendo força para girar a manivela emperrada, quando a pilha de carros se desmanchou, e os três monstros estavam novamente correndo enfurecidamente em direção aos três.
Felipe conseguiu abrir a porta, e já se jogou pro outro lado, Daniel se jogou junto com Bruno, eles caindo no chão do outro lado, e Felipe fechou a porta, e fechou todas as trincas do outro lado, ouvindo as fortes batidas dos enfurecidos e horríveis Bandersnatches do outro lado da porta exatamente quando ele fechou as trincas do outro lado.
Depois que passaram a porta de saída do ferro-velho dos Yves, Andre, Alyssa e Mauro estavam em um corredor limpo e bem iluminado, com paredes bem pintadas de cinza, e o corredor estava vazio.
Somente Alyssa estava armada, Andre e Mauro ficaram sem munição, e acabaram deixando suas armas para trás. O corredor fazia uma curva logo à frente, para a esquerda e para a direita.
Alyssa fez sinal para os dois bobões ficarem em silêncio, e ela seguiu na frente, e quando chegou na curva do corredor, pôs somente a cabeça para espiar. Para a esquerda, apenas uma porta e mais nada, e quando ela espiou para a direita, viu que era um longo corredor, cheio de portas e um agente da Umbrella estava caminhando, de costas para Alyssa, certamente vigiando aquele monte de portas.
Ela mirou bem com a sua SAF SMG, e atirou, o silenciador não deixando sair nenhum som do disparo que ela deu, e o agente caiu de primeira. Os três seguiram até onde estava o corpo do agente que Alyssa acabou de matar. Mauro pegou a metralhadora P-90 dele, e Andre procurou alguma coisa no uniforme do homem, mas não achou nada.
No corredor havia uma porta no canto oposto, e pro lado que eles estavam do corredor oito portas a direita e uma a esquerda. A única porta a esquerda estava trancada, mas ao lado dela havia uma coisa na parede, um papel que Alyssa arrancou da parede rapidamente e começou a olhá-lo de cima a baixo. Era um mapa do lugar. Enquanto Alyssa lia em voz alta o que era cada aposento daquele lugar, Mauro e Andre esticavam-se sobre ela, para ver o mapa também.
O aeroporto não era mais um aeroporto. Ele era um aeroporto abandonado por fora, mas por dentro foi totalmente modificado. Do lado de fora, quase todos os lados do aeroporto eram fechados pela floresta, a não ser do lado direito, onde ficava a pista de vôo. Na pista de vôo havia dois grandes hangares, e um estacionamento. Havia uma estradinha que vinha da cidade, mas havia uma barricada feita pela Umbrella, para que ninguém se aproximasse por ali. Nos fundos do local, havia uma praia que talvez nem fosse freqüentada. Aquele realmente era um lugar isolado.
Por dentro, o corredor onde os três estavam tinha oito laboratórios, que eram as oito portas da parede da direita do corredor. A porta que estava trancada a frente deles passava para o lado do lugar onde eles deveriam ter entrado pela porta um. A porta na outra ponta do corredor estava escrito ARSENAL. Ao ler isso, os três se olharam com felicidade. Seria ótimo achar uma sala de armas naquele momento!
O “ferro-velho” onde eles enfrentavam os Yves era quase a maior parte do lugar inteiro por dentro. E eles puderam saber o que Felipe, Daniel e Bruno estavam enfrentando. As três partes do nível três eram divididas por Yves, que era por aonde eles vieram, a parte dos Réjis Lyckers, que era do outro canto do corredor do nível três, e a parte do meio, por onde os amigos foram que havia letra B, estava escrito no mapa: BANDERSNATCHES. Isso assustou um pouco os três.
Todo o lugar só tinha duas entradas. A porta #1 e a porta #2, por onde os seis entraram. Depois da porta dois, havia o corredor com as BOWs do nível um, depois o corredor do nível dois, depois o corredor do nível três, que tinha as três grandes partes de “ferro-velho”. Somente a parte dos Yves saía onde eles estavam. A compartição dos Réjis Lyckers e dos Bandersnatches dava na parte esquerda e de trás do prédio. As duas partes do nível três, Bandersnatches e Réjis Lyckers davam num corredor pequeno, com uma porta pra um segundo corredor e uma sala bem grande, que era uma sala de descanso. Na sala de descanso havia um pequeno quadrado no mapa dentro dessa sala, que com certeza era algum banheiro. Já o segundo corredor, que passava ao lado da sala de descanso, ia até o fundo do prédio, e curvava para a direita depois de um refeitório.
Essa era a metade do lado esquerdo do prédio. Se eles tivessem entrado pela porta #1, onde havia o computador solicitando senha na recepção abandonada, eles iriam passar por um largo corredor com quatro salas inutilizadas. Com certeza era só uma fachada, para não levantar suspeitas a qualquer intruso. Depois dessas salas inutilizadas, o lado direito do prédio tinha uma sala gigantesca, com várias portas e no mapa estava escrito nível zero (“O que seria mais fácil do que as BOWs do nível um?” os três se perguntaram mentalmente). Nessa mesma sala gigantesca nível zero, uma pequena parte dela estava destacada no mapa como SALA DE MONITORAMENTO / NÍVEL QUATRO – TYRANTS / ELEVADOR DE EMERGÊNCIA.
“Droga! Tyrants!” os três pensaram ao mesmo tempo. Aquele mapa estava começando a assustar os três! Aquela bosta de lugar era mais perigosa do que eles pensavam!
Em volta dessa gigantesca sala de nível zero e nível quatro havia um corredor que passava por toda a volta dessa sala. As duas pontas desse corredor eram os únicos caminhos de passagem para o lado esquerdo do prédio (onde os seis estavam), uma das pontas do corredor tinha uma porta que era a que estava trancada a frente deles, e a outra ponta do corredor, era uma porta que dava no corredor depois do refeitório. Se a porta a frente deles estava trancada, só sobrava a porta do corredor do refeitório para passar para a outra metade do prédio, e só Felipe, Bruno e Daniel passariam por lá, caso sobrevivessem os Bandersnatches...
- Droga! Onde será que o Capitão André tá?
- Não sei Alyssa! – respondeu Mauro pegando o papel da mão dela.
- Como a gente não se lembrou que B podia ser Bandersnatches! – Alyssa estava revoltada.
- Sei lá, Alyssa, - Andre falou confiante. – mas não dá pra gente ficar se lamentando agora! Eles já devem ter saído de lá.
- Mas o que será que tem no nível zero? – perguntou Mauro um pouco confuso com o papel nas mãos.
- Tomara que o Capitão teja lá! – Andre exclamou quase junto com Alyssa.
- E tomara que os três estejam bem, também... – Alyssa demonstrava preocupação com os três amigos. 
Imagine! Eles estavam enfrentando Bandersnatches!
- Tá, vamos lá. – Andre começou a explicar seu plano. – aqui diz que aquela porta lá é um arsenal. Eu vou lá, enquanto vocês dois procuram alguma coisa nos laboratórios.
- Ok. – Alyssa falou enquanto Mauro devolvia o mapa, e ela pôs no bolso de sua calça.
Jorge e Mattias haviam corrido para dentro do segundo hangar, o único que estava aberto. Dentro da porta gigante do hangar estava tudo escuro, mas foi a única opção para os dois. Foi erro deles ter avançado tanto na pista de vôo, e acabaram quase ficando cercados por agentes da Umbrella. Para impedir isso os dois correram para dentro do hangar.
Eles eliminaram quatro agentes da Umbrella que estavam dentro do hangar, e depois ficaram lá, esperando movimentação de agentes da Umbrella. Mattias foi baleado por uma pistola no braço, mas estava bem. Havia portas laterais de tamanho normal no hangar, mas estavam trancadas, a única maneira dos agentes da Umbrella entrarem seria pela porta gigantesca, e os dois estavam no escuro, prontos pra atirar em quem entrasse.
- Eles devem estar bem lá fora... – Mattias cochichou ao lado do português, quando percebeu que ele estava fazendo uma oração.
-... É, eles devem estar... – Mattias disse dessa vez pra si mesmo, talvez um pouco inseguro, afinal ele era um agente neutro antes do fim da FEAU.
Os dois esperam bastante lá, mas o tiroteio lá fora demorava a diminuir, era longo. A luz da noite ficava cada vez mais clara, somente a leve claridade da lua iluminando aquele lugar horrível no meio da floresta.
De repente algum objeto pequeno foi jogado para dentro do hangar, como uma pedra. O objeto quicou e parou a dois metros de onde eles estavam.
- Ave Maria! – o português gritou e já se levantou correndo para a luz.
Era uma granada!
Segundos depois, Jorge estava caído no chão, e todo o lado esquerdo de seu corpo ardia, os fragmentos da granada cravados no seu braço e na sua perna esquerda. Ele sentia um zumbido horrível no ouvido esquerdo, que sangrava, e sua cabeça doía. Ele levantou a cabeça, ainda meio atordoado, e quando a abriu os olhos ele viu o corpo de Mattias totalmente mutilado pela granada caído perto dele. Droga! A granada caiu nos pés dele!
Jorge lamentava-se por Mattias ter morrido, e ele sabia que foi muito sortudo em ter sobrevivido, mas o jogo ainda não tinha acabado, ele tinha que estar atento. Jorge procurou com o olhar a sua arma, mas ela havia caído em algum lugar no escuro. Ele viu uma sombra se aproximando na porta do hangar, procurando eles com uma P-90. De repente outra sombra apareceu se aproximando sutilmente atrás daquela e passou uma faca no pescoço da primeira. Era Wender!
Wender correu até Jorge depois do corpo do agente da Umbrella cair mole como um boneco, e Wender começou a carregar Jorge para fora, Jorge mancando com a perna esquerda, o corpo apoiado no de Wender enquanto ele lhe carregava pra fora.
- Mattias! Ele não conseguiu correr da granada! – disse enquanto eles saiam do hangar.
O tiroteio havia terminado, ou pelo menos pausado um pouco.
- Foi minha culpa! – disse Wender com uma voz de raiva. – Eu não vi ele escondido na rua! Se eu tivesse visto ele não teria jogado aquela granada! Vamos lá, acabou, só precisamos achar um jeito de entrar naquele lugar e salvar os garotos! Agüenta Jorge!
Os três caíram do outro lado da porta e a primeira coisa a fazer era trancar todas as trincas. Ainda dava pra ouvir os Bandersnatches batendo do outro lado da porta.
- Vamos lá. – disse Felipe levantando os amigos.
Eles estavam em um corredor pequeno, com quatro portas, duas à direita e duas a esquerda. As da esquerda, uma era a que eles acabaram de sair e a outra é a que vinha pelo caminho dos Réjis Lyckers. Não havia do lado direito da porta por onde eles saíram a porta de saída da parte dos Yves. Mauro, Alyssa e Andre saíram em algum outro lugar dentro daquela base. As duas portas da direita, eram iguais, mas uma delas tinha uma placa escrito SALA DE DESCANSO, e foi a que os três decidiram entrar primeiro.
Bruno estava desarmado e mancando, então Daniel preparou para entrar, Felipe chutou a porta e Daniel entrou mirando para todos os lados. Havia dois agentes sem capacete, sentados em uma mesa tomando xícaras de café, ou algo assim, e quando a porta abriu os dois tentaram mirar com suas pistolas, mas Felipe e Daniel foram mais rápidos e atiraram primeiro. Os dois agentes caíram na hora, e Bruno entrou depois. Havia um banheiro no canto da sala, uma máquina de refri, um freezer, uma mesa onde estavam os agentes, um sofá marrom um pouco velho, com uma televisão antiga na frente, um fogão, era praticamente uma sala para os funcionários, apesar das paredes parecerem estar no mesmo estado que eram quando aquilo ainda era um aeroporto.
Além daqueles dois agentes, a sala estava vazia, e tinha um cheiro de café novo no ar, uma cafeteira cheia e quente em cima da pia. Os três procuraram qualquer coisa que pudesse servir, um mapa da base talvez, ou alguém para fazer umas perguntas, mas não tinha nada mais ali.
Eles só ficaram com as pistolas dos agentes, pois era exatamente o que precisavam: armas. Bruno pegou uma, e Felipe a outra, pois sua SAF SMG esvaziou-se depois de matar aqueles agentes que estavam ali.
- Pois, pois... – disse Bruno enquanto saiam, Daniel já ia pegando umas bolachas que estavam em cima da mesa.
Os três saíram e se prepararam para passar a outra porta. Os três estavam tensos, e loucos pra sair dali logo. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Onde será que estava o Capitão André? Será que os amigos deles resistiram os Yves? Será que Van Der Wender e o resto da equipe estavam vivos lá fora no combate aos agentes da Umbrella? Será que eles conseguiram entrar na base? Será que Robson já estava a caminho com o helicóptero? Será que eles sairiam vivos dali?
Os três passaram a porta e estavam em um corredor que curvava a direita. Antes de curvar o corredor, os três decidiram entrar na única porta que tinha ali. Era um refeitório. Estava escrito na porta.
- Escuta! – cochichou Bruno. – Tem alguém ai dentro, tem um rádio ligado.
Dava pra ouvir fracamente através da porta um rádio tocando uma música típica, com certeza alguém estava ali.
- Vamos devagarzinho... – Felipe disse empurrando a porta lentamente.
Quando a maçaneta já estava aberta, Felipe jogou o corpo contra a porta e mirou para dentro. Um agente da Umbrella estava de costas e quando eles entraram ele se virou assustado.
- Parado!
- Fica quieto!
Os três miravam suas armas para o homem. Felipe e Bruno apontavam pistolas SIGPRO SP-2009, e Daniel sua metralhadora HK-36.
- Tá bom! Tá bom!
“Ele fala português!” os três pensaram imediatamente!
- Você fala português? – Felipe gritou e se aproximou do homem, Daniel fazendo o mesmo, a tensão tomando conta dos três, enquanto Bruno recolhia a pistola do homem.
- Sim! Eu sou brasileiro! Eu só tava comendo!
- Há, há... – Daniel riu-se do homem.
- Vai nos responder umas coisas!
- Sim! Sim! Qualquer coisa!
Felipe se acalmou um pouco e perguntou:
- Como te contrataram?
- Eu fui recrutado no exército!
- Fala mais! Por quem? Como! – Felipe estava pressionando o homem.
Ele era até parecido com Robson, da equipe FEAU, cabelo preto bem baixinho sem nenhum detalhe, olhos verdes, sobrancelhas finas e pele clara. Ele parecia estar com medo, e não parecia ser muito forte.
- Eu era do exército brasileiro, mas o dinheiro que eu recebia não dava pra cuidar da minha família. Ai um sargento meu, há cinco anos me recrutou pra essa empresa. Eu só tenho que cuidar do local, eu e os outros que tão aqui...
- Mas são todos brasileiros? – Daniel perguntou e Bruno já perguntou também:
- Qual era o nome do seu sargento?
- O nome dele era Jack Vandal. Ele tem muitas medalhas por conquistas, é um bom soldado. Não, não são todos brasileiros os que trabalham aqui. Poucos são brasileiros, a maioria são moradores locais, que aceitam trabalhar aqui, afinal, eles nos pagam bem.
- Mas tu sabe o que eles fazem aqui? – perguntou Bruno de novo.
- Eu já ouvi falar sobre BOWs, e até zumbis. Eu não sei o quê significa BOW, mas acho que são todos meio loucos aqui. Eu não sei de mais nada. Só sei que na entrada da porta dois eles cuidam de alguns animais. Mas os agentes como eu não passam por lá.
- Aqueles animais são BOWs! – Daniel exclamou.
- Vocês não sabem o que eles fazem aqui então? – Felipe perguntou.
- Não. Com o tempo aprendi que pela loucura das pessoas desse lugar é melhor fazer somente a minha parte. Mas eu sei algumas coisas porque eu sempre fico dentro da base, e as vezes escuto o que não devia, mas isso não é da minha conta.
- Fala! – Felipe gritou na cara do homem, que mantia as mãos levantadas.
- Se eu falar eu não sei o quê eles vão fazer pra mim!
- Fala! – os três gritaram juntos na cara do homem, assustando-o mais ainda.
- Tá bom, tá bom, eu vou explicar tudo. Têm agentes que são pagos pra fazer rondas lá fora somente, para impedir que intrusos apareçam. Há os que só ficam aqui dentro como eu, mas nós entramos sempre pela porta um, junto de algum cientista, só eles tem o código do computador de entrada. Também sei que essa é uma base só dessas tais BOWs, mas já ouvi falar sobre outras bases. Não conheço nenhuma outra base da empresa, mas acho que são espalhadas pelo mundo todo. Sei que tem bases só para reuniões, bases só de pesquisas com essas tais BOWs, bases só de laboratórios de pesquisas de alguma coisa, bases de treinamento, que eu não precisei passar porque já fui treinado no exército, e ouvi uma vez falar sobre uma tal Base Central. Não faço idéia onde fica, mas tenho certeza que é o coração da empresa. Eu não sei com o que eles trabalham aqui, mas sei que é algo ilegal, ou eles não se esconderiam assim, mas eu melhorei de vida depois que Vandal me ofereceu esse serviço, por favor, sou só um funcionário, não me façam nada, eu tenho filhos!
Os três se olharam, percebendo que o homem realmente estava com medo. Ele falava rápido, e sua cara suava.
- Aonde e quando você costuma ver esse tal Vandal? – perguntou Bruno.
- Nunca mais vi depois que ele me conseguiu esse emprego, há cinco anos. Eu saí do exército, mas ele eu não sei. Não faço idéia se ele ainda faz parte do exército brasileiro.
- Sabe alguma coisa sobre Endo Oono, ou Angelina Helena Pool? – Daniel perguntou baixando a voz um pouco, deixando os gritos de lado, afinal algum outro agente poderia ouvir.
- Uma vez ouvi falarem esses nomes. Sobre essa Angelina, ouvi falar ano passado que ela estava encarregada do Projeto Dados, ou alguma coisa parecida. Não sei o quê é, mas não sei mais nada sobre ela, nem nunca a vi. Já Endo Oono, ele já esteve aqui. Uma vez, faz dois anos, eu acho. Ele esteve aqui, para comunicar alguns cientistas sobre uma reunião na Base Central, e é ele que fiscaliza as bases, ele fiscaliza se nenhum de nós, agentes, não roubou nada, se ninguém mexeu nos computadores, e se os cientistas estão trabalhando direito. Acho que ele é bem importante na empresa. Ele até estava vestido com um terno bem caro.
- Como ele é? – Daniel perguntou curioso.
Antes mesmo de o homem responder Felipe e Bruno olharam para Daniel, os dois pensando a mesma coisa, a importância da pergunta que Daniel fez.
- Ele é coreano, eu acho, ele fala vários idiomas, é baixo, tem o cabelo bem escuro preto, um topete de empresário, ele anda sempre bem arrumado, sabe, já disse que usava roupas caras, ele tem uma cara séria, olhos pequenos, uma pinta no rosto e pele bem clara. Só isso que eu me lembro dele.
- E tu sabe alguma coisa do Capitão André?
- Quem, o prisioneiro? Há alguns dias chegou um novo prisioneiro, ele está preso no nível quatro, eu acho que é lá que ele está. Fazia tempo que não traziam nenhum prisioneiro, o último foi em 2009. Não sei o que fazem com nenhum dos prisioneiros. A mulher prisioneira que chegou por último em 2009, está até hoje presa no nível quatro. Não faço idéia o que fizeram ou vão fazer com ela, mas acho que o novo prisioneiro está lá também. Eu não sei nada sobre isso porque nós não podemos entrar lá. Só sei que esse novo prisioneiro quase escapou, ele foi pego enviando um e-mail pra alguém esses dias. Não sei nada sobre ele.
- Rí, ríiiiiii...
- Pois é, nós viemos buscar ele. – Bruno falou rindo.
- Onde é o nível quatro? – Felipe perguntou continuando sério.
O homem se virou e puxou um papel que estava sobre uma mesa, era um mapa. Ele mostrou o mapa para os três, e eles viram que era o mapa de todo aquele lugar. O prédio era dividido no meio, do lado esquerdo ficava o nível um, nível dois, as três partes do nível três, a sala onde eles estavam agora, a sala de descanso que entraram anteriormente, uma sala de armas, e vários laboratórios. Com certeza Mauro, Andre e Alyssa estavam passando pelos laboratórios e pela sala de armas. Do outro lado do prédio, o lado direito, ficava as salas que não eram usadas depois do computador de entrada na porta #1 na falsa recepção, e uma sala muito grande, dividida em NÍVEL QUATRO, NÍVEL ZERO e SALA DE MONITORAMENTO.
- O que têm no nível zero? – perguntou Bruno soltando o papel na mesa novamente.
- Não sei, não há agentes naquele lado da base. Nós só passamos por lá pra entrar e sair da base, sempre junto de algum cientista. Somente os cientistas andar por lá. – o homem parecia estar mais calmo agora que só Felipe apontava a arma para ele, mas seu suor era inevitável, e ele estava imóvel, só falava, sem tirar os olhos de Felipe e sua arma.
- Tem algum cientista aqui agora? – perguntou Felipe sério.
- Só um, o pesquisador-chefe dessa base. O nome dele é Mario Bittencourt. Ele usa óculos, está sempre de jaleco, tem uma barbicha preta e o cabelo loiro escuro. Ele até parece louco as vezes, esquizofrênico.
- Onde ele tá?
- Deve estar na sala de monitoramento.
- E alguém já sabia que nós estávamos aqui? – perguntou Daniel.
- Sim. Há alguns minutos ele informou todos agentes daqui de dentro que um grupo de intrusos estava em batalha lá fora, e que seis deles entraram. Ele estava assistindo tudo pelas câmeras, e quando viu que os seis conseguiram entrar, fechou automaticamente a porta pra que os outros ficassem do lado de fora. Mas ele disse pra nós nem nos preocuparmos com vocês, porque ele disse que vocês não passariam dos animais do nível três. Ele até chamou um batalhão para fazer uma ronda pela cidade, para que investigassem se não há ninguém esperando vocês na cidade com algum veículo de fuga, ou algo parecido. Foi isso que ele disse. E ele disse que um segundo batalhão está a caminho daqui, pra não deixar os amigos de vocês saírem vivos daqui. O camburão deve estar chegando já.
- Desgraçado! – exclamou Daniel. – Não tem câmeras aqui, né?
- Não, somente nos corredores, nas entradas, nas celas dos animais de todos os níveis, e todo o lado direito do prédio.
- E por onde podemos sair daqui? – perguntou Felipe baixando a arma também.
- Sigam pelo corredor, passem a primeira porta, e estarão no lado direito da base, no corredor que faz a volta no nível zero. Por lá vocês podem ir até o nível quatro se quiserem, mas naquele corredor há algumas janelas abertas eu acho, é o máximo que sei. Mas por favor, não façam nada pra mim, eu falei tudo que queriam, eu preciso viver, eu tenho filhos.
O homem realmente estava com medo. Ele se sentou numa cadeira, e ficou olhando com medo e receio para os três, implorando piedade.
- Não vamos fazer nada pra você, mas não fale pra ninguém sobre nós. – Felipe disse já indo em direção a porta.
- E um conselho... – disse Bruno abrindo a maçaneta já para sair. – Pense mais quando for aceitar um emprego, e saiba bem do que se trata.
- É, - Daniel terminou. – e acredite, zumbis existem.
- Mas quem são vocês?
- Alguém que vai acabar com tudo isso. – Felipe disse e puxou Daniel e Bruno para fora.
Wender estava saindo do hangar com Jorge apoiado a seu corpo, haviam acabado os agentes da Umbrella, e do outro lado da pista, Mateus e Harry vinham vindo, o australiano apoiado em cima de Mateus igual a Jorge estava com Wender. Os que estavam em melhores condições eram Wender e Mateus, mas Wender se culpava por não ter conseguido impedir que tantos membros da equipe morressem. Era hora de tudo isso acabar logo!
- Wender! – Harry falava enquanto ele e Mateus se aproximavam do holandês e do português. – Acabou!
- É! – Wender disse em resposta, chegando a frente deles, os quatro parando onde estavam, quase em baixo de um grande avião abandonado no meio da pista de vôo, e Jorge se sentou no chão, exausto e todo machucado pela explosão da granada.
- Mas agora temos que encontrar um jeito de entrar lá e salvar os garotos! – Wender falou com a voz rápida depois de uma pausa.
Wender não queria deixar o cansaço tomar conta do seu corpo, a missão ainda não tinha acabado.
- Não podemos nos esquecer por que estamos aqui. – Wender disse olhando para os três. – viemos aqui para salvar o Capitão André, e não pra a FEAU acabar de uma vez.
- Ah... Droga, eu preciso de uma cama e um chá. – disse Jorge falando bem alto, aparentemente ficou surdo do lado esquerdo por causa da granada. Seu ouvido escorria sangue.
Nisso um disparo muito alto ecoou pela vazia pista de vôo, e sangue respingou da cabeça de Harry, o corpo caindo violentamente entre os outros três, tudo muito de repente.
- Droga! – exclamou Mateus se virando para trás.
Eles nem tinham percebido que um furgão da Umbrella igual ao que eles explodiram na favela apareceu na estradinha que vinha da estrada, e estava parado do outro lado da barricada feita pela própria Umbrella. Vários agentes da Umbrella saiam de trás do furgão, se espalhando pela floresta em volta do lugar e alguns agentes entrando na pista de vôo.
Os três tentaram correr, mas em uma fração de segundo o forte rifle disparou novamente e Jorge caiu antes mesmo que tivesse tempo de levantar de onde estava sentado. Wender e Mateus não tiveram tempo de pensar em outra coisa além de correr pra dentro do hangar. Tentar se defender atrás de alguma coisa ali seria inútil contra aqueles potentes rifles de precisão.
- Corre Mateus! – Wender gritava, os dois correndo como loucos até o hangar.
O rifle disparou outra vez, e pedaços de umas caixas ao lado de Wender estouraram com o tiro. Mateus passou primeiro pela porta gigante do hangar, e Wender estava passando pela entrada quando o forte rifle disparou novamente e Wender caiu.
- Wender! – Mateus gritou enquanto já se virava para puxar Wender para dentro do hangar.
Mateus segurou nos braços de Wender e lhe arrastou para dentro, Wender gemendo, e outro tiro estourou perto das pernas de Wender.
- Pegou o seu ombro, mas acho que foi só de raspão!
- Droga! Eu contei pelo menos uma dúzia! – Wender dizia olhando para o ombro ensangüentado com uma cara de dor.
- Há um Sniper! O desgraçado matou Jorge e Harry! – Mateus estava brabo também, pois os amigos dele estavam morrendo!
Mateus arrastou Wender para um canto mais escuro, e os dois ficaram mirando para a porta gigante, iluminada pela lua, e o céu estava começando a ficar claro, mas uma chuva começou, e estava engrossando rapidamente.
Robson já estava entediado só andando em volta do helicóptero. Faltava pouco pro sol nascer, e faltavam menos de dez minutos pra fechar uma hora, o combinado para ele ir procurar os outros. Robson não sabia mais que música cantar, e nem pra o quê olhar, o tédio e a preocupação aumentando a cada momento, e ele não conseguia pensar em outra coisa além de “o quê será que está acontecendo cm eles?”.
“... Eles estão bem”, dizia o pensamento de Robson.
“... Ou não! Se estivesse tudo bem já deveriam ter voltado!”, ele estava muito nervoso e preocupado.
Será que estavam bem mesmo? Será que estavam todos vivos? E será que o Capitão André já estava com eles?
O helicóptero estava estacionado na beira da estrada onde os outros deixaram ele e entraram na floresta. A única luz que tinha era a sua lanterna, que ele deixou acesa no banco do lado do helicóptero. Ele estava sentado no banco do piloto no helicóptero, a cabeça pensativa encostada no painel, preocupado com a equipe. Não passava nenhum carro na estrada, e escuridão da floresta ao lado dele o assustava.
Ele se lamentava por não terem se equipado com nenhum tipo de comunicador.
O nervosismo aumentando muito! Ele tinha que fazer alguma coisa logo!
“Que se dane a uma hora!” Ele não se agüentou mais e começou a ligar o motor do helicóptero.
De vagarzinho as hélices do helicóptero começaram a girar. Ele já estava botando seu capacete de piloto, quando de algum lugar vieram tiros, um jato de balas estourando na lataria do helicóptero.
Robson se assustou, deu um pulo dentro do pássaro e sua mão reflexivamente pegou a Glock no banco, e a outra mão pegou a lanterna. Quem seria? Fugir não era a melhor opção, podia ser a equipe voltando, e alguns agentes da Umbrella atrás deles; Robson tinha que verificar se era isso mesmo...
Sem desligar o helicóptero, as hélices girando a toda força já, fazendo balançar as árvores mais próximas, ele desceu do helicóptero e se preparou para adentrar um pouco a floresta e verificar o que houve.
Ele começou a andar cuidadosamente para o escuro total da floresta, a lanterna e a pistola apontadas juntas para o escuro, e tudo parecia quieto, o único som era das hélices do helicóptero se distanciando cada vez mais. Ele avançava passo por passo, cada vez mais pra dentro das árvores, e a fraca distancia que a lanterna atingia não era o suficiente.
Ele caminhou por um ou dois minutos no escuro, galhos se batendo na cara dele, mas não havia sinal de quem havia disparado aqueles tiros, nem da equipe se aproximando. A preocupação de Robson aumentou! E se fosse mesmo a equipe voltando até o helicóptero, e os tiros que Robson ouviu poderiam ter sido realmente tiros de agentes da Umbrella, tiros que mataram os agentes da FEAU, e por isso Robson ainda não havia encontrado ninguém na floresta. Era uma possibilidade, mas Robson tinha que se certificar.
Ele avançou mais um pouco a floresta, durante mais uns minutos, mas sem sorte, então decidiu esquecer e voltar para o helicóptero, foi quando alguém o surpreendeu com uma coronhada nas costas. Ele quase caiu no chão, mas se virou com dor e levou um soco na cara! O inimigo caiu em cima dele, tentando lhe enforcar, mas ele segurava os braços do homem! Sua pistola caiu fora do seu alcance, e ele não conseguiu ver onde estava a arma do inimigo! As mãos do homem apertavam o seu pescoço, e ele estava perdendo o ar!
Com o escuro ele sequer conseguia ver a cara do homem que estava lhe matando. Ele nunca foi bom de briga, mas não era aquela briga que ele ia perder! Robson esticou o pescoço para frente e mordeu com força a mão do homem, que gritou e recuou, dando tempo para Robson se levantar.
Robson levantou-se rapidamente e o empurrou! O homem tropeçou e caiu de costas. Robson viu a lanterna caída no chão iluminando um espaço de mato onde estava sua pistola. Ele voou pra pegar sua pistola, e quando a pegou o homem estava apontando uma metralhadora para o peito de Robson!
Robson não se intimidou e atirou no homem, recebendo em troca um jato de balas que por sorte não lhe acertaram.
- Nojento! – disse ele juntando sua lanterna e cuspindo o sangue da mão do homem.
O agente da Umbrella estava morto no chão da floresta. Robson começou a caminhar, quando mais tiros foram disparados por algum lugar no escuro, ele sentindo as balas estourarem em árvores perto dele! Ele começou a correr pro helicóptero, atirando às cegas com sua Glock para todos os lados, mas os tiros contra ele não paravam!
Ele corria se batendo em árvores, e já estava todo arranhado pelo mato quando conseguiu se livrar daquilo e saiu na beira da estrada, o helicóptero ligado lhe esperando, e a chuva tinha apertado. Ele correu até a porta do helicóptero, e ficou mirando com a pistola para o mato, esperando, seu coração acelerado e tenso.
Estava começando a ficar claro pela luz do dia que estava quase aparecendo. Ele esperou, e em poucos segundos saiu uma sombra do escuro, e ele atirou duas vezes, e a sombra caiu! Ele continuou mirando com a pistola, e mais um homem saiu do escuro da floresta, já metralhando! Robson se jogou no chão, os tiros estourando na lataria do helicóptero novamente! Ele rolou para conseguir ver melhor o agente da Umbrella, e disparou três vezes, o segundo e o terceiro tiro derrubando o homem.
Robson se levantou e correu pra dentro do helicóptero. Ele botou o cinto de segurança e seu capacete novamente, mas viu que uma mensagem estava escrita piscando no painel do helicóptero, avisando que parte do motor foi danificado. Isso significava que ele demoraria mais para chegar no tal aeroporto. E com certeza as coisas não estavam bem com a equipe da FEAU! Se estivessem, eles já estariam de volta e Robson não teria enfrentado agentes da Umbrella!
- Peguem isso! – disse Andre entregando uma P-90 para Alyssa e outra para Mauro ao voltar da sala de armas, ele também estava com uma P-90.
Os três encheram os bolsos com pentes de munição para as metralhadoras, e Andre mostrava as granadas que conseguiu. Ele disse que teve que matar só um agente da Umbrella na sala de armas, e que não havia muitas armas, mas havia muita munição.
Os três já estavam se preparando para voltar pelo caminho dos Yves, já que agora tinham armas com bastante munição e não tinham mais pra onde ir. Eles tinham que torcer para que Bruno, Felipe e Daniel encontrassem o Capitão André no lado direito da base, já que só eles poderiam estar daquele lado.
Os laboratórios número sete, seis, cinco e um estavam trancados, mas nos outros, a busca de Mauro e Alyssa valeu a pena enquanto Andre foi à sala de armas. No laboratório oito não encontraram nada demais, apenas muitos papéis com códigos que eles não entenderam.
Já no laboratório quatro, eles acharam umas fichas, com uma foto e informações sobre algumas pessoas que trabalham para a Umbrella. A ficha de Angelina, Endo Oono, um cientista chamado Mario Bittencourt, um soldado de nome Jack Vandal, e outro homem chamado Niko Montana.
No laboratório três também não encontraram nada demais além de um computador, que certamente foi o que o Capitão André usou para enviar o e-mail para Wender. Mas no laboratório dois Alyssa e Mauro encontraram uma maleta com oito amostras do antivírus. Felicidade total!
Agora mesmo que Daniel, Bruno ou Felipe estivessem infectados, eles poderiam lhes salvar com o antivírus, ou até mesmo o Capitão André, caso encontrassem ele infectado. Os três estavam determinados voltar pelo caminho dos Yves, e passar pelo caminho dos Bandersnatches para tentar encontrar os outros três.
Os três se preparam, dividiram as granadas e munições, Alyssa carregava a maleta com o antivírus e Mauro carregava as fichas com os nomes, e Andre abriu a porta dos Yves.
Felipe, Daniel e Bruno caminhavam pelo corredor que passava em volta do nível zero. De frente para a primeira curva do corredor estava a janela aberta que o agente havia lhes falado. Uma cortina velha e esfarrapada balançava com o leve e suave vento que entrava pela janela, junto com uma fraca luz que vinha da rua, apesar de que já estava quase pro sol nascer. Eles olharam pela janela e viram uma praia, um barranco de terra da janela até a areia da praia, e muita chuva. Eles curvaram o corredor, e seguiram, passando por quatro portas do nível zero, todas de ferro, sem nenhuma janela, para que os três pudessem ver e descobrir o que havia no nível zero.
Eles curvaram o corredor de novo, e entraram na primeira porta. Estavam no corredor em que tinha as salas inutilizadas, e até chegaram do outro lado da porta da recepção, do lado de dentro, e sabiam que do outro lado era a recepção que tinha aquele computador da porta um. Eles voltaram para o corredor em volta do nível zero, esperando não encontrar nenhum agente da Umbrella.
A porta que passava para os laboratórios estava trancada, e certamente Mauro, Alyssa e Andre estavam por ali. A única porta que restou foi à porta da sala de monitoramento, que era dividida com o nível quatro e nível zero. Foi muito bom eles terem visto o mapa do local quando interrogaram aquele homem, se não, a confusão na cabeça deles seria maior.
Os três entraram, e estava tudo escuro. Eles caminharam no escuro tentando achar um jeito de acender alguma luz, quando de repente luzes se acenderam, e os três se assustaram com o lugar em que estavam. Eles estavam no lado da sala que era o nível quatro, e um vidro (certamente um vídeo super-resistente) dividia o nível quatro da sala de monitoramento. Eles puderam ver que na sala de monitoramento havia fileiras de computadores, muitas cadeiras, e monitores mostrando cada corredor de todo o lugar.
Mas o que assustou os três não estava do lado de lá do vidro, e sim do lado deles, no nível quatro, havia sete tanques de água, e dentro de cada um, havia alguém, alguém que já não era mais humano. Nos sete tanques havia Tyrants, um em cada um. Os Tyrants eram irreconhecíveis, pois a água dos tanques era escura, mas era impossível não imaginar Tyrants dentro de tanques d’água como aquele.
- Nossa! – disse Daniel sentindo um arrepio de medo no corpo todo.
- Agora a gente sabe o que tem no nível quatro. – Bruno disse passando caminhando na frente de cada um dos tanques.
- Droga! Imagina se eles chegam a sair daí! – Daniel exclamou.
Os três ficaram bobos parados olhando para as criaturas horríveis dentro dos tanques. Era muito assustador! O tamanho deles! A forma deles! Tudo ali era horrível!
- A gente tem que dar um jeito de passar esse vidro e procurar o Capitão André nas câmeras, e sair logo daqui. – Felipe falou procurando algum botão ou algo parecido que abrisse o forte vidro, apesar de que o medo de ficar de costas pros tanques era muito grande.
- Não vão encontrar ninguém! – uma voz rouca soou em algum alto falante do lado em que eles estavam do vidro, e do outro lado, uma cadeira giratória que estava de costas se virou e um homem levantou.
Ele não era muito alto, tinha um cabelo loiro escuro todo espetado, usava óculos, tinha uma barbicha preta, sobrancelhas pretas e grossas, e uma cara de louco, um sorriso distante na cara dele. Era o cientista chamado Mario Bittencourt. Com certeza era ele! Ele estava de jaleco branco, e até luvas cirúrgicas, aquelas brancas e fininhas. Só podia ser ele!
- Eu quero que conheçam o meu amigo... – a voz dele soou no alto falante novamente após uma insana risada.
No mesmo momento o subiu um elevador de emergência ao lado dele, e no elevador estava outro homem. Este era mais baixo, tinha um cabelo bem preto e com topete, tinha olhos pequenos e uma cara muito séria e concentrada. Este vestia um elegante terno preto, e sapatos marrons que brilhavam de longe, de tão novos.
Logo os três reconheceram os dois homens. Era o cientista que o agente havia lhes falado, e o outro era Endo Oono, o coreano desgraçado que quase acabou com a Capcom. Era muito fácil de reconhecer Endo Oono, pois estava com roupas caras, e a cara de estrangeiro era clara, principalmente pelos pequenos olhos. Endo Oono estava sério e concentrado olhando os três do outro lado do vidro, mas o cientista maluco olhava pra eles com um sorriso assustador na cara.
- Desgraçados! – Daniel gritou.
Endo Oono continuou sério, mas o cientista riu-se de Daniel e se aproximou do vidro.
- Não achei que vocês chegariam até aqui. Vocês me surpreenderam, crianças.
- Cala boca Einstein! – Daniel gritou.
Os três estavam irritados em ver o homem. O que será que ele pretendia agora que estava frente a frente com eles? E Endo Oono, o que estava fazendo ali na base em Bahamas?
- Bom, a essa hora, os amigos de vocês devem estar morrendo lá na pista de vôo, em confronto com o batalhão de reforço que acabou de chegar. E se vocês tinham alguém lhes esperando na cidade, algum carro ou helicóptero, com certeza já está morto também, pois mandei um pequeno batalhão para patrulhar a cidade e as estradas próximas a floresta.
Os três engoliram seco, o medo tomando conta deles. Com certeza o homem estava certo, Wender e o resto da equipe lá fora podiam estar morrendo agora, e Robson podia estar morto já lá no helicóptero. Eles estavam acabados!
- Bom, este aqui em meu lado é Endo Oono, um elemento muito importante na nossa corporação. Eu o chamei aqui para ele assistir de camarote comigo todos vocês morrerem.
- Filho da put... – Daniel gritou.
- O que vocês querem? – Felipe perguntou chegando mais perto do vidro e olhando o cientista de perto. – Pra que vão servir esses monstros?
- Há, há, há... Evolução! Nós um dia conseguiremos achar o monstro perfeito, que possa ser domesticado. Mas acho que já estou falando demais, é hora da ação começar.
- Começar!? Você é louco! – Bruno exclamou.
- Isso mesmo! Há, há, há, há... Chegou à hora da famosa FEAU acabar de uma vez por todas! Vocês já causaram muitos problemas para a Umbrella!
- Onde tá o Capitão André? – Bruno gritou antes que o homem falasse outra coisa.
- É isso que vocês vão ver agora! E também vão ver um velho amigo de vocês... Ou pra ser mais exato, uma velha amiga. Há, há, há...
O homem gargalhava, enquanto Endo Oono sério se aproximou de um computador, e começou a teclar umas coisas, até que dois dos tanques dos Tyrants se esvaziaram, a água toda escoando por algum cano, fazendo os dois Tyrants acordarem.
Foi aí que Felipe, Bruno e Daniel tremeram. Um dos Tyrants era o Capitão André!
- Bosta! – Bruno exclamou se afastando dos tanques.
O Capitão André era aquele Tyrant sim! Por mais deformada que estava a cara dele, dava pra reconhecer que era o capitão. Metade de sua cara ainda estava normal, os escuros olhos dele demonstrando uma raiva incontrolável enquanto ele batia fortemente no vidro em volta dele, o vidro do tanque abrindo pequenas rachaduras a cada batida. Seu corpo estava todo deformado, gosmento e nojento, escuro como o Tyrant que eles mataram na floresta no vilarejo São Miguel. O braço esquerdo do capitão estava transformado num tentáculo de várias pontas. Ele estava até mais alto, estava nu, mas o olhar dele que estava amedrontando os três. Com certeza aquele não era mais o Capitão André. O Capitão André estava morto, aquele era só mais um monstro feito pela Umbrella.
O outro Tyrant que acordou demorou mais para eles reconhecerem quem era, mas somente Felipe e Daniel reconheceram. Era a diretora da escola Dom Feliciano, de Gravataí, a que fugiu de Felipe e Daniel dentro da escola em 2009 quando Gravataí foi infectada pelo T-Vírus. Os dois achavam que ela tinha morrido, mas ali estava prova de que não. Ela estava nua como o Capitão André, mas seu corpo era irreconhecível, seu braço direito agora era um tentáculo grande e assustador, só que mais assustador ainda era a cara dela, a metade que ainda estava normal e que ainda tinha um pouco de cabelo, olhava para eles com raiva e fome. Aí eles perceberam, que a prisioneira que o agente contou pra eles que foi trazida pra aquele base em 2009, era a diretora! Ela batia forte no vidro, e como o tanque do Capitão André, o vidro estava começando a rachar.
- O que fizeram com o Capitão!? – Felipe exclamou irado.
- Bom... – começou o cientista agora com uma cara de satisfeito. – Ele merecia no mínimo isso, depois de causar tantas encomodações para a empresa, ele e a sua querida FEAU. Há, há... Que ridículo! Forças Especiais anti-Umbrella! Parece nome de liga da justiça. – o desgraçado não parava de gargalhar. – A mulher recebeu isso graças à coragem que vimos nela. Vocês não ficaram sabendo, mas um agente do batalhão da Umbrella que estava em Gravataí não morreu para a equipe de vocês, e ele encontrou ela dentro de uma escola fugindo de um Lycker. Ele a trouxe para cá, e não sabíamos o que fazer com ela, então pensamos em dar esse “presente” para ela e guardá-la aqui até o dia que vocês aparecessem, para uma reunião familiar, há, há, há... Vocês são muito ingênuos em pensar que poderiam vencer a Umbrella, ainda mais vindo até aqui e entrando em uma de nossas bases com pessoas que nem são treinadas para combate, e crianças como vocês! Mas agora vocês vão pagar por isso! Vocês foram tolos demais em entrar aqui. Quando eu vi pelas câmeras vocês entrando pela porta dois, imediatamente fechei a porta automaticamente, e só seis de vocês entraram, exatamente os seis que eu queria! Quem vocês acham que abriu as portas dos corredores do nível um, dois e três? Eu estava monitorando vocês o tempo todo. Bom, meu amigo Senhor Oono, ative a autodestruição e abra todas as jaulas! Solte todos os monstros! É hora do show!
Nisso, Endo Oono teclou de novo no computador, e um alarme começou a soar dizendo com uma agradável voz de mulher: “A AUTO-DESTRUIÇÃO FOI ATIVADA. TODOS DEVEM SAIR DO COMPLEXO E SE DIRIGIREM À PISTA DE VÔO, POIS O PRÉDIO SERÁ AUTO-DESTRUÍDO EM CINCO MINUTOS! REPITO: A AUTO-DESTRUIÇÃO...”
- Agora que todas as jaulas estão abertas, os seus amigos vão ter com o quê se divertirem! Há, há, há, há, há...
- O que fizeram com Mauro, Andre e Alyssa? – Felipe perguntou com mais raiva, e os Tyrants começando a quebrar os tanques bem ao lado dos três.
- Neste momento eles estão voltando pela passagem dos Yves no Nível três, eles pretendem voltar e ajudar vocês três, mas estão muito equivocados, pois todos os níveis acabaram de serem abertos, e todas as BOWs vão partir pra cima deles, afinal, estão todas famintas há muito tempo. Há, há...
Endo Oono continuava sério atrás do cientista louco, e os Tyrants já estavam quase saindo dos tanques.
- O que tem no nível zero? – Felipe perguntou falando rápido, os três se preparando para fazer alguma coisa contra os dois Tyrants, o nervosismo tomando conta deles.
- Vejam vocês mesmos! – respondeu o cientista apontando outro botão pro coreano apertar, e um televisor no canto da parede do lado dos três começou a mostrar por uma câmera o que tinha no nível zero, que ficava na do outro lado da parede atrás dos tanques dos Tyrants e atrás dos computadores da sala onde o cientista estava.
A câmera mostrava de cima todo o grande salão que era o nível zero. Era uma sala sem nenhum móvel ou objeto qualquer, era apenas um grande salão fechado em volta. Mas aquele gigantesco salão estava congestionado de zumbis!
- Droga! – Bruno exclamou.
- Há, há... E agora estão sendo soltos! As quatro portas do nível zero estão abertas, e os zumbis logo estarão todos soltos pelos corredores deste lugar, pena que eu não vou poder ficar e assistir vocês serem comidos vivos! Há, há... Vocês três sendo comidos por zumbis, e os três amiguinhos de vocês pelos monstros do nível um, dois e três, enquanto seus amigos lá fora são eliminados um a um por meus homens. A Umbrella sempre vai vencer, crianças! Há, há, há...
O braço da diretora Tyrant já estava pra fora do tanque, e estilhaços saltavam do tanque do Capitão André.
O cientista era muito maluco, não parava de gargalhar mais, parecia mesmo que ele estava se divertindo! E muito ao contrário dele, Endo Oono mostrava uma cara muito séria, um porte elegante, mas eles podiam ver no fundo da expressão de olhar dele, um olhar diabólico, esperto, que estava apreciando aquilo também, um olhar de confiança, ele estava muito tranqüilo, pois sabia que sairia vivo dali, e os três não. E isso irritava os três, a nojenta cara esnobe dele, e as gargalhadas do cientista doido.
“... O PRÉDIO SERÁ AUTODESTRUÍDO EM QUATRO MINUTOS...”
- Vamos. – Endo Oono falou em português, mostrando uma voz grossa e séria.
- Ok. – disse o cientista tirando o sorriso da cara de repente e pegando um celular.
- Jack, é o Doutor Bittencourt, prepare a nossa fuga no subterrâneo, eu e Oono estamos a caminho. Já estaremos ai. – ele disse no celular, obviamente falando com aquele Jack Vandal, o soldado, pois com certeza não haveria outro Jack naquelas condições.
- Agora, espero que aproveitem bem a festa, adeus, pois não vamos nos ver mais. – disse ele olhando para os três, enquanto Endo Oono já lhe esperava no elevador de emergência.
- Vai morrer seu merda! – Daniel berrou e metralhou o vidro com sua HK-36, o cientista na mira dele, mas as balas ricochetearam no vidro estourando no chão e nas paredes laterais da sala, sem fazer nenhum estrago no vidro.
O cientista de cabelo espetado soltou uma irritante gargalhada, mais alta e forte que as anteriores, e ficando sério novamente, entrou no pequeno elevador aberto dos lados, ele e Endo Oono sumindo enquanto o elevador descia para o subterrâneo.
- E agora? – perguntou Bruno assustado, os três começando a ficar apavorados com os gritos dos Tyrants.
- A janela! – Felipe respondeu sem nem perceber que estavam gritando, enquanto Daniel já abria a porta para eles voltarem pelo corredor que agora com certeza estava cheio de zumbis.
- Vamos!  - Daniel gritou se jogando com toda força pra fora, Felipe e Bruno atrás dele, correndo desesperadamente, e nesse mesmo momento a diretora monstro se soltou do tanque, dando um forte grito, enquanto o Capitão André quebrava os últimos pedaços do vidro em volta dele e também se libertava do tanque.
Andre, Mauro e Alyssa estavam voltando pelo caminho dos Yves, mas agora estavam mais “desesperados”, pois o som que eles estavam acostumados a ouvir nos jogos Resident Evil, desta vez estava soando em volta deles.
“... REPITO: O PRÉDIO SERÁ AUTODESTRUÍDO EM QUATRO MINUTOS...”.
E pra piorar, agora em vez de Yves naquele horrível “ferro-velho”, por alguma razão os monstros do nível um e dois estavam espalhados por ali também. O que será que estava acontecendo? Será que Bruno, Daniel e Felipe estavam vivos? Será que eles encontraram o Capitão André? Será que lá fora o resto da equipe estava bem?
- O que houve?! Por que todos os monstros tão aqui?! – Mauro exclamou.
Mauro e Alyssa já tinham gastado uma granada, pra eliminar um Lycker e um Hunter que tentaram se aproximar.
Os três corriam pelo meio das carcaças de carros, a cada curva encontrando-se com mais um monstro, o lugar estava infestado!
Os três corriam, Alyssa carregando a maleta com as amostras, e Mauro com as fichas pra dentro da cintura, ele estava sem camisa, e podia-se ver que as queimaduras no corpo dele já estavam mais vermelhas do que antes.
De repente de algum lugar um Cérbero saltou e caiu em cima de Mauro, ele ficou caído no chão, brigando com o cachorro. Andre continuou correndo, e quando percebeu Alyssa já tinha matado o cachorro, mas agora o ombro de Mauro sangrava pela mordida.
- Vamos! Lá fora a gente te cura Mauro! – Alyssa disse levantando o amigo do chão.
Enquanto isso Andre estava atirando em um macaco infectado que saltava pelos carros mais altos, cravando suas garras em forma de foices nos locais onde parava. Andre estava atirando no bicho, enquanto Alyssa disparava numa aranha que se aproximava de Andre.
- Vamos!
Os três voltaram a correr, os três disparando enquanto corriam, todos os tipos de monstros partindo pra cima deles. Aranhas; macacos com mãos de foices; Cérberos; Chimeras sobrevoavam eles; Hunters de todos os tipos; Lyckers e Réjis Lyckers; Glimers; os Yves que sobraram; escorpiões do tamanho dos Glimers; e até gatos infectados, ferozes.
Enquanto os três corriam desviando da maioria das aranhas e Glimers, Mauro gritou:
- A gente não pode ir atrás deles assim! O prédio ta infestado e vai explodir a qualquer momento!
- Eles devem ter saído daqui já! – Andre falou correndo ao lado dos dois.
- Tomara que tenham mesmo! Mas como vamos sair?
- A gente resolve! – Andre disse, o alarme agora avisando que faltavam três minutos.
Nisso um Cérbero pulou de frente para eles, os três desviaram um para cada lado, o cachorro caindo longe deles, os três não parando de correr, para não perder o embalo.
Mauro disparou num Chimera que estava se aproximando deles, os tiros da P-90 afastando o monstro feio e fazendo saltar uma gosma amarelada pelos buracos dos tiros. Andre acertou mais um Cérbero, mas ai um Glimer saltou de algum lugar e se grudou com os dentes no pescoço de Alyssa. Alyssa gritou, deixando a maleta e a arma cair, as mãos indo diretamente no bicho. Andre pegou o “sapinho” com as mãos e o jogou longe, depois o metralhou.
Mauro juntou a maleta e os três voltaram a correr.
 - Tá bem Alyssa?
- Vamos! – ela respondeu, enquanto tentava mirar em um Lycker que estava a uns dez metros à frente, o seu pescoço ardendo e sangrando.
Andre jogou uma granada aos pés de dois ou três Hunters que se aproximavam pela direita deles, a explosão acertando também outro Cérbero e alguns escorpiões.
Eles estavam correndo, quando um gato zumbi saltou na cara de Mauro, lhe derrubando no chão.
Mauro puxou o gato e o jogou longe, o perdendo de vista. Mauro se levantou com a cara toda arranhada, pegou a maleta, mas quando se preparavam pra correr de novo, um Réjis Lycker apareceu na frente deles.
Eles pararam e Andre atirou, mas Alyssa soltou uma granada e os três recuaram, a explosão fazendo o monstro recuar. Um escorpião que estava em baixo de um carro esticou seu ferrão, quase acertando o pé de Mauro.
Os três passaram pelo lado do Réjis Lycker e voltaram a correr, vários Hunters e Cérberos correndo atrás deles também. Eles não tinham uma noção se estavam perto da porta que voltava pro nível dois ou não, mas de repente um carro balançou quando um leão zumbi saltou em cima do carro, e rugiu forte quando viu os três.
Felipe, Daniel e Bruno viram mais zumbis no corredor do que a quantidade que tinham visto no televisor. Eram muitos zumbis. Até a primeira curva do corredor haviam poucos, com espaço suficiente para desviar deles, mas quando fizeram a curva no corredor que fazia a volta no nível zero, se surpreenderam.
O corredor estava totalmente infestado de zumbis, um congestionamento de mangolões, mas não era nada engraçado, pois a única saída que eles tinham ficava na outra ponta do corredor, a janela aberta.
Logo de começo, quando viram todos aqueles zumbis, os três desejaram sorte um para o outro, e desejaram também ter umas granadas, seria ótimo e até divertido num corredor apertado e comprido como aquele cheio de zumbis, mas eles precisavam de muita munição! Os três começaram a se meter entre os zumbis, eles tinham que chegar logo até o outro lado, pois o alarme avisava que faltavam só dois minutos para a autodestruição.
Eles se metiam no meio dos zumbis atirando com suas pistolas e Daniel com metralhadora, mas mesmo acertando todos na cabeça, não paravam de sair zumbis das quatro portas que anteriormente estavam fechadas, e não havia como evitar serem mordidos! Eles já estavam sendo tremendamente agarrados pelos zumbis!
Foi só nessa hora que os três perceberam que desde que tudo começou, desde Gravataí, na missão no vilarejo, no shopping e no Rio de Janeiro, os três eram os únicos que ainda não tinham sido mordidos. Os amigos deles já haviam sido mordidos mais de uma vez, mas os três nunca foram mordidos. Eles estavam com medo disso, mas a única chance deles de sair vivos daquele lugar seria passando por todos aqueles zumbis, e com certeza eles não tinham tempo nem munição para acabar com os zumbis para poder sair bem!
Nem passou pela cabeça dos três que eles poderiam não conseguir atravessar o corredor com tantos zumbis, mas a única coisa que sabiam pensar era em chegar ao outro lado e se jogar por aquela janela antes que o lugar todo explodisse.
Os três acabaram se distanciando no corredor. Daniel foi o que mais conseguiu avançar, porque estava com a HK-36, talvez ele já estivesse na metade do corredor. Mas eles mal conseguiam se mexer. Eram muito zumbis, e eles não conseguiam nem se falar, pois o som dos gemidos dos zumbis era uma orquestra muito mais forte que a voz dos três.
Bruno era o que estava mais para trás, Felipe estava entre Daniel e Bruno no corredor, mas ele não conseguia mais enxergar os amigos! Eram muito zumbis mesmo, todos gemendo, brigando para ver quem morderia eles primeiro, e o alarme avisando que em menos de dois minutos tudo iria explodir!
Eles já estavam todos mordidos, o corpo todo rasgado pelos ferozes e famintos zumbis. Eles sentiram pela primeira vez a dor da mordida de um zumbi, e talvez ali fosse o fim para todos eles. Eles sabiam que se fossem derrubados no chão, não levantariam mais, então os três, perceberam uma força que não sabiam que tinham, talvez pelo medo de morrer ali, mas os três empurravam os zumbis e batiam neles de todas as formas, os empurrando, e os zumbis brigavam entre eles, se esticando o máximo para morder qualquer parte do corpo dos três.
Estava tudo acabado! Mesmo se saíssem vivos não teriam um antivírus para usar, e com certeza se tornariam zumbis! Mas o medo de morrer era enorme!
Os três gritavam um pelo outro, mas nenhum deles ouvia resposta em meio aquele couro de gemidos. Eles seguiam empurrando os zumbis, se batendo neles, recebendo várias mordidas ao mesmo tempo, o corpo inteiro deles já doía, mas eles não podiam parar, principalmente agora que o alarme avisava que faltava um minuto. E eles não podiam se esquecer que dois Tyrants estavam à procura deles. E a força que eles estavam mantendo para não serem derrubados pelos zumbis era incrível! Eles faziam muita força mesmo para agüentar e não cair com tantos braços puxando por todos os lados, por cima, por baixo...
Mauro, Andre e Alyssa correram do leão zumbi depois de verem-no agüentar uma granada. Os três estavam fugindo dele, o leão atacando tudo que via pela frente para conseguir chegar até eles.
“... O PRÉDIO SERÁ AUTODESTRUÍDO EM UM MINUTO...”.
Eles já tinham saído do nível três, e estavam no corredor das jaulas do nível dois, quando Andre decidiu parar para acabar com o leão zumbi, que ainda estava vindo pelo nível três, passando por cima de todos os outros monstros que estavam no seu caminho.
- Vamos cara! – Mauro gritou chamando Andre, mas Andre o ignorou.
Alyssa e Mauro começaram a atirar nos animais zumbis que se aproximavam por todos os lados, mas Andre ficou mirando na porta por aonde eles vieram do nível três. Alyssa e Mauro continuaram insistindo para Andre correr com eles, eles não deveriam parar, mas Andre queria terminar com o leão! Quando o leão apareceu rugindo e destruindo a porta, Andre gastou toda a sua munição nele, mas o bicho ainda estava vivo!
Andre jogou sua metralhadora longe, e puxou sua última granada, e em apenas um movimento tirou o pino da Frag M-67 e a jogou bem na cara do leão! Os três se jogaram no chão para se defenderem da explosão, e só ouviram o rugir fraco do leão, morrendo na explosão. Andre estava se levantando do chão, quando sentiu algo morder sua canela ferozmente!
Era um Cérbero, mas Mauro e Alyssa atiraram ao mesmo tempo no cachorro até ele morrer, sem soltar a boca da perna de Andre! Andre chutou o cachorro, e os três se levantaram rapidamente, e passaram logo a porta que levava ao nível um, pois o tempo estava acabando e os outros monstros que estavam no nível três estavam todos seguindo eles, obviamente famintos.
Tudo acontecia muito rápido, e a contagem regressiva estava deixando os três muito nervosos, desesperados pra correr, mas não conseguiam pensar em outra coisa além de sair dali. Quando saíram no corredor das jaulas do nível um, uma aranha caiu do teto bem na frente de Alyssa, que se assustou e deixou cair a maleta com o antivírus. Mauro segurou o gatilho da P-90, até acabar sua munição e a aranha encolher as pernas e se virar de barriga pra cima, soltando uma gosma roxa por todo lado, e até mesmo na roupa de Alyssa.
Grandes grupos de escorpiões estavam chegando do nível três, e todos os outros monstros certamente também viam atrás. Alyssa correu e juntou a maleta, e a entregou a Mauro. Alyssa era a única que ainda tinha munição.
- Me dá as granadas! – Andre gritou.
- Pra quê? – perguntou Mauro confuso.
O tempo estava acabando!
- Só me dá!
Alyssa e Mauro deram a última granada que cada um tinha para Andre, e Alyssa começou a disparar nos monstros que entravam pela porta que vinha do nível dois, vários monstros surgindo na porta rapidamente, quase sem parar!
- Quando eu explodir a porta, a gente saiu correndo direto pro mato, pra se defender da explosão! – Andre falou com as duas granadas já sem os pinos na mão, enquanto Alyssa disparava em todos os monstros que estavam na porta do nível dois, até que ou viu um click; acabou sua munição.
- Se abaixa! – disse Andre empurrando os amigos pro chão depois de jogar as duas granadas na porta, uma dupla explosão acontecendo logo depois!
Vários monstros estavam saindo na porta do nível dois, mas os três se levantaram correndo, Mauro com as fichas e com a maleta, os três correram como loucos pra fora, passando pela Porta Dois que Andre arrebentou e sentindo água de chuva cair por todo o corpo deles, tornando as mordidas e feridas mais doloridas de uma hora pra outra. Os três começaram a correr direto pra dentro da floresta, pois como Andre disse, era o melhor jeito de se defender da explosão que estava pra acontecer.
Daniel estava fraco já, e com muita dor por todo o corpo e nas mordidas, foi quando ele enxergou a janela. Faltava menos de um minuto, ele tinha que conseguir chegar lá! Daniel nem percebeu que gritava o nome de Bruno e Felipe, mas parou de olhar para trás e começou a botar o resto de suas forças pra empurrar os zumbis e chegar até a janela, mas braços o agarravam, ele sentia mordidas sem parar nas pernas, braços, nas costas, até nos pés, e agora estava tendo que fazer muito mas força pra ficar de pé em meio ao aglomerado de zumbis. Ele não tinha mais munição, e até já tinha perdido sua arma naquela confusão. Algum zumbi mordeu sua mão e a arma acabou caindo, e ele não conseguiria se abaixar e pegar de volta, certamente ele seria vencido pelos zumbis! Por isso Daniel continuou seguindo sem arma mesmo, mas ele tinha que conseguir chegar à janela! O prédio estava quase explodindo!
Bruno não conseguia enxergar Felipe e Daniel, e nem ouvi-los apesar de quê também gritava por eles, sendo agarrado por todos os lados, sendo mordido em todo o corpo, seu pescoço havia sido muito mordido e doía muito. Bruno olhou para trás, e viu na curva do corredor o Tyrant que um dia foi o Capitão André!
Ele seguia gritando com uma voz monstruosamente horrível, batendo os braços para os lados e tirando todos os zumbis do caminho dele! Zumbis eram espedaçados quando eram atingidos pelo braço tentáculo do Tyrant! Bruno se apavorou, por mais que soubesse que deveria ficar calmo e tentar impedir os zumbis de derrubá-lo, mas Bruno começou a se enfiar muito mais pelo corredor no meio dos zumbis, se apertando, sendo mordido mais ainda, seu óculos havia se perdido em algum lugar ali no meio da cambada de zumbis, mas ele tentava fazer de tudo pra se aproximar dos amigos que ele nem via (talvez já estivessem espedaçados pelo corredor), mas Bruno tinha que se afastar do Tyrant! Ele não queria morrer ali!
O Capitão André ainda tinha a mesma cara, deformada, mas reconhecível, e o mais assustador de tudo era saber que ele é que estava espedaçando os zumbis pela metade, para chegar até Bruno e certamente matá-lo! Certamente as poucas balas que Bruno ainda tinha na pistola não seriam capazes de matar um Tyrant. Mas Bruno estava com muito medo, então aumentou a corrida pelo corredor, tropeçando várias vezes, arriscando-se de cair e ficar caído! Afinal, o Tyrant estava atrás dele! E ainda tinha o outro Tyrant!
Felipe sabia que estava chegando perto da janela, mas ainda não conseguia ver ela, pois eram muito zumbis em volta, empurrando, agarrando, mordendo, causando dor, puxando, gemendo... Felipe não tinha mais munição, e até tinha perdido sua pistola naquela atolação de zumbis. De repente a parede do nível zero ao lado de Felipe estourou uns três metros a frente dele, abrindo um espaço enorme no corredor, abrindo espaço e fazendo vários zumbis se afastarem de Felipe. Era a diretora Tyrant!
Felipe não tinha mais nada pra fazer, então aproveitou o espaço que ganhou, e se arriscou passando correndo na frente do braço tentáculo do Tyrant que ainda tinha a mesma cara de inveja e loucura da diretora que negou ajuda a ele e Daniel em Gravataí quando a cidade foi infectada em 2009. Ele passou na frente dela, ele pôde ver Daniel se arrastando até a janela, vários zumbis o segurando, e o impedindo de sair, mas Daniel esticou o braço e agarrou o parapeito da janela.
Felipe não olhou para trás e avançou até onde conseguiu, até ficar totalmente envolto de zumbis novamente! Felipe começou a gritar de raiva involuntariamente, e começou a chutar os zumbis com seus golpes de Taekwondo, acertando os zumbis violentamente, e conseguindo avançar mais rápido, quando alguma coisa lhe acertou pelas costas, e o derrubou de barriga pro chão uns três metros frente, derrubando também todos os zumbis que estavam agarrando Felipe!
Daniel viu que a diretora Tyrant tinha acertado as costas de Felipe com o braço tentáculo, Daniel gritou para Felipe, e ele levantou devagar a cabeça e olhou para Daniel, enquanto o Tyrant horrível que a ex-diretora de Daniel se tornou se aproximava e estava com o braço tentáculo para cima, preparado pra baixá-lo e cravar ele nas costas de Felipe!
Daniel gritou o nome da diretora, e o monstro parou o movimento, olhando diretamente nos olhos de Daniel! Felipe usou a ultima carga de força que nem sabia que tinha, se levantou e chutou o Tyrant mulher com um golpe de Taekwondo, fazendo o monstro recuar um passo. Daniel estava quase de pé, um zumbi mordia ferozmente sua coxa, mas Daniel ignorou a dor, e segurou o braço de Felipe, e se jogou pela janela, sentindo Felipe sair pela janela junto dele. Um peso muito grande de repente tornou-se quase nada, quando os dois caíram pela janela.
Eles nem se lembravam que havia um grande barranco daquele lado do aeroporto, e quando saíram pela janela, rolaram pelo menos uns cinco metros no barranco de terra, se machucando mais ainda, até caírem na areia da praia, com dor em cada célula do corpo, a chuva forte acertando as feridas das mordidas, e fazendo eles gemerem de dor. Os dois continuaram caídos na areia, estavam muito fracos, foi quando de repente um Tyrant saiu pela janela, caindo de pé perto deles. Era a diretora! E Bruno havia ficado lá dentro com o Tyrant em que o Capitão André se tornou!
O sol que entrava pela porta do hangar era fraco, pois estava chovendo demais, e eles já estavam achando estranho o fato dos agentes da Umbrella não terem nem chegado perto do hangar. Mateus estava com uma pistola SIGPRO SP-2009 dos inimigos, e Van Der Wender estava com uma P-90 dos inimigos, quase sem munição. Wender havia tomado um tiro de raspão no ombro, disparado por algum rifle de precisão bem potente. Seu ombro estava arrebentado, e doía muito. Wender estava fazendo uma força muito grande para ficar segurando a submetralhadora.
Mas estava muito estranho! Haviam passado mais de cinco minutos desde que eles fugiram pra dentro do hangar, dez minutos talvez, mas o inimigos certamente estavam tramando um plano, pois já deveriam ter aparecido.
- Por quê eles estão demorando? – Wender comentou baixinho, enquanto os dois estavam no canto mais escuro do hangar, preparados para tudo!
- Eles devem estar pensando em algum jeito de entrar aqui! Ou já teriam entrado. Acho que eles estavam bem convencidos de quê o Sniper deles nos mataria.
Mateus estava muito concentrado. Ele sabia que Wender estava debilitado, e que eles poderiam tentar jogar uma granada de fragmentos ali, para matá-los do mesmo jeito que o suíço Mattias Mellberg morreu. Mateus sabia que se eles jogassem uma granada, ele teria que pensar muito rápido, e esperava que essa fosse a melhor arma dos inimigos. Eles não deviam ter algo melhor do que isso...
De repente tudo se iluminou! Uma gigantesca explosão, que clareou o hangar inteiro e certamente toda a floresta também! A base da Umbrella explodiu! O forte barulho fez doer os ouvidos deles, e eles puderam sentir o chão tremer sob os pés deles. O calor aumentou, pois todos os escombros que tinham na pista de vôo estavam queimando junto com o prédio, e com certeza logo se iniciaria um incêndio na floresta. Eles esperavam que as crianças tivessem saído de lá antes da explosão, e junto do Capitão André...
- Droga! – exclamou Wender preocupado e irritado, sem nem perceber que estava gritando. – Nós temos que procurar os garotos! Temos que sair daqui Mateus!
Impulsivamente Wender se levantou para correr para fora, mas Mateus se levantou rápido também, e segurou Wender antes de ele chegar a luz na porta do hangar. Neste momento Mateus viu uma coisa redonda entrar rolando pela entrada do hangar. Ele não pensou duas vezes e chutou a granada como um goleiro chuta uma bola, e em menos de dois segundos ela estourou do lado de fora do hangar, e eles puderam ouvir o gemido de dor de alguém, certamente a granada detonou dois ou três agentes que estavam prontos pra entrar depois que a granada explodisse.
Os dois não tiveram tempo pra dizer mais nada, e de repente duas explosões aconteceram atrás deles, as portas laterais no fundo do hangar que estavam trancadas caíram, e agentes entraram pelas duas portas! Mateus acertou com a pistola dois agentes que entraram pela porta da esquerda, e Wender metralhou os agentes na outra porta até acabar sua munição.
Mateus fez Wender se apoiar nele, e começaram a sair pra rua, mesmo sabendo que agentes da Umbrella iriam entrar nas portas laterais do hangar e atirar neles pelas costas, e se safassem disso, poderiam ser mortos pelo Sniper em algum lugar na rua. Mateus saiu com Wender pendurado nos ombros dele, muita adrenalina passando por eles, ao sair na rua sentiram o calor das chamas e água gelada da chuva bater na cara quente de suor deles, e Mateus viu ao longe três pessoas, na esquina do prédio destruído, onde antes ficava a porta #1.
Andre corria mais rápido que Alyssa e Mauro, e ele foi o primeiro a chegar na esquina onde ficava a porta #1. Tudo acontecia rápido demais, e eles estavam nervosos pra saber se os amigos estavam vivos! Quando chegaram lá, puderam ver Mateus e Wender saindo juntos de um dos dois hangares, e a uns trinta metros de onde Andre, Mauro e Alyssa estavam, havia um camburão preto da Umbrella, e ao lado do camburão de pé, um agente da Umbrella tinha o olho concentrado na mira telescópica de um forte rifle de precisão.
Ele estava mirando em Wender e Mateus, e com certeza era um Sniper treinado. Eles não viram mais nada, simplesmente ouviram o barulho das hélices do helicóptero sobre eles, disparando uma feroz rajada de balas da metralhadora giratória em volta do camburão da Umbrella, fazendo o Sniper saltar longe com os tiros.
Depois que Robson percebeu que acertou o agente do lado do camburão, ele virou o helicóptero de frente com o hangar, pois viu Wender e Mateus correndo de lá, e alguns agentes saindo do hangar atrás deles, e já se preparando pra atirar nos dois! Os dois pareciam estar indo em direção dos garotos, mas pelo menos uma dúzia de agentes da Umbrella saiu de dentro do hangar atrás deles, mirando pistolas e metralhadoras para as costas de Wender e Mateus! Robson apertou com força o botão em baixo de seu dedão, fazendo sua metralhadora giratória calar qualquer outro som, a chuva de balas acertando todos agentes da Umbrella!
- Iiiiiiiirrá! – gritou Robson sem nem perceber que estava sobrevoando um aeroporto que acabou de explodir!
Enquanto ele descia de altitude com seu helicóptero, apelidado por ele de “o meu pavão guerreiro”, ele via Wender e Mateus se juntarem a Mauro, Andre e a garota que todos chamavam pelo apelido de Alyssa.
Felipe e Daniel já estavam exaustos e muito fracos, principalmente depois do tombo que tomaram quando caíram o barranco de pedra depois de saírem pela janela rolando. O pior foi que o prédio explodiu, Bruno e o Tyrant Capitão André ficaram lá dentro, e a desgraçada da diretora Tyrant saltou pra fora, caindo na areia junto de Felipe e Daniel.
Os dois não tinham noção do tempo, mas já parecia que eles estavam a muito tempo correndo dela na areia da praia, a chuva muito forte batendo nas feridas por todo o corpo deles, e o Tyrant mulher corria muito mais rápido que eles, obrigando-os a arriscar desviadas do Tyrant, que quase os acertou muitas vezes.
- Dani! Fica correndo! – gritou Felipe já rouco.
Os dois foram espertos e correram um pra cada lado, e assim o Tyrant hesitou em qual dos dois deveria seguir, e isso deu tempo pra eles se distanciaram um pouco mais, mas não foi o suficiente!
A diretora Tyrant era muito mais veloz do que dois garotos cheios de machucados e fracos. Ela decidiu correr atrás de Felipe primeiro, e em uma fração de segundo o havia alcançado. Felipe sentiu o grande vulto se aproximando atrás dele e se jogou de barriga na areia, e o Tyrant passou correndo, e depois parou uns metros à frente.
Daniel corria de volta para junto de Felipe, enquanto o Tyrant já se virava. Felipe ainda não tinha se levantado totalmente do chão, pois além de fracos estavam lentos, foi quando os tentáculos do monstro se esticaram e passaram a centímetros da cara de Felipe! Os tentáculos passaram por Felipe e agarraram o pescoço de Daniel! Daniel não conseguia encostar os pés no chão, e além dos tentáculos que estavam envoltos em seu pescoço, outros se aproximavam ameaçando perfurar o corpo de Daniel!
Felipe viu que a diretora ia fincar os tentáculos na cara de Daniel, e que Daniel estava sufocado, fazendo força para se livrar dos tentáculos do Tyrant, então Felipe se levantou e começou a correr em direção deles! Daniel não conseguia respirar, os tentáculos apertando fortemente seu pescoço, foi quando Felipe se jogou pra cima da Tyrant, agarrando o monstro! Felipe caiu no chão junto com o monstro. Felipe não hesitou, e com o punho fechado, acertou o lugar que deveria ser o queixo da diretora, com um soco que fez doer seu pulso.
O monstro gritou e jogou Felipe longe, Felipe caiu de costas e bateu a cabeça na areia molhada da praia! Chovia muito forte, e o sol quase não aparecia, aparecia fracamente sob as nuvens escuras, e eles podiam ver lá em cima do barranco o aeroporto completamente detonado, e a preocupação com Bruno e os amigos já invadia os pensamentos deles...
Daniel não conseguia correr, pois não tinha ar suficiente, o máximo que conseguia era arrastar os pés pra caminhar. Daniel virou de costas e começou a tentar se afastar! Eram muitos acontecimentos loucos nos últimos minutos, e eles já não conseguiam mais raciocinar direito! Em outro momento, Daniel saberia que naquelas condições não poderia dar as costas pra um Tyrant!
A diretora caminhava de um modo intimidador, e a cara dela era reconhecível, era quase a mesma cara de quando Felipe e Daniel a encontraram em Gravataí. Felipe se levantou, com sua cabeça doendo mesmo, ele correu até Daniel e o jogou pro lado, pois a diretora esticou os tentáculos como antes, e iria agarrar o pescoço de Daniel novamente! Os dois caíram, e os tentáculos agarraram vento, e isso irritou mais o Tyrant!
O monstro só virou o braço pro lado, e bateu na barriga de Felipe, que saltou vários metros, caindo de costas novamente! Felipe viu Daniel se arrastando no chão, aos pés da diretora, que caminhava se aproximando dele lentamente.
- Dani! Pra água! Corre pra água! – Felipe gritou junto com uma tossida dolorida.
Daniel se arrastava de costas no chão, olhando diretamente no Tyrant em cima dele! Ele se levantou, se virou novamente, e pulou pra dentro d’água, sentindo suas feridas doerem mais do que nunca, pois o sal da água penetrava os machucados profundos, mas agora não era aquilo que importava.
Felipe chegou a olhar em volta pra ver se achava algo pra usar como arma, mas infelizmente eles estavam num lugar onde só tinha areia e água. O Tyrant ignorou Daniel depois que ele entrou na água, então o monstro se virou, agora apontando os olhos horríveis pra Felipe que estava caído no chão, e soltou um rugido que com certeza foi ouvido muito de longe!
- Vem pra cá, cara! – Daniel gritou também, agora sabendo que o monstro não entraria na água com eles.
A água estava na altura do peito de Daniel, mas se fosse preciso pra fugir do monstro, ele entraria bem mais fundo, mesmo não gostando de nadar, que nem Felipe.
Felipe tentou se levantar, o Tyrant do Colégio Dom Feliciano já a dois ou três metros dele, o Tyrant rugiu de novo, e apontou o tentáculo para Felipe, mas antes que ele atacasse Felipe, de repente sangue começou a jorrar de todo o corpo do Tyrant, e um barulho ensurdecedor tapava todos os outros sons! Ele e Daniel olharam para o alto, e viram o helicóptero, e dentro dele, Robson segurando com vontade o gatilho da sua metralhadora giratória, fazendo o Tyrant gritar de dor, até que soltou um grito final e poderoso, e caiu para trás, com a cara agora totalmente desfigurada pelas balas calibre #50 da metralhadora!
O helicóptero estava pousando na praia, Mateus e os outros já pulavam de dentro dele antes mesmo do pássaro chegar ao chão, Daniel já estava quase fora da água, mas Felipe estava fraco, e caiu ao lado do corpo do Tyrant morto que era a diretora, e Felipe não viu mais nada.
N N N
Felipe acordou e ouviu o barulho de alguém falando. Ele custou a perceber que era uma televisão. Estava passando uma notícia que por acaso chamou a atenção de Felipe:
-... A perícia já está investigando a explosão que aconteceu na Ilha Grande Inágua, no complexo de ilhas de Bahamas, onde um suposto aeroporto abandonado explodiu. Houve também um incêndio bem grave na floresta que existia em volta do lugar, mas não se sabe se o incêndio aconteceu antes ou depois da explosão. O incêndio poderia ter sido causado pela explosão, ou ter causado a explosão. Moradores afirmam que o incêndio deve ter acontecido antes, e que foi ao nascer do sol, mas se foi assim mesmo, o que será que causou uma explosão. O lugar era abandonado a anos, e não havia nada que pudesse explodir, nada que causasse uma explosão tão grande, capaz de ter destruído totalmente o velho aeroporto. Os investigadores não afirmam que terão respostas, pois tudo foi totalmente incinerado. Não sobrou nada, e não se sabe se houve algum sobrevivente, ou até mesmo se alguém esteve lá. Acredita-se que não havia ninguém lá, pois até agora nenhum corpo foi encontrado, a não ser que tenha sido totalmente destruído com a explosão. Aguardamos mais informações...
-... Vem, vem, ele tá acordando! – Felipe ouvia a voz de alguém repetindo aquilo, a voz de Mauro talvez.
Felipe e olhou em volta com atenção e calma. Ele estava em um quarto de hospital, vários aparelhos em volta dele, ele estava recebendo soro diretamente na veia, Felipe estava usando roupa de paciente, e estava em baixo de um lençol. Ele estava confuso.
 Ele olhou pro lado, e viu Daniel dormindo na cama ao lado, e no mesmo estado de Felipe, recebendo soro, com vários aparelhos em volta, e cheio de curativos.
Felipe viu Mauro trazendo os outros pra dentro do quarto, todos demonstrando caras felizes por verem Felipe acordar. Entraram também Alyssa, Andre, que também parecia estar feliz, e não com aquela comum cara de malandro dele, os dois com vários curativos, Mateus e Wender, que também estavam com alguns curativos, e Wender com gesso num braço, e por último entrou Robson, o risonho piloto. Mauro estava sorrindo, mas tinha vários arranhões fortes na cara, certamente deixariam cicatrizes.
Mas na verdade todos haviam se machucado muito.
Felipe estava confuso, e com medo. Com medo por causa de Bruno. Ele não viu ninguém entrar depois de Robson, e quando Felipe olhou para a cama do seu outro lado, viu que ela estava vazia. Felipe também ficou mais confuso quando lembrou que tinha sido mordido por zumbis. Como ele foi curado? Será que Bruno realmente morreu?
- E aí, Selo...
- Cadê o Bruno? – Felipe falou rápido, já tentando se levantar, mas Mateus e Robson lhe impediram.
- Bom, quando o aeroporto explodiu... – Wender começou a falar pausadamente, olhando na cara de Felipe. – Bruno acabou ficando lá dentro.
- Quê!? – Felipe exclamou tentando se levantar de novo, e sendo impedido de novo, e ele nem percebeu que lágrimas caiam de seu rosto.
- É. Vocês dois saíram de lá, mas Bruno acabou ficando lá dentro, junto com o Capitão André.
- Como vocês já sabem do Capitão André?
- Ainda a pouco Daniel estava acordado, e nos contou tudo. Ele contou que vocês se separaram de Mauro, Alyssa e André...
- É Andre. – corrigiu o garoto brabo, pois a maioria das pessoas falavam seu nome errado.
-... Ele contou que vocês fizeram perguntas à um agente, - continuou Wender sem tirar os olhos de Felipe. – e que depois encontraram o cientista e o Endo Oono, e que foram eles que iniciaram a autodestruição, e depois fugiram por um elevador de emergência. Daniel também contou que o Capitão André estava transformado em um Tyrant. Uma pena. Nós fomos lá por ele e...
Wender não pôde esconder as lágrimas escorrendo.
-... Bom, Daniel disse que vocês dois conseguiram sair de lá, e caíram na praia, mas Bruno ficou para trás, junto com o Capitão André, e que o outro Tyrant caiu na praia com vocês. Por sorte nós chegamos, e mais ninguém morreu. Bem, e como vocês dois estavam muito mordidos e feridos, na hora em que chegamos lá vocês caíram desmaiados. Vocês quase entraram num coma. Todos nós se machucamos, mas o estado de vocês estava bem pior. E não se preocupe com as mordidas que levou, pois Alyssa, Andre e Mauro encontraram uma maleta com algumas amostras do antivírus, e logo que encontramos vocês na praia usamos o antivírus em todos vocês. É, o mundo não é só feito Fe flores... Bom, depois trouxemos vocês pra esse hospital, e fazem quatro dias que vocês estavam dormindo.
Felipe não tirava Bruno da cabeça.
- Mas... E os outros? – ele perguntou.
- Somente eu e Mateus sobrevivemos, pois Robson nos salvou.
- Droga! Bruno...
Felipe estava muito abalado pelo fato de Bruno ter ficado pra trás. E agora! O que ele diria a família deles? Como reagiriam com a notícia? E Bruno era mais irmão do que amigo!
- Olha as minhas queimaduras! – Mauro disse erguendo a camisa e mostrando manchas vermelhas começando a cicatrizar por toda sua barriga e peito; e ele falava rindo, como se fosse uma coisa muito legal.
- Mas e agora? A FEAU... – Felipe não sabia nem o que perguntar primeiro.
- A Umbrella pensa que acabou de vez com a FEAU, mas nós estamos aqui, todos nós aqui fazemos parte da FEAU. – Wender falava com determinação, e suas lágrimas demonstravam o ódio que Wender tinha cada vez que um agente da FEAU morreu ao seu lado.
- É isso aí! – Robson gritou erguendo uma mão, e soltando uma risada feliz.
- Nós vamos ficar aqui mais uns dias até vocês se recuperarem melhor, e depois vamos dar um jeito de voltar pro Brasil, porque o nosso helicóptero foi um pouco danificado e não está em condições de voar, mas eu tenho que levar vocês para casa.
- Pro Brasil! Onde a gente tá?
- Num hospital qualquer na Venezuela. – respondeu Alyssa, que estava de braços cruzados, e com a cara vermelha de tanto chorar ultimamente; ela também parecia estar bem triste com o fato de Bruno ter morrido.
Felipe estava se acalmando, e só agora percebeu que Alyssa, Mauro e Andre também estavam cheios de curativos. Eles com certeza passaram por maus bocados no lado que eles andaram do aeroporto.
- Pelo menos conseguimos algumas informações valiosas. – falou Mateus, que já estava encostado na parede, com as mãos nos bolsos da calça.
- Como assim? – Felipe perguntou.
- Alyssa e Mauro encontraram umas fichas nos laboratórios daquele lugar dos infernos. – Wender disse pegando de Robson as tais fichas.
Ele entregou as fichas a Felipe, e Felipe começou a olhar rapidamente cada uma, não era uma boa hora para ler. Mas realmente eram informações importantes.
Eram cinco fichas, em pranchetas. A primeira era de Angelina Helena Pool. Havia uma foto dela de perfil, com a mesma aparência que ela tinha quando eles a conheceram. Falava na ficha que ela era a responsável pelo Projeto Empresa Dados, e pelo treinamento e todo o resto da equipe GTED (Grupo Tático Especial Dados). Falava que ela era de São Paulo, que tinha faculdade de direito completa, e o resto Felipe deixou para ver depois, e já passou para a próxima.
A segunda ficha era de Endo Oono. Na sua foto podia-se ver que estava de terno, e estava sério como quando Felipe o viu no nível quatro. Na ficha dizia que ele era da Coréia do Norte, tinha várias faculdades completas, vinha de família muito rica, tinha envolvimento com política, falava muitos idiomas, e até onde Felipe leu, dizia que ele era o responsável pelas ações da Umbrella na Capcom, responsável pela economia e finanças da Umbrella, ou seja, era ele que cuidava do dinheiro da Umbrella, que ele era o responsável pela contratação de cientistas, e outros tipos de trabalhadores da Umbrella, e que ele era o “fiscal de BOWs”. Era ele que fazia de tempo em tempo uma fiscalização em todas as bases da Umbrella, para ver se todos os empregados estavam fazendo o seu trabalho direito.
A terceira ficha tinha a foto de um homem bem forte, com cabelo castanho escuro, olhos verde escuro, uma barba cerrada, sobrancelhas grossas, uma cicatriz em forma de X na bochecha, pele bronzeada, um porte sério, um porte de soldado realmente, ele parecia ser bem forte, e o nome era Jack Vandal. Ele foi o soldado que falou no celular com o cientista, Felipe se lembrou do nome que o cientista pronunciou; Jack Vandal. Dizia que ele era brasileiro, do Rio de Janeiro, tinha descendência da Polônia, tinha muitas medalhas e reconhecimentos no exército por missões completadas com sucesso. Ele era do exército brasileiro, mas seu trabalho era reconhecido mundialmente. Ele sabia lutar várias artes marciais, e era o responsável pela contratação e treinamento de seguranças, agentes de batalha, e qualquer outro tipo de empregado para a Umbrella. E também dizia que ele era um dos responsáveis pelo arsenal da Umbrella, ele e vários outros que não eram citados na lista tinham o dever que conseguir armamento e munição para a Umbrella.
A quarta ficha na mão de Felipe tinha a foto do cientista maluco que causou a morte de Bruno. Seu nome era Mario Bittencourt, ele era Português, mas já foi casado com uma brasileira, que foi assassinada depois de três anos de casamento com ele. “Certamente o desgraçado que a matou”, foi a primeira coisa que veio a cabeça de Felipe. O cientista era o Pesquisador-Chefe nas bases na América do Sul, o que significava que havia mais bases da Umbrella na América do Sul. Ele era formado em botânica, biologia, e várias outras áreas parecidas. Ele já deu aula em universidades na Europa, falava vários idiomas, e era um dos cientistas responsáveis pela Série-Tyrant, mas nenhum outro nome era citado na ficha.
E a última ficha estava sem foto. Parecia ser bem velha, pois estava com manchas e buracos de traças, e isso podia significar que essa pessoa estava na Umbrella a muito mais tempo. Seu nome era Niko Montana. Era americano, foi casado várias vezes, não tinha mais família, todos mortos, dizia que ele já foi jogador de Baseball profissional nos Estados Unidos, agora ele trabalhava legalmente como vendedor de carros na Califórnia, mas para a Umbrella, ele era o responsável pelas compras e vendas da Umbrella no mercado negro. Na ficha dele não dizia mais nada, mas as poucas linhas já eram muito importantes. Com certeza, o mercado negro e a Umbrella significavam o contrabando de vírus pelo mundo. Se fosse isso mesmo, com certeza alguma outra empresa também estava contribuindo com a Umbrella.
Em nenhuma das fichas falava algo sobre bases ou sedes da Umbrella, nenhum outro nome era citado, nada mais mesmo. Talvez da próxima vez eles tivessem mais sorte, e encontrariam informações sobre algum lugar pertencente da Umbrella, nomes mais importantes na Umbrella, ou até mesmo os planos deles.
Bom, das amostras do antivírus que eles ainda tinham, Wender disse que ficaria com elas, e daria um jeito de multiplicá-las, fazer mais amostras. Wender também disse que levaria algum tempo até eles conseguirem mais alguma informação sobre a Umbrella, e eles não tinham nenhuma condição de entrar em ação de novo. Wender falou que levaria eles pra casa quando se recuperassem mais um pouco, e que não era pra eles ficarem procurando ele, Wender disse que procuraria eles, um por um.
Com a morte de Bruno, Felipe e os outros estavam muito irritados e determinados em relação à Umbrella, mas no fundo todos esperavam que não acontecessem mais contaminações do T-Vírus, e que eles tivessem bastante tempo para descansar e chorar até entrarem em combate com a Umbrella novamente. Eles queriam muito ter um bom tempo de descanso para voltar à rotina anti-Umbrella, e voltar a ter uma vida normal logo. Eles queriam ter um longo tempo para tentar esquecer tudo aquilo, fazer outras coisas, seguir uma vida normal como sempre foi antes de 2009, e tentar esquecer por um tempo que a Umbrella existe, e torcer também que a Umbrella esqueça de vez que eles existem. Alguns anos sem Umbrella seria ótimo...
Foi muito bom pra eles conseguir amostras do antivírus, nomes e informações de pessoas importantes dentro da Umbrella, ainda mais logo depois do bombardeio que a Umbrella fez contra a FEAU, mas era muito ruim saber que de TODOS os agentes da FEAU, somente eles ali que continuaram vivos, e era pior ainda saber que o Capitão André morreu, e pior ainda saber que Bruno Pereira morreu junto, talvez até tenha sido morto pelo Capitão André... Mas agora eles tinham certeza, tinham certeza de que fariam a Umbrella feder a esgoto, e ver a Umbrella se acabar de vez, de frente pro mundo e pra mídia! Eles sabiam que um dia iam vingar a morte de todos os agentes da FEAU que morreram em batalhas contra a Umbrella e por todas as pessoas inocentes que acabaram sendo infectadas por causa dos planos desconhecidos, porém muito IDIOTAS da Umbrella.
Felipe se deitou de novo, tentando pensar em outra coisa para não voltar a chorar pela morte de Bruno, e todos estavam saindo do quarto, Alyssa chorando bastante também, Wender com as fichas na mão, todos cheios de machucados, e quando Felipe se virou pra tentar adormecer, Daniel bocejou enquanto acordava, e falou:
- Mãe? Já ta na hora do café?
By Felipe Selister CaBeÇa

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